segunda-feira, 31 de outubro de 2022

VAMOS DERROTAR O FASCISMO..

Após derrotar o fascismo nas urnas vamos ter que desbolsonarizar o Brasil POR MAURO LUIS IASI Na ausência de uma alternativa revolucionária perante a crise do capitalismo, a polarização se apresenta em um confronto entre a extrema direita e uma frente democrática em torno da centro esquerda. No entanto, o neofascismo vai muito além da personificação de um miliciano como Bolsonaro - e nosso trabalho para resgatar o país dos herdeiros da ditadura está apenas começando. Nossa quarta edição impressa "Ecologia e luta de classes" já está disponível. Adquira a sua revista em nosso plano anual ou compre ela avulsa. Vamos viver um novo ciclo democrático popular Frei Betto, Cauê Seignemartin Ameni e Nathália Urban Uma década após o golpe, a esquerda tem a chance de recuperar o poder no Paraguai Norma Flores Allende e Laurence Blair Os desafios da esquerda após o fim da Geringonça Jorge Costa O retorno da esquerda em Honduras após o golpe Fabio Luis Barbosa dos Santos O método materialista terá que se limitar, frequentemente, a reduzir os conflitos políticos às luzes de interesses entre as classes sociais e frações de classes existentes. Frederich Engels (Prefácio à luta de classes na França de K. Marx) Não há dúvida de que a tarefa principal nesta eleição é derrotar a alternativa fascista. Entretanto, este é um ato de uma peça muito maior. Nossa formação social carrega como cicatrizes as marcas de um passado colonial e escravista que transitou funcionalmente para ordem burguesa na forma de um capitalismo dependente e subordinado ao imperialismo. Sobre este solo histórico, nosso país atravessa hoje a crise do modo de produção capitalista que se expressa em três crises particulares: a crise do padrão de acumulação na produção industrial, a crise do avanço do capitalismo no campo e a formação do grande monopólio agrário e a confluência destas duas crises na chamada crise urbana. O modelo econômico do capitalismo dependente se fundamentava na associação de uma superexploração industrial e uma contínua expropriação no campo, formando massas urbanas expropriadas para alimentar o exército industrial de reserva e a superpopulação relativa e manter baixos os salários. A particularidade da crise presente se dá pelo fato que o atual padrão de acumulação só pode se viabilizar com a intensificação da exploração e altas taxas de desemprego. “O fascismo sempre é a alternativa de um capitalismo em crise, principalmente quando a crise econômica também se expressa como crise política.” Ao mesmo tempo, a concentração da produção no campo e a formação do monopólio capitalista agrário, eufemisticamente chamado de agronegócio, também caminha para o aumento da produtividade e poupança de força de trabalho, aumentando nas duas pontas a expropriação que explode nos centros urbanos de maneira caótica. A raiz da crise Ofascismo sempre é a alternativa de um capitalismo em crise, principalmente quando a crise econômica também se expressa como crise política. Em nosso caso, a República burguesa transitou de uma forma autocrática explícita para uma democracia frágil que pode, no máximo de seu desenvolvimento, se apresentar naquilo que Florestan Fernandes denominou de uma “democracia de cooptação”. Neste cenário, o aprofundamento da crise do capital, aqui e no mundo, acaba se apresentando de maneira particular, isto é, também como a crise da forma política encontrada para gerir a forma peculiar da luta de classes em nosso país. Em outras palavras, a crise econômica se expressa como crise da democracia de cooptação. O espaço ocupado pela ascensão da extrema direita é aquele que representa o limite de uma estratégia de conciliação de classes que se esgotou de forma dramática com o golpe de 2016. O caráter indefinido e em aberto que se apresenta na conjuntura eleitoral e para além dela, se dá pelo fato de que a alternativa de extrema direita não foi capaz de apresentar-se como caminho estável para derrota da centro esquerda conciliadora. Pelo contrário, foi um fator constante de instabilidade política que acabou por prejudicar as condições para a consolidação da pauta do grande capital monopolista. “A crise econômica resulta em um grande ressentimento que faz com que camadas das massas populares sejam capturadas pela ideologia de extrema direita.” O grau de polarização que se apresenta na arena eleitoral resulta de uma profunda divisão das classes fundamentais da sociedade brasileira. Setores do grande capital monopolista percebem o problema do bolsonarismo e passaram para a oposição, como fica evidente pelo principal porta-voz na mídia corporativa, ao mesmo tempo que a crise da estratégia de conciliação combinada com a crise econômica resulta em um grande ressentimento que faz com que camadas das massas populares sejam capturadas pela ideologia de extrema direita. O que parece importante destacar é uma certa simetria nesta polarização. Ambos os lados da fratura que cinde a sociedade brasileira são compostos de segmentos de classe similares: partes do grande capital monopolista (urbano e rural), segmentos médios e setores populares. O que parece diferenciá-los substantivamente, já que o debate econômico fica relegado, é o respeito às instituições democráticas ou a tentação de ruptura. Subordinação da burguesia ao imperialismo Oespelho político nem sempre pode captar o real em suas múltiplas dimensões. Qual seria a razão de parte do grande capital monopolista apostar em uma alternativa que coloca em risco sua própria ordem institucional? Acreditamos que neste ponto a particularidade da formação social brasileira se apresenta decisivamente. A burguesia monopolista brasileira, subordinada e dependente, tem como sua pátria, o capital e como seus valores aqueles que podem acumular em suas contas bancárias. Não há nenhum vínculo remotamente nacional, seja com instituições, seja com o povo ou qualquer outra abstração que a teoria política possa apresentar. Sua existência subordinada ao imperialismo se funda na exploração brutal de uma parte da classe trabalhadora e em uma ordem econômica cuja dimensão não extrapola a produção, a circulação e o consumo necessários à manutenção de suas taxas de lucro. A reprodução da força de trabalho, que já foi uma condição essencial para a saúde da acumulação de capital, se torna um empecilho que desvia recursos do Estado, que passa a ser essencial no metabolismo do capital. O fundo público tem que ser saqueado para manter a saúde do capital financeiro e os subsídios às outras franjas do capital monopolista na indústria, agrário, comercial e outros. “O crescimento da extrema direita não é um acidente ou uma anacronia, mas uma resposta adequada e eficiente à natureza da crise do capital.” A massa sobrante tem que ser mantida em ordem pelos aparatos policiais e por medidas compensatórias que não comprometam a saúde financeira do Estado. Nada disso seria possível sem uma intensificação da dominação ideológica. Olhando por este ângulo, o crescimento da extrema direita não é um acidente ou uma anacronia, mas uma resposta adequada e eficiente à natureza da crise do capital nas condições de uma formação social com um capitalismo monopolista altamente desenvolvido, dependente e subordinada ao imperialismo. Consciência cínica da classe dominante Marx e Engels diziam com razão que as ideias dominantes são as ideias da classe dominante, mas o nosso bloco dominante, se há muito já apresentou valores liberais da igualdade, liberdade e fraternidade, a ordem burguesa no Brasil e a brutal concentração da propriedade só pode se apresentar como oligárquica, com justificativa de seus privilégios e tem suas margens de lucro na miséria das maiorias. Nosso padrão de acumulação atual, prescinde de dezenas de milhões. A carcaça da forma dos valores que precisam se manter ideologicamente só podem carregar como substância a desigualdade, o preconceito, o racismo, o patriarcalismo e a lgbtfobia. Por dentro de cada burguês ou sua filial pequeno burguesa no Brasil existe um senhor de escravo e uma coronel. “Não por acaso a religião, principalmente na forma de empresas que exploram a fé visando lucros, assume um papel decisivo como aparelho ideológico.” A ideologia assume, como cabe em uma época de crise, a forma de uma “ilusão consciente” de uma “hipocrisia proposital”, ou naquilo que Zizek denomina, seguindo as pistas de Marx, de uma consciência cínica. As mediações de uma ideologia na forma de uma consciência cínica, de uma hipocrisia proposital, não pode ser a ciência, a educação, o amoldamento à ordem institucional, precisa se fundamentar no irracionalismo, nos impulsos atávicos e primitivos, na fé. Não por acaso a religião, principalmente na forma de empresas que exploram a fé visando lucros, assume um papel decisivo como aparelho ideológico. Portanto, a polarização eleitoral é muito mais que uma guerra de máquinas eleitorais e de bases de apoio, é a expressão de uma formação social que encontrou seu ponto de fratura. Na ausência de uma alternativa revolucionária, a polarização se apresenta como um confronto entre a extrema direita e uma frente ampla em torno da centro esquerda. Diante disso, não resta dúvida, que os comunistas e socialistas devem cerrar fileiras para derrotar a alternativa que aponta para o fascismo na arena eleitoral. No entanto, se estivermos certos em nosso diagnóstico, a extrema direita vai muito além da personificação em um miliciano estúpido, suas raízes na crise do capital e suas expressões na institucionalidade burguesa ainda se manterá como força política e continuará exigindo nosso enfrentamento, seja qual for o resultado das eleições. Sobre os autores MAURO LUIS IASI é professor aposentado da ESS da UFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de estudos e pesquisas marxistas), educador popular do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB.

