sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A LÓGICA POLÍTICA.

Marina Silva e o imaginário postergador

Marina, a bem da verdade, nunca perdeu o prestígio que acumulou como Senadora (1995-2011) e ministra do Meio Ambiente (2003-2008), ao qual soube acrescentar uma biografia de grande apelo popular e posições principistas das quais dificilmente o eleitor comum ousaria discordar num primeiro momento.
Fábio Simão Alves* e 
Thiago Vidal**
A morte do então candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), no último dia 13, recoloca Marina Silva (Rede) em posição de destaque no cenário eleitoral, resgatando-lhe, em circunstâncias tragicamente insólitas, o protagonismo que exerceu nas eleições presidenciais de 2010, quando amealhou quase 20 milhões de votos ao impor-se como símbolo de uma “terceira via”.
Marina, a bem da verdade, nunca perdeu o prestígio que acumulou como Senadora (1995-2011) e ministra do Meio Ambiente (2003-2008), ao qual soube acrescentar uma biografia de grande apelo popular e posições principistas das quais dificilmente o eleitor comum ousaria discordar num primeiro momento. Seu ingresso na chapa socialista encabeçada por Eduardo Campos, por meio de um partido, a rigor, ainda inexistente, foi estratégico para impulsionar a campanha de Campos à Presidência da República, emprestando-lhe sua popularidade e seu capital político. A ninguém passava despercebido que Campos se esforçava visivelmente para tornar-se tão ou mais conhecido quanto sua companheira de chapa.
A presença remodelada de Marina Silva na corrida presidencial põe sob os holofotes questões outrora abafadas, em parte em virtude do papel aparentemente secundário que a candidata parecia desempenhar frente à titularidade de Campos na chapa PSB-Rede. A recomposição da chapa determina a maior parte delas. Passado o trauma inicial do desaparecimento súbito do candidato e realinhadas as forças políticas no interior da aliança, não obstante, tende a despontar a mais importante delas, particularmente diante da possibilidade concreta de redefinição de todo o cenário eleitoral e – não seria de todo ousado imaginar – e de assunção de Marina Silva à Presidência da República: a visão de Estado propugnada pela chapa PSB-Rede.
O programa da aliança propõe reconstruir o Estado brasileiro em moldes que eliminem o clientelismo, o fisiologismo e o patrimonialismo. Características essas que, segundo ambos os partidos, são as responsáveis pela deterioração dos serviços públicos, do aumento da corrupção, da violência urbana e do uso da máquina administrativa como forma de promoção pessoal e partidária. Para tanto, sugerem diretrizes como: 1) o Estado e a Democracia de Alta Intensidade, materializados na: i) reforma política; ii) na reforma administrativa; iii) e no federalismo equilibrado entre todos os entes, que propicie, principalmente, a cooperação interfederativa; 2) a Economia Sustentável; 3) a Educação, Cultura e Inovação; 4) as Políticas Sociais e Qualidade de Vida; 5) e o Novo Urbanismo e o Pacto Pela Vida.
Como se percebe, não são temas novos, tampouco inovam em suas particularidades. A reforma política, por exemplo, é explicitada pelo fim da reeleição, pelo barateamento das campanhas políticas e pela instituição de candidaturas avulsas. A reforma administrativa, por sua vez, restringe-se a assuntos como o fortalecimento da meritocracia, a diminuição de cargos de livre provimento na Administração Pública à modernização dos instrumentos de controle e de transparência. Há, contudo, outro ingrediente importante, porém não menos inovador, que é a inclusão da tecnologia como fortalecedora da democracia.
