Naquele
domingo em que a Globo entrou em estado de mobilização desde o
alvorecer só faltou aparecer alguém com aquele cartaz para as câmeras:
"FILMA EU, GALVÃO". Foi de longe o uso mais escancarado de uma
concessão pública para fins políticos desestabilizadores. Algo sem
precedentes, mesmo comparando com o apoio mútuo da empresa quase
monopolista com a ditadura militar, cujos crimes acobertava em troca das
benesses para o seu vertiginoso crescimento.
O
evento saiu pela culatra. Os "cabeças" de mobilizadores "laranjas",
abortados no mundo fácil do Facebook, prometiam a quem os financiava
botar 5 MILHÕES de brasileiros no rabo de foguete do IMPEACHMENT. Ao
contrário, o direcionamento malicioso para um produto político
transgênico afastou a maior parte dos que se manifestaram nos idos de
março. A ficha começou a cair e a explicitação das intenções golpistas, em que o gorila Bolsonaro discursou e foi chamado de presidente, se converteu de um prenúncio fatal em relação a outras trapaças. Deu chabu, viram todos, gregos e
troianos, da mesma forma como murcharam os protestos populares de 2013
por conta da porra-louquice dos depredadores de vidraças.
O
projeto de golpe revanchista se alimenta de fatos novos, devidamente
manipulados. O juiz Sérgio Moro, de uma comarca federal que, em
princípio, não tem nada com o peixe, determinou a prisão do tesoureiro
do PT, João Vaccari Neto, sob a alegação de que, solto, ele poderia
atrapalhar as investigações. Tão suspeitos como ele, os presidentes do
Senado e da Câmara Federal, que encabeçam um dos três podres poderes, permanecem na crista da onda, desafiando a Polícia Federal e ganhando decoração do Exército pelas mãos da própria. Tem lógica?
Sua ordem, mostrando o prócer petista algemado, causou impacto e
foi saudada por amargos ouriçados. O primeiro porta-bandeira midiático
do projeto do impeachment, aquele se entrou pra academia sem que
conhecêssemos sua veia literária, foi logo dizendo que a coisa estava
ficando insustentável para a chefa de Estado.
Não há dúvida: o pega pra capar é em cima do PT e,
por via, da presidente Dilma Rousseff - por que os demais estão
previamente absolvidos por infusão ideológica. Já não se fala das contas
sujas da Suíça, da roubalheira no metrô de São Paulo, do mensalão
tucano de Minas e até mesmo do ululante espetáculo de corrupção dos sonegadores, mostrado num breve ensaio pela "OPERAÇÃO ZELOTES".
Daí
a manipulação midiática de uma decisão do Tribunal de Contas da União
sobre uma prática bancária que sempre existiu, mesmo depois da Lei de
Responsabilidade Fiscal, em vigor desde 2001. Mais uma vez os
instrumentos vocais da orquestração golpista acharam chifres em cabeças
de burro. Viram ali a brecha legal para alimentar um pedido de
impeachment de Dilma, que sequer foi relacionada para os esclarecimentos
cobrados pelo TCU.
É um jogo pesado e eu mesmo não sei onde vai dar. Por que tem muito chumbo grosso e
uma enorme variedade de buchas de canhão. Tem fogo inimigo, mas há
digitais de fogo amigo. Tem um esquizofrênico convencido de que daqui a 4
anos já não vai dar para ele: pela lógica, o governador de São Paulo é o primeiro da fila. E
ele, o esquizofrênico, que já saiu desmoralizado com as derrotas nas
alterosas, ainda corre o risco de não permanecer à tona: senador por
Minas Gerais, despreza os conterrâneos e fixou residência numa badalada praia do Rio de Janeiro.
Independente da insatisfação com os recentes erros e concessões infelizes da presidenta e
de entender parte da irritação de muitos como resultado dos métodos
sectários do PT, não podemos deixar que o projeto golpista prospere.
Derrubar um chefe de Estado por vias legais presume premissas bem explicitadas na Constituição e na Lei do impeachment. Fora disso, é jogar pesado para manter o governo acuado e agravar uma crise que afeta a todos, coxinhas ou pés de chinelo.
Não se pode esperar sensatez de uma malta de políticos interessados tão somente em beliscar fatias do bolo. Mas aos cidadãos é lícito advertir: UMA COISA É UMA COISA E OUTRA COISA É OUTRA COISA. PARA UM BOM ENTENDEDOR, MEIA PALAVRA BASTA.
Se n
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