A TÁTICA FASCISTA.,

Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é POR LUÍS EDUARDO FERNANDES Desde os 1950, com a criação da Petrobras, o discurso anticorrupção se tornou a principal bandeira da direita na sua tentativa de derrubar governos democráticos para sabotar a soberania do país. Mas é justamente a direita que, historicamente, se beneficiou mais com os casos de corrupção e a impunidade seletiva. Por isso, trouxemos 10 fatos incontestáveis parar derrubar este mito de que a esquerda é mais corrupta. Nossa quarta edição impressa "Ecologia e luta de classes" já está disponível. Adquira a sua revista em nosso plano anual ou compre ela avulsa. Se você gosta da democracia, você deve se opor ao capitalismo Matt McManus Se você odeia o Bolsonaro então vai amar o socialismo Aline Klein e Victor Marques O capitalismo está fazendo você se sentir solitário Colette Shade Tudo o que você sabe sobre a Ucrânia está errado Volodymyr Ishchenko e Branko Marcetic Na história recente do Brasil, desde 2013, a anticorrupção se transformou na principal bandeira político-ideológica na ascensão das direitas e suas diversas ramificações. Nas eleições de 2022, a candidatura de extrema direita, representada por Jair Bolsonaro, se utiliza desse discurso para conseguir votos de eleitores antipetistas. Por isso, precisamos desmistificar a ideia de que os governos petistas foram os mais corruptos da história republicana do Brasil. Tais fatos não excluem a possibilidade de críticas a esses governos, seu modelo de governabilidade, políticas econômicas e métodos de negociação. No entanto, a ideia de que Lula e o PT são os “grandes criadores da corrupção no Brasil” é um mito que originou Bolsonaro, fortaleceu a Lava Jato e legitimou o desmonte de uma série de políticas de desenvolvimento econômico e social no país. As origens históricas da anticorrupção No Brasil, a anticorrupção como discurso funcional para as direitas se fortaleceu nos anos de 1950. Sumariamente, nessa época, se debatia no Brasil entre as diversas forças políticas e sociais a viabilidade de um desenvolvimento capitalista inclusivo socialmente, democrático e que pudesse superar o subdesenvolvimento. A anticorrupção foi a bandeira aglutinadora contra a criação da Petrobras, o monopólio estatal da exploração do petróleo, desenvolvimento industrial, protagonismo do Estado como agente econômico e, principalmente, a participação de forças populares e sindicais na vida política brasileira. A oposição de direita aos governos de Vargas, Kubitschek e Goulart se utilizavam dessa pauta. Em 1954, por exemplo, a União Democrática Nacional (UDN) liderou uma série de denúncias contra a “generalização de práticas de corrupção” no governo Vargas. Essas denúncias eram o “carro-chefe” de uma das primeiras tentativas de golpe civil-militar, articulado entre forças empresariais, parte das Forças Armadas e políticos de direita, respaldados pelo governo dos EUA. O suicídio de Vargas, como declarou Tranquedo Neves, adiou em 10 anos o intento golpista dos militares. A hipocrisia da ditadura militar Além do dito “combate ao comunismo”, a Ditadura Civil-Militar brasileira prometeu “combater a corrupção” e trazer uma era de decência para o país. Durante o governo de Castelo Branco, instaurou-se mais de 1.100 Inquéritos Policiais-Militares (IPM´s) para investigar possíveis casos de corrupção. Na prática, tais inquéritos apenas serviram para a perseguição e cassação de direitos políticos de lideranças de centro direita, até então apoiadoras do golpe, como o próprio Juscelino Kubitschek e Ademar de Barros. Além do “combate seletivo”, a Ditadura amplificou a grande corrupção como instrumento político e econômico para fortalecer os processos de oligopolização da economia brasileira. Por exemplo, as grandes empreiteiras, investigadas pela Operação Lava Jato, ganham dimensão nacional e internacional através de relações privilegiadas com o governo militar. Segundo o historiador Pedro Henrique Campos, a Camargo Corrêa, por exemplo, em nome das boas relações com os militares chegou a financiar o terrorismo de Estado e até operações contra agrupamentos da esquerda armada e democrática, como a Operação Bandeirantes. Corrupção na Petrobras não começou em governos petistas Em 1989, a reportagem assinada pelo jornalista Ricardo Boechat venceu o prêmio “Esso de Reportagem” daquele ano. O tema? Um caso de corrupção envolvendo o general da ativa Albérico Barroso Alves, presidente da BR Distribuidora. O general havia nomeado auxiliares que tentaram extorquir banqueiros em troca da manutenção das contas da maior distribuidora de derivados do petróleo do país em seus bancos. Além disso, em diversas delações da própria Lava Jato e acordos de leniência, como o da Setal Engenharia e Construções com a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG-Cade), contam que as empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato já operavam em cartel nas licitações da Petrobras desde o final dos anos 1990. A corrupção não quebrou a Petrobras Segundo dados divulgados pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), os casos de propina envolvendo a Petrobras somam mais de 6 bilhões de reais. A despeito da alta cifra, esses números representam 7% do faturamento total da empresa. A Petrobras, até então, se tornava um dos maiores conglomerados petrolíferos do mundo. Segundo dados do INEEP, os investimentos da empresa saltaram de 9 bilhões, em 2004, para 55 bilhões em 2013. Processo que gerou milhares de empregos diretos e indiretos e desenvolvimento industrial e científico que possibilitaram a descoberta e a exploração do pré-sal. Além disso, institucionalizou-se o fundo social do pré-sal a fim de aumentar o financiamento público do SUS e da educação pública. Os maiores beneficiados pela corrupção na Petrobras foram os aliados de Bolsonaro Políticos e dirigentes petistas se envolveram com o pagamento e recebimento de propinas para “caixa 2”, isso não deve ser negligenciado. No entanto, os maiores beneficiados pelos casos de corrupção da Petrobras foram políticos e partidos do chamado “Centrão” e da centro direita. Políticos do MDB apoiadores de Bolsonaro, como Eduardo Cunha e Michel Temer, PSDB, PP e PL (ex-partido e atual partido do presidente). O atual ministro da Casa-Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira, foi um dos principais envolvidos nesses esquemas segundo as próprias investigações. Um dos motivos para a queda de Dilma Rousseff, segundo diversos analistas, foi sua tentativa de desmontar esses esquemas de corrupção institucionalizada no aparato estatal brasileiro, na Petrobras e em Furnas, por exemplo. Algo que encontrou um grande inimigo: Eduardo Cunha. O modelo de combate à corrupção da Lava-Jato é seletivo As investigações da Operação Lava Jato, em especial de seu núcleo de Curitiba, foram extremamente seletivas com dois objetivos: 1) Acelerar o processo de impeachment do governo Dilma; e 2) Prender Lula e retirá-lo da corrida eleitoral de 2018. Essa seletividade foi comprovada pelo vazamento de mensagens entre o ex-juiz, atual senador do Paraná, Sérgio Moro, e os procuradores da força-tarefa. Além disso, a participação de Moro como ministro de Bolsonaro, a construção de uma corrente política lavajatista na cena eleitoral de 2022 e o apoio militante dessa corrente para Bolsonaro são algumas provas dessa seletividade e orientação política. O modelo de combate à corrupção da Lava-Jato é antinacional e neoliberal Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Rodrigo Janot e outros expoentes da Lava Jato tiveram parte de suas formações acadêmicas e políticas nos EUA. São entusiastas das legislações e do modelo de combate à corrupção imposto por Washington ao redor do mundo. Para eles, o Estado é o grande promotor da “grande corrupção”. Quanto mais políticas de desenvolvimento e sociais, protagonizadas pelo Estado, pior. A origem dessas concepções estão em doutrinas estadunidenses sobre a “modernização” e, mais recentemente, sobre os “caçadores de rendas” (rent-seeking) nos países subdesenvolvidos. Os servidores públicos e a atuação política, social e econômica do Estado são os grandes suspeitos de corrupção. A solução? Privatização e fortalecimento da “mão invisível do mercado”. Desse modo, os agentes lavajatistas lutaram para que o Brasil adotasse uma série de legislações e práticas importadas dos EUA. No entanto, essas práticas e legislações nem sequer são praticadas naquele país e serviram, no Brasil, apenas para criminalizar políticas de desenvolvimento nacional, como o protagonismo da Petrobras na exploração do pré-sal e a política de conteúdo nacional dessa empresa. Modelo de combate à corrupção da Lava-Jato fortalece sentimento antipolítica Nessa perspectiva, a “arena pública” seria um espaço “corrupto” e “sujo”. O “setor privado” é “limpo” e “competitivo”. Desse modo, a anticorrupção seria um instrumento para “salvar democracias”, visto que o voto popular seria incapaz de não eleger “corruptos”. Esse discurso fortaleceu o sentimento antipolítica que viabilizou o crescimento da extrema direita em vários países, na América Latina são exemplos o Brasil, Peru, Guatemala, Honduras e Argentina. De fato, a fraqueza das democracias representativas deve ser criticada. No entanto, a mera negação da política abstrai determinações mais complexas como as de classe social, gênero, raça, dentre outras. Privatizações geram mais corrupção Ao contrário do que se vincula na mídia, os maiores casos de corrupção da história brasileira ocorreram na década de 1990, principalmente por meio da privatização de empresas e bancos públicos estratégicos. O caso do BANESTADO, banco paranaense, foi emblemático. Estima-se que mais de 30 bilhões de reais foram enviados para o exterior, por meio de uma conta CC5. Esse dinheiro seria oriundo de propinas pagas pelas privatizações e envolveriam os principais agentes políticos e jurídicos da república. Lula é inocente sim Além da votação no STF que declarou a suspeição do julgamento do ex-juiz, Sérgio Moro, sobre os casos envolvendo o ex-presidente Lula, ele foi absolvido e declarado inocente em 26 processos judiciais. São eles: 1) caso Triplex do Guarujá, 2) caso do sítio de Atibaia, 3) Tentativa de reabrir o caso do sítio de Atibaia, 4) caso do terreno do Instituto Lula, 4) caso de doação para o Instituto Lula, 5) ”Quadrilhão do PT”, 6)”Quadrilhão II”, 7) caso Delcídio, 8) caso terreno do Instituto Lula, 9) caso Palestras do Lula, 10) caso da lei de Segurança Nacional, 11) caso filho do Lula, 12) caso irmão do Lula, 13) caso sobrinho do Lula, 14) caso “Invasão do Triplex”, 15) caso “Carta Capital”, 16) Caso “Angola”, 17) Caso “Guiné”, 18) Caso “MP 471”, 19) caso “Costa Rica Léo Pinheiro”, 20) Caso “Reabertura do Sítio de Atibaia II”, 21) caso “Sonegação de Impostos”, 22) caso dos “Filhos do Lula”, 23) Arquivamento do “Caso Triplex”, 24) caso “Caças Gripen”, 25) caso “Obstrução de Justiça” e 26) caso “Ministrão”. Infelizmente, uma das maiores fake news nesta eleição é a associação entre esquerda e a grande corrupção. A corrupção sempre foi um dos principais instrumentos para o desenvolvimento das relações entre Estado e mercado no capitalismo no Brasil. Trata-se de um problema complexo, o trato moralista sobre essa questão apenas é funcional para perpetuar tais práticas. A esquerda pode ir para ofensiva também nesse debate com algumas diretrizes: 1) Neoliberalismo aprofunda as práticas antidemocráticas e de corrupção. 2) O fortalecimento do controle social da arena pública e a atuação coordenada do Estado é parte da solução, não um problema. A defesa do orçamento público e participativo, dos conselhos democráticos para a elaboração das políticas públicas e o controle social das empresas públicas são algumas medidas fundamentais nesse sentido. 3) Combate à corrupção é assunto de soberania nacional: casos de corrupção não podem servir para justificar a privatização do patrimônio público e a desestruturação de cadeias produtivas nacionais e postos de trabalho. No modelo lavajatista, o povo trabalhador foi o mais afetado. Os grandes empresários continuaram bilionários, a despeito do aumento do desemprego e desigualdades sociais. Desse modo, o “combate à corrupção” associado a defesa de projetos nacionais de transformação do país, está longe de ser um tema desconfortável para a esquerda, mas é uma questão que desmonta a hipocrisia da extrema direita e seu núcleo neofascista. A extrema direita brasileira e seus aliados do “Centrão” se beneficiam desse discurso a fim de sustentarem a negação da necessidade de construção de qualquer sistema nacional de anticorrupção. A falta de transparência, a “bolsonarização” de parte dos aparatos estatais e o famigerado “Orçamento Secreto” ou “Bolsolão”, apenas reforçam a funcionalidade do “discurso anticorrupção” para, justamente, expandi-la desenfreadamente como instrumento de lucros e acumulação. Portanto, a defesa de um sistema nacional de anticorrupção que tenha o aprofundamento democrático e o controle social da economia pública, o desenvolvimento econômico e social e a soberania nacional como princípios fundamentais é parte das lutas populares da esquerda e a vitória de Lula representa melhores condições para avançarmos nesses debates e conquistas. Sobre os autores LUÍS EDUARDO FERNANDES é historiador e doutor em Serviço Social pela UFRJ, autor da tese “O Imperialismo Legal: os elos entre a Lava Jato e o Imperialismo Tardio no Brasil”, defendida em 2022.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

TODOS COM LULA.