Em que pesem as boas intenções de Marina Silva, suas diretrizes são fomentadas por argumentos que se aproximam muito mais de princípios do que propriamente de teorias e modelos, o que desqualifica boa parte dos argumentos que expõem. Em outros termos, as propostas do PSB-Rede, como corrente ideológica que visa se firmar como “terceira via”, é uma compreensão mais detalhada do mundo contemporâneo, somada a uma intersecção entre a social-democracia clássica e o neoliberalismo; características essas que sintetizam a tão criticada nova social-democracia. Isso explica por que seus defensores, geralmente, optam pela combinação de linhagens de políticas públicas já existentes em detrimento de modelos que busquem inovar aqueles que consideram defasados. A questão principal, entretanto, não é a carência intelectual do programa de governo de Marina Silva, mas, sim, o risco que ela impõe ao País ao tornar a política passional quando propõe diretrizes que muito bem poderiam ser encontradas em algum parágrafo de A Utopia, de Thomas Morus.
Em 10 de agosto de 2010, quando subiu à bancada do Jornal Nacional da Rede Globo para ser sabatinada, Marina Silva já demonstrara ser uma defensora de princípios e não de teorias. Ao ser questionada sobre a dificuldade de ver aprovadas proposições no Congresso Nacional em virtude de não compor coligação com nenhum outro partido – o Partido Verde, à época, optou pela candidatura avulsa -, Marina Silva alegou ser mais fácil formar alianças após sua eleição do que durante o pleito eleitoral, na medida em que não possuiria acordos preestabelecidos, o que lhe garantiria margem para negociar e governar com todos os partidos com representação no Parlamento, inclusive com o PT e o PSDB. Durante a mesma sabatina, a então candidata foi pouco precisa quando questionada sobre outros temas – fato que se repetiu em quase todos os debates e sabatinas dos quais Marina participou em 2010.
Novamente, é importante que se ressaltem as virtudes de Marina Silva, bem como suas boas intenções. Mas é igualmente importante que se ateste que os problemas que ela busca solucionar jamais serão resolvidos apenas com princípios. Os desafios impostos ao Brasil são estruturais e conjunturais. Ainda que os vícios sociais possam ser combatidos com exemplos, o mesmo não ocorre com inconvenientes circunstanciais. Para estes, são necessárias soluções específicas, emergentes e que, principalmente, possam transmitir segurança e precisão àqueles que serão diretamente afetados. E é justamente esse o problema em relação ao modo como Marina Silva coloca-se perante o País: estabelece diretrizes que aponta para os problemas nos mais diversos âmbitos da sociedade brasileira, mas é imprecisa quando instada a detalhar o que de fato faria se fosse alçada ao posto de Presidente da República.
Por fim, mais do que ter que buscar um projeto de governo em detrimento de um projeto de refundação nacional, Marina Silva, se quiser ser eleita e lembrada como uma Estadista, precisa ter ciência da racionalidade que ronda a política. Se ao longo de suas diretrizes ela é capaz de entender a complexidade que ronda as sociedades contemporâneas, bem como o caráter individualista a elas intrínseco, estranha-se o fato de Marina Silva ignorar os mais básicos ímpetos humanos. A política, antes que de boas intenções, é feita de interesses e ambições individuais. Ignorar este fato sob o pretexto de união nacional é ignorar a própria individualidade que busca defender.
(*) Bacharel em relações internacionais pela Universidade de São Paulo (USP) e diplomata
(**) Bacharel em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB) e assessor legislativo da Queir