Podemos superar a distopia bolsonarista se Lula continuar mobilizando as massas UMA ENTREVISTA COM SOFIA MANZANO O bolsonarismo se perpetua na sociedade com a falta de esperança e perspectiva de futuro. Mas a juventude e os trabalhadores organizados já mostraram que é possível reverter essa situação. Essa é a opinião da economista, professora e ex-candidata comunista à presidência, Sofia Manzano, nessa conversa que pode sacudir jovens desmotivados com os rumos da política nacional. Nossa quarta edição impressa "Ecologia e luta de classes" já está disponível. Adquira a sua revista em nosso plano anual ou compre ela avulsa. O Chile que deseja superar os limites do possível Gabriel Boric e Joana Salém Vasconcelos Quem é José Antonio Kast, o bolsonarista chileno Fernando De La Cuadra Movimento estudantil baiano mostra como devemos agir diante dos ataques bolsonarista Artur Soares, Lucas Santos, Marina Assumpção e Sofia Schurig Teremos que nos manter mobilizados para superar o totalitarismo neoliberal Nara Roberta Silva UMA ENTREVISTA DE Sofia Schurig e Sofia Albuquerque Obolsonarismo não sumirá com uma derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno. O Brasil precisa ser reconstruído, após quatro anos de um governo fascista que desmontou todos os aspectos do funcionalismo estatal. Este ano, apesar de importantes deputados de esquerda terem sido eleitos, a extrema direita ocupou ainda mais o Parlamento. Enquanto a esquerda corre para se adequar, indo ainda mais para a centro e visando a conciliação, a direita se torna mais extrema. O que tudo isso significará em um novo governo Lula? Para pensar sobre esse possível futuro, que apenas será decidido no dia 30 de outubro, conversamos com Sofia Manzano, economista, professora e ex-candidata à presidência pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Sofia Manzano nasceu em São Paulo, em maio de 1971 e desde cedo atuou na política de massas. Em sua campanha presidencial, Manzano colocou a juventude como prioridade em suas pautas, desde a redução da jornada semanal de trabalho até a criação de políticas fortes para a reparação do meio-ambiente. Algo se torna evidente: a esquerda precisa repensar que futuro quer para a juventude. Militante desde 1989, ela integrou, em 1992, aos 21, o Comitê Central da Reconstrução Revolucionária do PCB. No mesmo ano, com ajuda de outros militantes comunistas, ajudou a reconstruir a União da Juventude Comunista (UJC) e passou a ocupar o cargo na presidência da organização, que estava inerte por conta da ditadura militar. Passou a década de noventa em países latino-americanos e alguns europeus, em busca de contatos internacionais para o partido. Ainda, foi do movimento estudantil e dirigente do Centro Acadêmico Leão XIII, na PUC, participando de múltiplos congressos da União Nacional dos Estudantes (UNE). Ela se formou em Ciências Econômicas na PUC-SP, tem mestrado em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e é doutora em História Econômica pela USP. Desde 2013, Manzano reside em Vitória da Conquista, município baiano, e dá aulas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). SS Nesta eleição para o Parlamento, vimos que a extrema direita ganhou muito mais espaço, enquanto a direita tradicional perdeu. Ao mesmo tempo, a esquerda vai cada vez mais à direita e se adequa cada vez mais. Algumas pautas progressistas essenciais perderam espaço para pautas moralistas, como a questão da legalização do aborto, da descriminalização das drogas ou da renda universal mínima. No entanto, alguns partidos da esquerda radical e setores da centro esquerda tentam resistir. Em partes, isso parece dar certo, ao menos no jogo legislativo. Isso cria um panorama onde a esquerda tradicional está mais de direita, e a direita ainda mais extrema. Gostaria de saber se você concorda com esse cenário apresentado, além de ouvir suas opiniões sobre a nova bancada. SM Ainda é bastante cedo para analisarmos completamente a composição do Congresso, porque fazer parte de uma legenda, de um partido, é muito fluído no Brasil. De fato, o Partido Liberal (PL) elegeu muitos deputados, diversas outras legendas da direita que apoiam Bolsonaro também elegeram e algumas das figuras importantes do bolsonarismo mais reacionário foram eleitas. Entretanto, devemos entender que tudo depende do segundo turno, porque o Congresso Nacional, mesmo após a Assembleia Nacional Constituinte, flutua conforme os objetivos do capital, evidentemente, mas também das possibilidades de ação que o Executivo propicia. Então, enquanto se tem uma bancada de direita, tem um conjunto de lideranças e outros deputados eleitos que ampliaram, digamos, uma pauta de esquerda importante. Como você mesmo disse: alguns deputados do PSOL ou mesmo de outras legendas, que representam, por exemplo, os povos indígenas – poderão ter uma força no Congresso a depender de muitos outros elementos, não apenas a composição do parlamento. “Podemos trazer de volta um conjunto da população que está imerso nessa subjetividade mórbida que o bolsonarismo — uma expressão do fascismo no Brasil.” Não podemos saber exatamente o que vai ser desse Congresso, porque esses deputados do PL, por exemplo, que hoje se elegeram na esteira do Bolsonaro, mudarão para outras legendas e outras posições numa rapidez expressiva, caso Bolsonaro perca no segundo turno. Inicialmente, é difícil já sairmos derrotados desse processo apenas por conta de quem foi eleito para o legislativo. É óbvio que tem uma importância, mas podemos perceber, por exemplo, que um Congresso que seria, teoricamente, menos de direita do que esse, foi o que promoveu o impeachment, o golpe, contra a Dilma. Tudo depende da movimentação das forças políticas, bem para além do Parlamento. SS Bolsonaro está tirando dinheiro de vários órgãos e projetos públicos para o orçamento secreto, em prol de conseguir mais auxílios econômicos, como a PEC Kamikaze e apoio no Congresso. Além disso, temos as milícias digitais, atuando fortemente no compartilhamento e produção de desinformação contra a campanha petista. Na sua opinião, quais serão as principais dificuldades de Lula neste segundo turno, e como a esquerda (tanto a centro esquerda quanto a esquerda radical) poderão se unir para superar tais dificuldades? SM Bom, há vários níveis de dificuldade, mas Lula tem algumas vantagens para vencer a eleição. Ele já saiu com seis milhões de votos na frente. Isso é uma vantagem expressiva e unificou um campo muito grande que percebe a necessidade imediata de derrotar Bolsonaro. Acredito que as principais dificuldades estão nas fake news, em combater elas e ser mais incisivo. Quer dizer, ele também tem outro inimigo interno, digamos assim, no campo da política, a direita liberal no campo da economia, que fica puxando o tempo todo para pautas que prejudicam Lula. Por exemplo, recentemente, o Henrique Meirelles fez um tweet com um fio grande, dizendo da necessidade absoluta de fazer a reforma administrativa para equilibrar as contas públicas. Enfim, toda aquela “conversinha” que sabemos que não tem nenhum fundamento cientifico, mas que a direita quer por que quer a reforma administrativa. A campanha do Lula está a todo momento sendo colocada em cheque, dando vazão pro bolsonarismo expandir ainda mais a sua área de influência. “O fascismo bolsonarista está acionando instintos animais e irracionais na população para vencer a eleição.” Agora, o que mais preocupa hoje, são as fake news, é o discurso irracional que acaba tocando as pessoas de uma forma que é própria do fascismo. Por exemplo, os discursos que a Damares faz, a provocação que Bolsonaro fez na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, tudo isso não é sem querer. Isso é organizado para criar a todo momento uma comoção entre o bem e o mal na população mais fragilizada — sendo que eles se colocam, mesmo fazendo o mal o tempo todo, como os salvadores. Essa é uma dificuldade, mas acredito que o Lula apresenta uma reação importante nisso, que é não menosprezar esse elemento subjetivo e irracional usado nessa campanha. O fascismo bolsonarista está acionando instintos animais e irracionais na população para vencer a eleição. O Lula consegue tentar frear, de certa forma, esses instintos irracionais e não utilizar da mesma estratégia. Acredito ser bem possível ganhar eleição. Você também perguntou: o que temos que fazer para ajudar nesse sentido? É não usar das mesmas estratégias irracionais de combate a esse irracionalismo. Quando se coloca toda uma rede de fake news, um conjunto de elementos de ataques brutais contra a religiosidade — uma ou outra, agora foi o catolicismo — não podemos nos colocar no mesmo patamar para atacá-los da mesma forma. Devemos resgatar na população aquilo que ela tem de racional e humano, isso também envolve um resgate do subjetivo humano que não é irracional, não é essa pulsão de morte que o Bolsonaro resgata na população. Então, qual é esse elemento no meu entender? É a perspectiva que podemos, como humanidade, construir um futuro generoso. Uma humanidade que já produziu, por exemplo, a quantidade de músicas espetaculares que temos, manifestações culturais tão diversas, bonitas e alegres. Resgatando esses elementos, podemos trazer de volta um conjunto da população que está imerso nessa subjetividade mórbida que o bolsonarismo — uma expressão do fascismo no Brasil. Hoje, estava ouvindo algumas músicas, pensando: “Gente, quem já produziu isso, não pode caminhar para o fim da existência humana”. Já produzimos tantas coisas maravilhosas e precisamos resgatar esse sentimento lindo e maravilhoso para trazer de volta o aspecto humano da sensibilidade, porque o bolsonarismo está ativando o aspecto desumano da sensibilidade. SS Na área teórica da comunicação, fazemos muitos debates sobre o que se tornou a comunicação política brasileira, em destaque para a esquerda nas redes. Por exemplo, a esquerda de fato, precisa, chamar Bolsonaro de maçom, enquanto temos 33 milhões de famintos? Por outro lado, é assustador perceber que chamar ele de maçom tem mais efeito do que pessoas comendo osso, por conta dos evangélicos. Mesmo com uma vitória do Lula, presumindo também que Bolsonaro aceite o resultado das urnas, o bolsonarismo não acabará – a direita brasileira foi hegemonizada pelo bolsonarismo, como o republicanismo nos EUA se tornou o trumpista. Como você acredita que poderemos voltar a viver politicamente, no âmbito da militância e do discurso político, com o bolsonarismo ainda ocupando tantos setores da sociedade? SM Independentemente do Bolsonaro tentar dar golpe ou não, isso não vem ao caso. Nós, como atores políticos, pessoas políticas e militantes, precisamos entender que o que permite que o bolsonarismo se crie e perpetue no Brasil é a falta de expectativa no futuro. Os brasileiros, sejam eles os mais jovens ou mais velhos, não veem perspectiva de futuro. Esse fim do horizonte faz que se crie esse ressentimento e a violência. Quer dizer, se não tem futuro, então posso matar o vizinho do lado, sem consequências. A reivindicação que o bolsonarismo faz de uma liberdade irrestrita não é uma liberdade de viver em sociedade, mas uma liberdade de fazer o que quiser e não ser punido por nada, porque quero assim. E isso vemos desde uma discussão de condomínio até falas do próprio Bolsonaro. Então, como enfrentar isso? Há várias maneiras. Primeiro, apresentando uma perspectiva de futuro, um projeto ou programa que comece a empolgar os brasileiros, sobretudo a juventude, para ajudar nessa construção de perspectiva de futuro. Eu, como comunista, volto sempre a dizer que o comunismo é a proposta mais generosa que a humanidade produziu. É uma necessidade ir em busca do comunismo, mas, para isso, temos que nos organizar. Para isso, precisamos estar atuando na sociedade, no cotidiano de nossas vidas. Essa é uma questão. “O bolsonarismo, independente do Bolsonaro, tem outros frentes fascistas que podem ser acionados para fazer brotar essa pulsão de morte decorrente da falta de perspectiva de futuro.” A outra questão diz respeito às lutas pontuais e o movimento que um futuro governo Lula pode gerar na sociedade, que é um programa para a melhora efetiva nas condições de vida objetivas. A vida precisa melhorar para que as pessoas possam ter condições de se organizar, se mobilizar, mas nunca podemos parar de pensar em nossa organização política. É apenas nos organizando e atuando na sociedade que teremos condições de acionar esse futuro. Simplesmente condenar o bolsonarismo, achar ruim, ir votar e acabou, não resolve. O bolsonarismo, independente do Bolsonaro, tem outros frentes fascistas que podem ser acionados para fazer brotar toda essa situação sombria que representa o movimento — essa pulsão de morte decorrente da falta de perspectiva de futuro, de falta de horizonte. Teremos que continuar na luta. Não podemos entregar os pontos e achar que a simples resolução de problemas pontuais enfrentará o fascismo. O fascismo deve ser enfrentado nos dois pontos. Do lado objetivo, das condições materiais, através de condições materiais para que a população viva, mas também dando um sonho, um horizonte, uma utopia. Essa utopia não pode ser o reino após a morte. Ela deve ser construída aqui, e para construí-la, temos que nos organizar, lutar e se desenvolver pessoalmente. SS Há uma classe no Brasil que cobra muito para que Lula prometa realizar políticas neoliberais em seu projeto econômico. Entretanto, se ele fizer isso, não terá como dar a condição de vida material que os brasileiros tanto precisam agora, como você citou. Por exemplo, não há como fazer quaisquer projetos de auxílio social com o teto de gastos sem recorrer a algo como o orçamento secreto. Hoje, a campanha petista promete aos eleitores que, no âmbito econômico, tudo será como 2003. Mas será? Naquele primeiro mandato, Lula não só se aproveitou do cenário econômico mundial, mas teve ajuda de vários economistas dedicados a reconstruir o país, e não sei se essa conjuntura ocorrerá novamente. Em sua visão de professora e economista, o que Lula poderá concretizar no cenário econômico, se eleito? SM Acredito que Lula não terá muitas condições, caso não enfrente contundentemente as limitações dadas na conjuntura brasileira. Entre elas, o teto de gastos, a reforma trabalhista, a reforma do ensino médio. Além disso, há as pressões da grande mídia para que as contrarreformas se aprofundem, como a privatização da Petrobrás e um conjunto de estruturas do Estado. Essas são pautas burguesas, independentemente de estarem na extrema direita, ou compondo a chapa do Lula, porque elas também a compõem. Não é à toa que os economistas liberais e alguns ultraliberais estão apoiando o Lula. Ele terá muitas dificuldades em enfrentar essa pauta econômica ultraliberal e nós vamos ter que ver se esse movimento de ascensão do lulismo enquanto movimento de massas — que tem se demonstrado nos últimos dias em gigantescas manifestações — se perpetuará na defesa dos projetos de Lula para o futuro. Nós, do PCB, rompemos com o governo Lula em 2005 — antes do mensalão, inclusive — porque ele estava abrindo mão de acionar seu potencial político de massas pelos conchavos com a direita. Não só no Parlamento, mas com as forças da burguesia no cenário interno. Então, nós teremos que observar o seguinte: Lula irá continuar com a mesma estratégia de conchavos? Assim como você falou, a conjuntura econômica era diferente naquele período. E de fato era. Por isso, ele tinha ainda mais condições de fazer e resolveu fazer menos do que poderia. Além da conjuntura econômica ter sido muito mais favorável, ele tinha um apoio de massas muito grande por vencer a eleição, um partido organizado e com militância. Se o Lula não acionar esse potencial político de massas, que não é só o número de votos que você teve, o número de votos vira no dia seguinte. É preciso continuar acionando o seu potencial de massas para pressionar os diversos setores internos da burguesia e das facções políticas para encaminhar medidas necessárias. Lula terá um problema muito sério de governabilidade em um curtíssimo espaço de tempo, mas isso não é um problema para a burguesia interna e para o capital. “É preciso ir para