A SUCESSÃO DA FAMÍLIA RORIZ

A lógica maquiavélica da sucessão na família Roriz

Um clã de políticos tradicionais, todos envolvidos em mal-feitos, se vê sem herdeiros para dar prosseguimento à trajetória político-eleitoral. A aposta no neto, sem mandato, portanto ainda sem máculas, pode ser a alternativa a não desaparecer da cena política local.
Jorge Ramos Mizael*
Nicolau Maquiavel em sua obra prima "O Príncipe" destaca basicamente duas vias para se alcançar o poder "Virtú" e "Fortuna". Para ele, a Virtú seriam os atributos de um homem público, ou seja, a capacidade pessoal, a habilidade de se comportar e atuar no ambiente político. Por outro lado, diferente do que sugere o nome, a Fortuna de Maquiavel seria o acaso, aquilo que não é previsível, ou melhor, o imponderável da vida humana.
Sob esta ótica e direcionando os nossos olhos para a sucessão política em uma das principais famílias da Capital Federal discorreremos sobre algumas possibilidades no atual cenário eleitoral.
Joaquim Domingos Roriz foi governador do DF por quatro mandatos e também exerceu um mandato de Senador (abreviado por sua renúncia no famoso caso da "bezerra de ouro" em 2007), de Deputado Federal (1983-1986) de Deputado Estadual (1979-1982) pelo Goiás e de Vereador de sua cidade Natal, Luziânia (1962-1965).
Nas últimas eleições gerais, Joaquim Roriz, temendo ter a sua candidatura impugnada, colocou de última hora a sua esposa e ex-primeira dama, Weslian Roriz, para concorrer ao Governo. Mesmo estreando no cenário eleitoral, Weslian chegou ao segundo turno, perdendo para o candidato eleito, Agnelo Queiroz.
Atualmente com problemas de saúde e com 78 anos, um dos principais caciques da política local enfrenta dificuldade para passar o seu cajado, mesmo tendo duas de suas três filhas (Jaqueline e Liliane) exercendo mandatos eletivos e novamente disputando as eleições desse ano. A primogênita, Wesliane, até então, mantem-se distante da política.
A primeira tentativa de sucessão do ex-governador foi com Jaqueline Roriz. Jaqueline foi Deputada Distrital pelo PSDB (2007-2010) e atualmente é Deputada Federal pelo PMN. Em 2006, Jaqueline foi uma das pessoas filmadas recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do chamado "Mensalão do DEM".
Somando-se a isso, logo no início do seu mandato na Câmara dos Deputados, março de 2011, Jaqueline foi acusada de pagar, com verba indenizatória, o aluguel de uma sala comercial que pertencia ao seu marido, Manoel Neto. Tais fatos, contudo, não foram suficientes para a cassação de seu mandato e o Plenário da Câmara, ainda com votação secreta, rejeitou a solicitação do Conselho de Ética.
O nome da Distrital Liliane Roriz também enfrenta dificuldades. Liliane, atualmente no PRTB, está no seu primeiro mandato e já foi acusada de mal uso de verbas indenizatórias por aluguel de veículos, além de responder por corrupção eleitoral, falsidade ideológica e propaganda eleitoral antecipada.
Deste modo, com o fraco desempenho da primeira geração que sucederia um dos mais importantes nomes da política do DF, a "bola da vez" é Joaquim Domingos Roriz Neto. Filho de Jaqueline e natural da Philadelphia - EUA, o jovem de 22 anos é a atual aposta da família para herdar um generoso espólio político.
Neto, como é conhecido, protocolou a sua candidatura junto à justiça eleitoral no último dia para o registro de candidatos na lista de substituição (06/08). Apresentando uma declaração no mínimo deplorável de conclusão de curso superior em ciência"s" política"s" (vide o link abaixo), o moço também pode ser apresentado como alternativa à juventude local.
Além disso, como a candidatura de sua mãe ainda depende do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o novo Joaquim Roriz pode ser um dos poucos de sua linhagem direta a não ser barrado pela "Ficha Limpa".
Assim, dada a iminência de sua introdução no cenário político eleitoral, seja para suprir uma necessidade familiar, seja para lançar um "prodígio" e retomando os escritos de Maquiavel resta-nos apenas aguardar para saber se a transição será efetivada pela "Virtu" ou pela "Fortuna". Façam as suas apostas.
(*) Jornalista, analista político e consultor de processo legislativo e eleitoral

BRASIL CULTURA.

Prêmio Brasil Criativo abre inscrições nesta quinta

Escrito por: Redação
Fonte: Jornal do Brasil
No próximo dia 28 de agosto abrem as inscrições para o Prêmio Brasil Criativo -uma grande iniciativa para o reconhecimento e desenvolvimento da economia criativa brasileira. A abertura será celebrada em uma cerimônia no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, 149, em São Paulo, às 19h.

A premiação terá 30 curadores que avaliarão trabalhos inscritos em 21 setores da economia criativa, distribuídos em cinco campos de interesse: Criações Culturais e Funcionais (arquitetura, design, moda, games e gastronomia); Artes de Espetáculo (dança, música, circo e teatro); Audiovisual/Livro, Literatura e Leitura (cinema e vídeo e publicações em mídias impressas); Patrimônio (patrimônio material, patrimônio imaterial, arquivos e museus); e Expressões Culturais (culturas populares, culturas indígenas, cultura afro-brasileira, artesanato, artes visuais e arte digital). Ainda, haverá um prêmio de Reconhecimento por Trabalho Consagrado.

A Economia Criativa gera, mundialmente, cerca de 8 trilhões de dólares por ano. Segundo dados do IBGE (2010), a contribuição dos setores criativos no Brasil foi de 104 bilhões de reais. "O Prêmio Brasil Criativo é uma ferramenta que irá contribuir com a economia criativa no país, reconhecendo a criatividade brasileira e fomentando a inovação para o desenvolvimento sustentável no Brasil", comemora Lucas Foster, um dos idealizadores e coordenador-geral da iniciativa."Anualmente, no mundo, a economia criativa cresce com taxas acima da economia tradicional, que pautou o desenvolvimento do século XX, mas esse crescimento está concentrado nos países desenvolvidos. Agora, é a hora do Brasil ser reconhecido como a grande nação criativa do mundo", completa Foster.