a ofensiva da forma que nós mobilizamos a juventude e a classe trabalhadora para ir até ao Congresso e exigir que pautas importantes sejam atendidas.” Desde que começaram as conversas para que Geraldo Alckmin se tornasse vice no passado, cheguei a dizer que essa era a maneira mais fácil do PSDB chegar à presidência da República sem precisar enfrentar o Lula, sendo o próprio vice. Se ele não aproveitar de todo esse conjunto da população brasileira que está depositando essa esperança e confiança para mobilizar essas forças e implementar um programa econômico que não aprofunde ainda mais o projeto ultraneoliberal, ele perderá completamente o apoio que eventualmente consiga ter no Congresso, e nós teremos um Alckmin como presidente da República. SS Me lembro de ter lido o seu plano de governo e de outros candidatos, e o que você menciona sobre a juventude me chamou a atenção, porque seu plano de governo continha algumas propostas únicas. A que teve maior destaque, inclusive na imprensa, foi a redução de jornada de trabalho para 30 horas semanais. Isso não é nada radical, mas é básico até mesmo em países neoliberais na Europa. No Brasil, questões básicas sempre são vistas como inacessíveis. Sei que, como você disse no início, ainda é cedo para vermos algo no Congresso. Mas você acredita que, em um cenário onde o Lula seja eleito, cria-se uma conjuntura para lutarmos para que melhorias básicas deixem de ser radicais? SM Acredito que se amplia uma possibilidade de luta, não se abre, porque as possibilidades de luta sempre existem. Elas ampliam justamente porque conseguimos eleger um conjunto de deputados de diversos espectros progressistas da sociedade brasileira e estão mobilizados. Não apenas mobilizados no sentido de ficar na defensiva no Congresso, mas ir para a ofensiva. Acredito que o mais importante na minha campanha presidencial foi mostrar para um conjunto — ainda muito pequeno da juventude trabalhadora brasileira — que precisamos sair da defensiva e ir para ofensiva. É preciso ir para a ofensiva da forma que nós mobilizamos a juventude e a classe trabalhadora para ir até ao Congresso e exigir que pautas importantes sejam atendidas. Não adianta ter a estratégia da negociação. Existem algumas experiências que demonstram como isso é possível de ser feito e como isso é bem efetivo. A primeira experiência foi a própria Constituição de 1988. A Assembleia Nacional Constituinte fez com que a própria Constituição — que é considerada uma boa Constituição, pena que já desmontaram tanto ela que já não sobra nada do que ela era antigamente —, garantisse um conjunto de direitos importantíssimos. Os congressistas que compunham a assembleia eram na sua ampla maioria de extrema direita, direita ou do Centrão. Só para se ter uma ideia, o PT tinha 6 deputados, o PCB tinha 3, e alguns setores mais progressistas do trabalhismo tinham mais uns 10 ou 12. O resto era o centrão e a direita. Como é que foi possível aquela Constituição? Ora, só foi possível porque a sociedade estava tão mobilizada para que aquilo fosse feito. “A legalização da maconha está sendo preparada de forma que só os grandes monopólios do agronegócio e das indústrias farmacêutica possam plantar, se beneficiar e distribuir os derivados da maconha.” Então, é muito importante hoje, por exemplo, trazermos para fora do Congresso as pautas que são debatidas. Não apenas na noite em que a votação começa e na madrugada em que ela termina, para depois fazermos manifestações que não à isso, não àquilo. Temos que trazer essas pautas antes que elas se definam no Congresso, e fazer com que a população participe desse debate. Durante a campanha, fui muito questionada porque a minha campanha foi uma das únicas que falou com bastante ênfase sobre a legalização da maconha. Fomos questionados por diversos meios “mas a população brasileira é contra a legalização da maconha, você não acha que você estreita o seu discurso se você defende a legalização?”. Respondo da seguinte forma: a legalização da maconha vai acontecer, porque já está sendo debatido. Agora, temos que trazer esse debate para a sociedade. A legalização da maconha está sendo preparada de forma que só os grandes monopólios do agronegócio e das indústrias farmacêutica e tabagista possam plantar, se beneficiar e distribuir os derivados da maconha, mesmo para o uso recreativo. Então, é como se teremos a legalização da maconha, mas você não pode plantar o seu pé de maconha em casa, porque aí é ilegal. A legalização vai ocorrer, nós como sociedade apenas não estamos participando desse debate. Temos que fazer com que a sociedade participe de diversas outras pautas importantes e progressistas, para que se encaminhe essas pautas para um sentido progressista. Terá que haver alguma regulação do trabalho, principalmente para a juventude, porque da forma que o trabalho foi absolutamente desregulado pela reforma trabalhista, isso inviabiliza o próprio desenvolvimento dessa juventude e o desenvolvimento da acumulação de capital no Brasil. Agora, essa regulação ficará no Congresso e se tornará um novo pacote que nos enfiaram goela abaixo, ou iremos nos apropriar disso e falar que queremos uma jornada de trabalho de 30 horas semanais, que a mão de obra de todos os trabalhadores de aplicativo sejam intermediados por uma empresa pública? Outra questão, a pauta LGBTQ+ irá avançar. Queremos que ela avance apenas para existir um grau de igualdade formal, ou que exista, por exemplo, uma política de cotas, a efetividade da garantia do direito do nome social, um programa de saúde específico para a população LGBT, principalmente para as mulheres trans? Existem um conjunto de elementos que precisam ser debatidos pela sociedade. Precisamos trazer de volta a população brasileira para acionar essas pautas no debate diário e ir para a ofensiva. Vejo com bastante otimismo a atuação da esquerda e da esquerda socialista no Congresso. SS Para tomar a dianteira desses debates, acredito que falta o papel dos meios de comunicação. São eles que deveriam deixar a sociedade a par do que irá acontecer e do que está ocorrendo. Uma das funções sociais do jornalismo é, em teoria, esta. A revista o sabiá (parceira da Jacobin) foi criada com o lema “Democratizar o acesso à informação”, uma vez que ela não é distribuída de maneira igual na sociedade. Sabendo disso, acredito que uma das soluções pode ser o investimento em uma mídia estatal forte e independente da alternância partidária de poder. No Brasil, nunca tivemos isso e sempre foi concentrado a mídia em pequenas famílias, ao contrário da Inglaterra ou da Alemanha. Para além de uma possível regulamentação dos meios de comunicação, essa é uma saída para reduzir o abismo que está entre a comunicação e a realidade do povo. Queria ouvi-la sobre isso, e como um novo governo de esquerda pode solucionar esse problema sem partir para alternativas extremas e autoritárias. SM A questão dos meios de comunicação não é apenas de agora, eles sempre foram um braço poderoso dos grupos dominantes no Brasil. Você deve saber que o Estadão e a Folha de São Paulo defenderam a ditadura e que a Globo demorou 50 anos para reconhecer seu erro na defesa da ditadura. Além disso, como meios de jornalismo, eles atuam como um jornalismo de apenas uma visão – o jornalismo econômico da Rede Globo, por exemplo, é uma piada. Esse um problema que deve ser enfrentado de duas formas. A primeira delas é construindo meios de comunicação, como você mesma falou da revista o sabiá, e buscar inserção e conseguir estar junto à população. Usar plataformas como YouTube e Instagram para produzir conteúdos e disseminá-los com qualidade e seriedade, para assim se diferenciar do que a direita faz e até mesmo uma parcela da esquerda faz, num achismo de opinião. Agora, isso também passa por uma regulamentação. Na Europa e até mesmo nos EUA não há o que se tem aqui. O que há no Brasil não é uma liberdade de imprensa, mas um único grupo e classe social detendo todos os meios de comunicação públicos. Não estou falando da Folha ou do Estadão, porque esses são jornais impressos, mas de televisão e rádio, concessões públicas com apenas uma classe social detendo esses meios de comunicação. É preciso ter algum mecanismo de regulação. Além disso, tem de se incentivar redes locais e de produção de conteúdo que representem outros interesses, assim como blogs e redes de rádios comunitárias, rádios das diversas formas e ter um maior controle sobre a utilização do espaço público pela mídia. SS Queria que entrássemos em um assunto importante: o futuro da juventude. Uma coisa que noto, tanto na redação, quanto nas redes e até mesmo na minha faculdade de Comunicação (FACOM-UFBA), é a desmotivação. Como podemos continuar vivendo enquanto o mundo está se acabando com as mudanças climáticas, uma crise econômica e social que apenas se agrava? Dito isso, como você acredita ser possível incentivar a juventude não só para se organizar e movimentar politicamente, mas para fomentar uma motivação para que a juventude participe ativamente no processo de repensar um futuro melhor? SM Em primeiro lugar, tenho que dizer o seguinte: se você desistir, eles vencem. Jovem, se você desistir, eles venceram. Portanto, nós não temos alternativa. Todos nós, jovens ou não, não temos alternativa. A nossa única alternativa é lutar. Como fazer isso? Primeiro, precisamos lutar internamente. Tenho essa preocupação com o adoecimento mental da juventude, justamente por conta dessa falta de perspectiva. É preciso olhar para o passado e observar que nos piores momentos da humanidade, pessoas acionaram para superar aqueles momentos e sempre foram os revolucionários que acionaram esses gatilhos que superassem os piores momentos. “No capitalismo, temos um bilhão de pessoas passando fome. A degradação ambiental é terrível. Ficamos o tempo inteiro avaliando a tragédia em que nos encontramos.” É sair da defensiva e ir à ofensiva, em todos os aspectos. Se chegamos no ambiente da universidade e nos deparamos com uma situação em que ela está precária pela falta de professores, sem disciplinas, não podemos nos acomodar. A todo momento vemos essa acomodação nos ambientes universitários, que vem sofrendo cortes de verba brutais. Ficamos tentando nos adequar a essa restrição orçamentária e chegou a hora de não nos adequarmos mais, de simplesmente pararmos. Devemos parar e mobilizar todas as forças possíveis, ir para a ofensiva, ao invés de se adequar ao orçamento. A segunda questão é também mobilizar em nós as subjetividades boas que nos impulsionem para a luta e a organização. É observar tudo o que a humanidade já fez de bom e belo, porque temos ressaltado muito o que temos de ruim. No capitalismo, temos um bilhão de pessoas passando fome. A degradação ambiental é terrível. Ficamos o tempo inteiro avaliando a tragédia em que nos encontramos e é muito importante saber dessa tragédia. Nós não podemos tapar o sol com a peneira, mas precisamos relembrar que a humanidade já produziu muitas coisas boas. Durante a campanha eleitoral, recebi muitos xingamentos de pessoas de extrema direita afirmando que eu era burra, ignorante, não teria sequer um telefone celular se não fosse o empresariado. Então, respondi que nunca ouvi falar de nenhum CNPJ que tenha feito um desenvolvimento tecnológico, quem desenvolve as tecnologias são os seres humanos. Precisamos sair da armadilha de pensar que este é o único mundo possível e ver que tudo até hoje, de bom e de ruim, foi produzido pelos seres humanos. A questão central do que foi produzido de ruim no atual momento em que vivemos é a relação social de produção capitalista, por isso, ser anticapitalista não é retroceder a um mundo imaginário em que nós não tenhamos os avanços que temos até aqui, mas é superar a relação social de exploração. É possível viver tranquilamente neste mundo com a tecnologia que temos e com mais outras que produziremos sem haver degradação ambiental, humana e da saúde mental. Por que sei que é possível? Porque superamos coisas muito mais difíceis de se superar, basta ver as coisas que aconteceram ao longo da existência da humanidade. Agora, qual é o entrave para produzir esse mundo generoso? O capitalismo. Dessa forma, podemos levar à juventude a perspectiva de que existe um horizonte de futuro que não é distópico, para não simplesmente se acomodar e dizer “esse país não tem mais jeito” ou “vou sair desse país”, porque os outros países também estão assim. Precisamos, coletivamente, pensar em estratégias de superação do capitalismo. Não apenas enfrentar as coisas ruins do capitalismo, mas enfrentar e superar. SS Além da leitura do cenário geral, que já é desmotivador por si só para qualquer um, você certamente deve receber muitos ataques e coisas odiosas. Então, como você lida com tudo isso? SM Os ataques às vezes são o mais tranquilo, porque vem de um grau de ignorância, de brutalidade. Quer dizer, a pessoa se dá ao trabalho de entrar na minha rede social para escrever “sua burra, vai estudar”. Não me importo com isso, não é nem a questão que me abala. Evidentemente, também sou muito abalada por toda essa situação muito dramática pela qual estamos passando. No entanto, aciono os gatilhos importantes para mim e que me fortaleçam nessa perspectiva de luta. Gosto muito e sou apaixonada por música. Ver, por exemplo, desde uma peça de Bach, Beethoven, um samba brasileiro, um blues norte-americano, até agora, estava escutando Orishas — rap cubano. Você pensa o que os seres humanos já fizeram. Olha o grau de complexidade que eles já alcançaram. Será que jogaremos tudo no lixo por conta de um super lucro especulativo que não pode ser apropriado, nem materialmente? Esse é um dos meus gatilhos positivos — hoje se usa muito esse termo “gatilho” para o elemento negativo, então vamos falar de gatilhos positivos, os que dão força. Vejo muito que acho importante para a humanidade na arte. Para mim, a arte é a expressão mais sublime da humanidade. Agora, estamos sendo bombardeados por um lixo na música, na escultura, no cinema, que faz com que pensemos que e a humanidade não produz mais nada de bom. Mas, ela produz, ou pelo menos já produziu em algum momento. Temos que resgatar isso como um elemento bom. “Tudo o que nós não podemos fazer é desistir, porque se desistirmos eles ganham. Existem várias formas acionarmos nossos gatilhos do bem, o que a gente tem que enfrentar são os gatilhos do mal.” Outra questão que funciona muito bem para mim, é o fato de poder conversar com muito mais gente. Eu não leio as coisas e estudo só para me informar, eu leio e estudo para entender porque as coisas estão dessa forma, como elas chegaram aqui. Claro que você precisa ter informação, mas é preciso fazer as conexões entre essas informações. Não adianta fazer isso só para si, você tem que compartilhar isso. Então, para mim um dos elementos que me dá muita força e energia é a possibilidade de passar para mais gente estas conexões que vou aprendendo ao longo do tempo, e posso trazer para um conjunto maior de pessoas. Pelo menos essas análises da realidade e passar isso para frente. Isso me motiva, me dá ânimo, me dá energia. Fora o fato de estar organizada, ter que preparar questões importantes para a própria organização. Assim, temos que enfrentar e enfrentamos. Tudo o que nós não podemos fazer é desistir, porque se desistirmos eles ganham, ganham mesmo. Existem várias formas acionarmos nossos gatilhos do bem, o que a gente tem que enfrentar são os gatilhos do mal, os gatilhos da depressão, do desânimo e pensar coletivamente como construiremos isso. Sobre os autores SOFIA MANZANO é uma economista, professora, e militante comunista brasileira filiada ao Partido Comunista Brasileiro. É professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e militante do Partido Comunista Brasileiro desde 1989. SOFIA SCHURIG é graduanda em Comunicação e Cultura na FACOM/UFBA. É fundadora e editora da revista o sabiá, assistente editorial da Jacobin Brasil e estagiária no site Núcleo Jornalismo. Participou da escrita dos livros ABC do Socialismo (Autonomia Literária) e Assange: La Verdad Confiscada (Página 12). SOFIA ALBUQUERQUE é assistente editorial na revista o sabiá e estudante de Letras na USP.