O Prêmio Brasil Criativo será composto de 5 etapas. Na primeira delas, período de inscrições, a plataforma oficial receberá a candidatura dos empreendedores que quiserem inscrever seus trabalhos. Depois, um conselho de curadores composto por 30 especialistas nas categorias irá eleger seis projetos para cada uma das 22 premiações.

Em um terceiro momento, a eleição será democrática, com a abertura para a votação popular na internet. Neste momento, o público elegerá três entre os seis trabalhos previamente selecionados. Na quarta etapa, os curadores escolherão um trabalho em cada categoria. O evento tem seu ponto alto na cerimônia de premiação, a ser realizada no Auditório Ibirapuera, no dia 3 de dezembro, em São Paulo. Só nesta data serão anunciados os projetos contemplados com o Prêmio Brasil Criativo.

Para participar, é preciso ser maior de 16 anos (menores de idade deverão apresentar carta de pais ou responsáveis autorizando a participação). Ainda, a inscrição é limitada a brasileiros ou estrangeiros naturalizados brasileiros, mediante apresentação do Registro Nacional do Estrangeiro (RNE).

CRONOGRAMA PRÊMIO BRASIL CRIATIVO 2014

27/08 - Abertura das inscrições na plataforma online ();

28/08 - Cerimônia de lançamento do Prêmio Brasil Criativo 2014;

28/08 a 25/09 - Período de inscrições;

28/09 a 05/10 - Curadoria seleciona seis candidatos;

05/10 a 10/10 - Divulgação dos candidatos selecionados;

10/10 a 10/11 - Abertura das votações pela internet;

12/11 - Divulgação dos 3 selecionados de cada categoria;

11/11 a 20/11 - Curadoria para seleção do trabalho para cada categoria;

03/12 - Cerimônia de encerramento no Auditório do Ibirapuera, em São Pau

MAIS UMA INVESTIDA DA CENSURA.

Retirada do aplicativo Secret do ar cerceou a liberdade de expressão

Escrito por: Paula Martins
Fonte: Carta Capital

Sob alegação de que Constituição proíbe o anonimato, Justiça mandou bloquear acesso a aplicativo, mas tal medida constitui censura prévia