TRABALHADORES COM LULA..

Sindicato prepara motociata a favor de Lula "É quem tem a melhor proposta para nós", afirmou Gilberto Almeida dos Santos, líder do Sindimoto-SP 27 de outubro de 2022, 22:00 h Atualizado em 27 de outubro de 2022, 22:24 ... www.brasil247.com - Luiz Inácio Lula da Silva (boné branco) Luiz Inácio Lula da Silva (boné branco) (Foto: Ricardo Stuckert) Apoie o 247 ICL Contribua usando o Google 247 - O Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxista Intermunicipal do Estado de São Paulo (Sindimoto-SP) prepara um evento de apoio ao candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste sábado (29), na avenida Paulista. A informação foi publicada nesta quinta-feira (27) pela coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo. Líder da entidade, Gilberto Almeida dos Santos declarou apoio ao ex-presidente. "Quem compartilha das ideias do Lula, que, no meu entendimento, é quem tem a melhor proposta para nós, vem com a gente. Quem não compartilha vai com o outro candidato", disse. Ao longo da campanha, representantes de Lula tiveram encontros com pessoas do setor de trabalho por aplicativo. O ex-presidente vem defendendo que os trabalhadores sem carteira assinada passem a ter direitos trabalhistas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

GLOBO CONTRA A HOMOFOBIA..

Globo se posiciona após discurso homofóbico da atriz Cássia Kis A emissora disse que "repudia qualquer forma de discriminação" 27 de outubro de 2022, 22:24 h Atualizado em 27 de outubro de 2022, 22:24 5 www.brasil247.com - Cassia Kis Cassia Kis (Foto: Reprodução/TV Globo) Apoie o 247 ICL Contribua usando o Google 247 - A Globo emitiu um posicionamento, por meio de sua assessoria de imprensa, após a atriz Cassia Kis, a Cidália da novela "Travessia", fazer comentários homofóbicos durante uma live com a jornalista Leda Nagle. "A Globo tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão e repudia qualquer forma de discriminação", disse a emissora. PUBLICIDADE PUBLICIDADE Durante o papo, Cassia disse que alguns tipos de relações estão “destruindo a família". "Não existe mais o homem e a mulher, mas mulher com mulher e homem com homem. Essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando, onde há inclusive um espaço chamado 'beijódromo' ou algo assim". Após as falas homofóbicas de Cássia Kis, a atriz Lúcia Veríssimo, de 64 anos, divulgou uma foto aos beijos com a artista, uma forma de um protesto contra ela.

FALA CASAGRANDE..

Walter Casagrande: 'Bolsonaro, um ser nefasto, está inventando mentiras absurdas para justificar a derrota iminente' "Não duvido que possam tentar um golpe", alertou o jornalista esportivo 27 de outubro de 2022, 19:47 h Atualizado em 27 de outubro de 2022, 20:15 ... www.brasil247.com - Walter Casagrande Walter Casagrande (Foto: Reprodução/Twitter/@JoaogoulartJoao) Apoie o 247 ICL Contribua usando o Google 247 - Em sua coluna publicada no portal Uol, o jornalista Walter Casagrande reforçou nesta quinta-feira (27) que "faltam três dias para irmos às urnas e tirar esse ser nefasto do Poder Executivo". "A verdade é que todos estão desesperados, e para justificar a derrota iminente, Bolsonaro está inventando mentiras absurdas, como as inserções de suas propagandas (mentirosas, diga-se de passagem) nas rádios. Fora a história do perigoso ato terrorista de um grande amigo do perverso presidente. Cada vez que ele fala a sua situação vai ficando pior", diz. "O desespero de Bolsonaro e seus "parças" está enorme, ainda mais depois que o ministro Alexandre de Moraes arquivou a ação da campanha do presidente sobre as rádios. Dizem que o clima está pesado porque eles já perceberam que perderam as eleições. Agora podemos esperar de tudo dessa gente perversa e armada. Não duvido que possam tentar um golpe", complementa. Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

FAMILÍCIA ASSASSINA

Testemunhas dizem que segurança de Tarcísio matou homem desarmado em Paraisópolis Os relatos colhidos pelo Intercept desmentem a versão apresentada pelos policiais no boletim de ocorrência registrado em uma delegacia na capital paulista 27 de outubro de 2022, 21:08 h Atualizado em 27 de outubro de 2022, 22:04 2 www.brasil247.com - Tiros em Paraisópolis, favela da Zona Sul de São Paulo (à esq.), e Tarcísio de Freitas (camisa azul, à dir.) Tiros em Paraisópolis, favela da Zona Sul de São Paulo (à esq.), e Tarcísio de Freitas (camisa azul, à dir.) (Foto: Reprodução) Apoie o 247 ICL Contribua usando o Google Aiuri Rebello, Flávio VM Costa, Guilherme Mazieiro, Paulo Victor Ribeiro e Rafael Moro Martins, no Intercept Brasil - Quatro testemunhas afirmam que policiais à paisana que faziam a segurança do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas, do Republicanos, mataram a tiros um homem desarmado em Paraisópolis, zona oeste de São Paulo, na semana passada. Elas estavam na rua em que o caso aconteceu, no último dia 17. Os relatos colhidos hoje pelo Intercept na comunidade desmentem a versão apresentada pelos policiais no boletim de ocorrência registrado na 89ª DP, no bairro vizinho do Campo Limpo. Os agentes afirmam que avistaram criminosos portando armas longas em motos logo após ouvirem uma rajada de tiros de metralhadora. Tarcísio de Freitas chegou a afirmar que sua equipe e ele foram vítimas de um atentado. Depois negou o que disse, mas reiterou que a situação ocorrida era “um recado do crime”. Leia a íntegra no Intercept Brasil

UMA QUADRILHA PERIGOSA

Randolfe cobra "urgência" em investigação contra evangélico bolsonarista acusado de estimular crimes no Telegram De acordo com o senador da Rede-AP, o aplicativo de mensagens pode estar funcionando como uma "organização para o crime" 27 de outubro de 2022, 21:29 h Atualizado em 27 de outubro de 2022, 22:04 1 www.brasil247.com - Randolfe Rodrigues (à esq.) e Jackson Villar da Silva Randolfe Rodrigues (à esq.) e Jackson Villar da Silva (Foto: ABR | Reprodução) Apoie o 247 ICL Contribua usando o Google 247 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou nesta quinta-feira (27) que é necessária a investigação contra o evangélico Jackson Villar da Silva, acusado de estimular crimes no Telegram. "Infelizmente o Telegram parece que está deixando de ser uma rede social e se tornando uma organização para o crime. É necessário investigar com urgência todas essas ações criminosas!", escreveu o parlamentar no Twitter. O religioso afirmou ser comerciante, radialista, conservador, presidente do "Acelera Para Cristo". Também foi organizador da motociata com o Jair Bolsonaro (PL) em junho de 2021, quando reuniu motociclistas em um percurso de 130 quilômetros (km) que partiu de São Paulo até Americana, no interior do estado. Em uma conversa no Telegram, Villar da Silva propôs uma espécie de "eleição paralela", para provar "fraude nas urnas". "Só não pode falar que vai provar a fraude. Se falar isso aí os caras vão derrubar o canal. Tem que ser uma coisa sutil, com sabedoria, entendeu?", disse nos chats. Fique por dentro do 247 Receba diariamente nossa newsletter em seu email Email Enviar O religioso também convocou seus seguidores a "quebrar a urna eletrônica no pau" e afirmou que cientista político precisa "apanhar”.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

MAIS FAKE...

Notícia de que Bolsonaro cobrou dívida da Globo de R$ 358 mi é falsa Texto teve 350 mil interações na web Post usa conteúdo fora de contexto Reprodução/Globo Fachada da sede do Grupo Globo, no Rio de Janeiro DOUGLAS RODRIGUES 10.jan.2019 (quinta-feira) - 20h11 É falsa a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro autorizou a “execução da dívida da Globo de R$ 358 milhões de impostos sonegados”. O site Primeiro Governo publicou a informação, que ganhou tração nas redes sociais e foi amplamente divulgada nesta semana. Receba A Newsletter Do Poder360 todos os dias no seu e-mail O texto diz q... Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/governo/noticia-de-que-bolsonaro-cobrou-divida-da-globo-de-r-358-mi-e-falsa/) © 2022 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.

APOIO DA MÍDIA DEMOCRÁTICA

Brasil 247 anuncia apoio a Lula e Luís Costa Pinto na direção editorial Veículo manifestou posicionamento político que guiará sua linha editorial durante a cobertura eleitoral de 2022 Reprodução/Facebook O site de notícias Brasil 247 foi fundado em 2011 PODER360 16.dez.2021 (quinta-feira) - 12h53 O site de notícias Brasil 247 começa 2022 com mudanças no comando da redação e abertura da sua linha editorial. Declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. “Eleger Lula presidente da República pela 3ª vez significa restaurar a esperança como b... Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/eleicoes/brasil-247-anuncia-apoio-a-lula-e-luis-costa-pinto-na-direcao-editorial/) © 2022 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.