ma decisão da Justiça capixaba, na semana passada, voltou a suscitar o debate sobre quais são os limites do direito à liberdade de expressão. Na oportunidade, o juiz Paulo Cesar de Carvalho, da 5ª Vara Cível de Vitória, acatou pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), que protocolou uma ação civil pública requerendo que o aplicativo de mensagens anônimas Secret fosse retirado das lojas online do Google e da Apple. A medida atingiu ainda o aplicativo Crypitic, da Microsoft, que tem funcionamento similar.
Lançado na internet em janeiro deste ano, o Secret é um aplicativo que permite que usuários postem conteúdo de forma completamente anônima, e passou a se disseminar pelo Brasil neste mês. No entanto, com a popularização, também surgiram diversas reclamações de usuários que se disseram ofendidos com algumas das informações circuladas.
Foi justamente este último fenômeno que levou o MP-ES a pedir à Justiça que bloqueasse o aplicativo no país. Para isso, o órgão baseou-se no artigo 5º da Constituição Federal, que determina que “é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato”.
Na ação civil pública, o promotor Marcelo Zenkner, do MP-ES, afirmou: “A ordem constitucional ainda assegura ‘o direito de resposta proporcional ao agravo, além de indenização por dano material moral ou à imagem’ (artigo 5º. inciso V), ou seja, o anonimato mostra-se absolutamente incompatível com tais premissas balizadoras de nosso sistema”.
A tese foi aceita pelo juiz Paulo Cesar de Carvalho, responsável pelo julgamento do caso, que defendeu a “liberdade com responsabilidade” na decisão que mandou tirar o aplicativo do ar. “Em outras palavras, é consagrada com grande amplitude a liberdade de manifestação, mas, por outro lado, estabelece-se que aqueles que atuarem de forma abusiva no exercício do seu direito, e com isso causarem danos a terceiros, podem ser responsabilizados por seus atos”, argumentou. E concluiu: “A proibição do anonimato destina-se exatamente a viabilizar esta possibilidade de responsabilização, por meio da identificação do autor de cada manifestação”.
O que torna a decisão ilegal
Apesar da existência de um artigo constitucional que veda o anonimato, é necessário interpretar o episódio de acordo com o próprio espírito da Constituição, e ainda dos padrões internacionais e boas práticas relacionadas à proteção da liberdade de expressão.
Em primeiro lugar, um dos princípios básicos da liberdade expressão é o de que a responsabilização de alguém por conta de uma ofensa só pode ocorrer a posteriori - do contrário, estaremos diante de uma censura prévia.
O próprio Marco Civil da Internet, que entrou em vigor em junho, também pode servir de base de argumento para mostrar que a decisão de retirar o Secret do ar foi ilegal. Em seu artigo 19, afirma: “Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário”.
Dessa forma, comentários ofensivos à honra veiculados no Secret devem ser discutidos na Justiça, e somente após uma ordem judicial é que pode haver a remoção daquele conteúdo, e apenas especificamente do conteúdo ofensivo. Imagine, por exemplo, tirar um site inteiro do ar em razão de um único trecho ofensivo – é exatamente esta lógica a empregada no caso Secret.
Além do mais, o fato de o aplicativo garantir o anonimato dos usuários não significa que ele não possa identificar de fato quem postou alguma mensagem ofensiva e caluniosa. Pelos números de IPs e de celular, isso seria facilmente possível, uma vez que, novamente, segundo o Marco Civil da Internet, em seu artigo 15, “os provedores de aplicações de internet devem manter “registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis) meses”.
Assim, o anonimato seria garantido apenas entre os usuários, mas não para a Justiça, quando esta requisitasse a identidade de um autor de uma postagem ofensiva.  Esta possibilidade desconstrói o argumento usado pelo juiz Paulo Cesar de Carvalho, que citou a impossibilidade de responsabilização a posteriori para embasar sua decisão.
Há que se lembrar ainda que a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), órgão ligado à OEA (Organização dos Estados Americanos), da qual o Brasil é membro, ressalta, em seu relatório “Liberdade de Expressão e Internet” , que o direito à liberdade de pensamento e expressão não pode ser exercido plenamente senão em um espaço completamente livre de intervenções externas. Segundo o relatório, “os Estados devem evitar a implementação de qualquer medida que restrinja, de modo arbitrário ou abusivo, a privacidade dos indivíduos (artigo 11 da Convenção Americana), entendida em sentido amplo como todo espaço de intimidade e anonimato” (“Liberdade de expressão e internet”, da Relatoria Especial para Liberdade de Expressão Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 2013, p. 61).
Nesse sentido, o anonimato na internet é essencial para que os indivíduos possam formar livremente suas opiniões, buscar e receber informações sem serem forçados a se identificar ou revelar suas fontes. O anonimato é ainda fundamental em casos de testemunhas e defensores de direitos humanos que tenham feito denúncias de interesse público e que necessitem manter sua identidade oculta para não sofrerem retaliação.
Se mantida, a decisão que retira o Secret do ar abre um precedente negativo e que contraria os padrões internacionais, visto que permite a responsabilização de provedores e plataformas online por conteúdos publicados por terceiros, bem como permite o bloqueio de plataformas que possibilitam a troca de conteúdo de forma anônima.
É bastante evidente que a profusão da internet e suas infinitas formas de interação e trânsito de informação criaram grandes desafios a magistrados do mundo todo. Ainda assim, a liberdade de expressão é um direito secular, conquistado com muitas lutas, e deve ser preservado pela importância central que tem em qualquer sociedade democrática. Qualquer medida radical – como o bloqueio de toda uma plataforma digital de interação – só pode ser empregada em casos extremamente excepcionais e amparada em sólida base legal. E não é esse o caso em questão.
*Paula Martins é advogada e diretora-executiva da ARTIGO 19, uma organização internacional de direitos humanos que atua na defesa e promoção da liberdade de expressão e do acesso à informação pública.

A ONDA MARINA.

A "ola" Marina e a cobertura da imprensa

Escrito por: Carlos Castilho
Fonte: Observatório da Imprensa
A onda Marina surgiu como as olas tradicionais em estádios de futebol. Ninguém sabe quem começou tudo, mas o certo é que ela assumiu logo a proporção de um tsunami ao catapultar a candidata socialista dos 9% aos 29% das intenções de voto, segundo o Ibope. A única explicação possível para um desempenho tão espetacular é uma identificação espontânea dos eleitores desiludidos, especialmente os mais jovens, com a enigmática Marina Silva.
Foi o suficiente para os três maiores jornais do país (Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo e O Globo) mudarem de estratégia assumindo os receios temores da elite política do país, temerosa de que a ola Marina sinalizasse uma perda de controle sobre o processo eleitoral graças à participação não estruturada de grupos jovens, muitos dos quais se identificam com as manifestações de rua de junho do ano passado.
A imprensa adotou uma posição sutilmente crítica a Marina insistindo na questão da controvertida posse do avião que matou Eduardo Campos e na igualmente discreta referência às contradições da plataforma e das alianças partidárias por trás da candidatura socialista. É o método de plantar dúvidas para colher posicionamentos, estratégia que deu resultados com a campanha do pessimismo para colocar Dilma Rousseff na defensiva.
A imprensa não ataca diretamente porque isso violaria a imagem de independência e isenção na campanha eleitoral, que serve de escudo contra acusações de subordinação a alguma das candidaturas. Mas semeia suposições, insinuações, informações sem contexto definido, denúncias vagas e, com isso, vai sedimentando uma desconfiança difusa que impregna o modelo mental dos eleitores na definição de voto.
Por mais que a propaganda eleitoral seja regulamentada e regulada nos mínimos detalhes, ela não consegue atingir os meandros do complexo processo de captação dos insumos informativos que alimenta a formação do que os psicólogos chamam de mapa mental, o conjunto de informações arquivadas na memória de curto prazo do indivíduo e que servem de base para a tomada de decisões.
É difícil, quase impossível, parar uma ola, porque ela é alimentada por predisposições muitas vezes ignoradas pelos próprios participantes. Parar uma ola num estádio de futebol equivale a ser antipatizado e hostilizado imediatamente pelos demais torcedores. No caso Marina, vale a mesma regra e a estratégia é plantar dúvidas e incertezas, como vem fazendo a grande imprensa, ao insinuar que as ondas passam e que muita coisa ainda vai acontecer até o dia das eleições.
A ola Marina pode não aguentar até o dia 5 de outubro, assim como as manifestações de junho do ano passado não chegaram até a Copa do Mundo com o vigor mostrado nas ruas de São Paulo, Rio, Brasília e outras cidades brasileiras. Mas o fato de ser não estruturada, pois até os adeptos de Marina foram surpreendidos pela disparada nas pesquisas, mostra que há muitas outras razões por trás do fenômeno.
O enigma Marina desafia a imprensa da mesma forma que os jornais e as emissoras de televisão foram apanhados de surpresa nos protestos, há um ano. É que a nossa mídia está de tal forma condicionada pelo pensamento da elite política do país que tem dificuldade em interpretar fenômenos que fogem às regras tradicionais de comportamento eleitoral.
A massa difusa de desiludidos políticos que alimentava o voto nulo ou branco e a abstenção parece agora se materializar na ola em torno da frágil figura da ex-senadora acreana. Politicamente é um fenômeno relevante, porque um alto percentual de votos nulos e brancos sinaliza um protesto marginal, mas o crescimento da simpatia popular por Marina traz a incerteza e a insegurança para dentro do sistema.
A ola Marina é um processo independente da candidatura e não necessariamente tem os mesmos objetivos. É bem provável que ocorra um divórcio, em algum momento, antes ou depois das eleições, porque a dinâmica dos desiludidos e indignados é bem diferente da dos militantes partidários da coligação liderada pelo Partido Socialista. A ola é ao mesmo tempo a grande força e a principal debilidade da candidata Marina Silva. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

GLOBO MOSTRA AS SUAS ARMAS.

Globo mostra o canhão a Marina. De volta ao “vamos ver quem manda aqui”

26 de agosto de 2014 | 21:40 Autor: Fernando Brito
laranja
Mais importante que a pesquisa Ibope no Jornal Nacional de hoje, foi a reportagem sobre os donos do jatinho que matou Eduardo Campos e transformou Marina Silva em sucesso eleitoral.
Fartamente abastecida – como sempre – pela Polícia Federal, a matéria começou a revelar o “laranjal” montado pelo PSB e pelos empresários amigos de Campos, para “comprar” o jato que acabaria por matar o candidato.
Até um peixeiro do Recife foi usado como “bucha” na transação.
O JN adiantou a pauta “malvada” da entrevista de Marina Silva, amanhã.
E nem mesmo citou o outro “megabucha” da compra do avião, Apolo Santana, processado por contrabando.
Vale a pena ler a matéria e ver o potencial explosivo do caso. E, querendo assistir em vídeo, clique aqui.
É impressionante.
Marina terá 24 horas para explicar ou, como é mais provável, dizer que não tem nada com isso.
Talvez, até, pessoalmente, não tenha.
Mas fica comprometida a imagem do “São” Eduardo,  que a beatifica como candidata da nova política.
E vai ter de ser “boazinha” com William Bonner e Patrícia Poeta.
Afinal, é preciso saber quem manda, não é?
Amanhã, o Tijolaço, que não tem acesso à Polícia Federal e nem faz chantagem política, vai mostrar mais “travessuras” dos homens a quem o PSB atribuiu o “contrato de boca” para ceder o jatinho a Eduardo e Marina.
*

Documentos indicam empresas fantasmas na compra

do avião em que morreu Eduardo Campos

O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade aos extratos da conta AF Andrade – empresa que, para a Anac, é a dona da aeronave.

O Jornal Nacional obteve, com exclusividade, documentos importantes da operação de compra e venda do jato Cessna, que era usado pelo candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos.
O dinheiro que teria sido usado para pagar o avião em que morreu o candidato Eduardo Campos passa por escritórios em Brasília e São Paulo, e por uma peixaria fantasma em uma favela do Recife.
“Rapaz, eu estou até desnorteado. Como é que eu tenho uma empresa uma empresa sem eu saber?”, questiona um homem.
O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade aos extratos da conta AF Andrade – empresa que, para a Anac, é a dona da aeronave. Mas a AF Andrade afirma que já tinha repassado a aeronave para outro empresário, que emprestou para a campanha de Campos.
Os extratos que já foram entregues à Polícia Federal mostram o recebimento de 16 transferências, de seis empresas ou pessoas diferentes. Num total de R$ 1.710.297,03.
Nos extratos aparecem os números do CPF das pessoas físicas ou do CNPJ, das empresas que transferiram dinheiro para a AF Andrade. Com esses números foi possível chegar aos donos das contas.
A empresa que fez a menor das transferências, de R$ 12.500, foi a Geovane Pescados. No endereço que consta no registro da peixaria encontramos Geovane, não a peixaria.
“Acha que se eu tivesse uma empresa de pescado eu vivia numa situação dessa?”, diz Geovane.
Outra empresa, a RM Construções, fez 11 transferências, em duas datas diferentes. Cinco no dia 1º de julho e mais seis no dia 30 de julho, somando R$ 290 mil.
O endereço da RM é uma casa no bairro de Imbiribeira em Recife. Mas a empresa de Carlos Roberto Macedo não funciona mais lá. “Tinha um escritório. Às vezes, guardava o material o outro”, conta ele.
Tentamos falar por telefone com Carlos, mas ele pareceu não acreditar quando explicamos o motivo da minha ligação.
Repórter: Você andou depositando dinheiro para comprar de um avião?
Carlos: Tem certeza disso?
Já um depósito de quase R$ 160 mil saiu da conta da Câmara & Vasconcelos, empresa que tem como endereço uma sala vazia em um prédio e uma casa abandonada. Os dois lugares em Nazaré da Mata, distante 60 quilômetros do Recife.
A maior transferência feita para a AF Andrade foi de R$ 727 mil, no dia 15 de maio, pela Leite Imobiliária, de Eduardo Freire Bezerra Leite.
E completam a lista de transferências João Carlos Pessoa de Mello Filho, com R$ 195 mil, e Luiz Piauhylino de Mello Monteiro Filho, advogado com escritórios em Brasília, Recife e São Paulo, com uma transferência de R$ 325 mil.
Luiz Piauhylino de Mello Monteiro Filho disse que realizou, em junho, uma transferência bancária de R$ 325 mil e que esse valor é referente a um empréstimo firmado com o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho.
O empresário João Carlos Lyra declarou que, para honrar compromissos com a empresa AF Andrade, fez vários empréstimos, com o objetivo de pagar parcelas atrasadas do financiamento do Cessna.
A Leite Imobiliária confirmou que transferiu quase R$ 730 mil para a AF Andrade  como um empréstimo a João Carlos Lyra.
Já o PSB declarou, nesta terça-feira (26), que o uso do avião foi autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.
E que o recibo eleitoral, com a contabilidade do uso do Cessna, seria emitido ao fim da campanha de Eduardo Campos.
O PSB afirmou que o acidente, em que morreram assessores do candidato, criou dificuldades para o levantamento de todas informações.

MAIS UM CRIME ELEITORAL

Há um crime no ar nestas eleições. Ocultá-lo é outro crime, muito maior

27 de agosto de 2014 | 09:34 Autor: Fernando Brito
aviaofantasma
Nem a metade dos negócios sombrios que envolveram a compra do jatinho  que matou Eduardo Campos e mudou o rumo da eleição presidencial já chegou ao  conhecimento público e já há, de sobra, elementos para dizer que houve a formação de uma quadrilha para a aquisição do aparelho, senão por ordem, ao menos em visando beneficiar o  ex-governador de Pernambuco, elevado com a morte a herói da nova e ética  política.
Os fatos evidenciam isso e os organizo de forma cartesiana, para o demonstrar.
Não se trata de um avião adquirido, tempos atrás, por dois ou três empresários inescrupulosos e aventureiros, que resolveram emprestá-lo a um candidato, de olho em vantagens.
O avião foi comprado, inequivocamente, para atender às necessidades de Eduardo Campos em sua campanha, com Marina Silva, à Presidência.
Era o mesmo grupo que fornecia, até o dia 15 de maio, na pré-campanha, o transporte aéreo para o senhor Eduardo Campos: o avião Learjet 45/40, matrícula PP-ASV, da Bandeirantes Pneus, o que está provado, inclusive, por fotos do candidato neste aparelho e fica mais evidente quando se rastreia seu uso.
Os mesmos empresários foram em busca de outro jato executivo, maior e mais confortável, com a finalidade específica de servi-lo na fase mais intensa da campanha. Se o fizeram por ordem de Campos, é impossível afirmar, a menos que um deles ou outra pessoa próxima o confesse.
Mas, mesmo que se admita que o fizeram por iniciativa própria, é certo que Eduardo Campos aprovou a aquisição pessoalmente, num vôo experimental, candidamente confessado pelo ex-co-piloto do aparelho, Fabiano de Camargo Peixoto, em entrevista à Folha, no dia seguinte ao acidente.
Não foi um “presente” da do ao candidato, como quem dá uma caneta bonita. Foi um ato partilhado entre todos, com um objeto que a ele e sua candidatura , acima de tudo, seria importantíssimo.
Há uma vantagem pessoal claramente estabelecida na transação e foi para obtê-la que se praticaram os atos fraudulentos.
Sim, fraudulentos.
Porque agora sabe-se que – além dos antecedentes de pelo menos dois dos compradores, o processado por contrabando Apolo Vieira e o operador de factoring e usineiro João Lyra Pessoa de Mello, já condenado e multado por não registrar operações de câmbio – a compra está povoada de laranjas e fantasmas, como mostrou a reportagem do Jornal Nacional com base nos procedimentos da Polícia Federal, que infelizmente só são acessíveis, como sempre, à Globo.
Os valores não são “uma bobagem”, uma tapioca: só na “entrada” da transação foram mais de R$ 1,7 milhão.
Há, na compra e no uso do avião fatal, materialidade e autoria já bem delineada de crime.
Mas não há, incompreensivelmente, nenhuma ação pública do Ministério Público, tão ativo no Brasil e – lembram da aprovação da PEC 39? – absolutamente autônomo para investigar e geralmente ansioso por opinar até sobre o vôo dos pássaros.
Não se pode confundir respeito aos mortos com encobrimento de crimes, cumplicidades e responsabilidades, inclusive as político-eleitorais, até porque disto se aproveitam os vivos, muito vivos.
Porque este encobrimento significa a negação do mais fundamental direito da sociedade: o direito à verdade.
Mais grave ainda quando a sonegação desta verdade por comprometer decisões que o povo brasileiro irá tomar.

MAINARD É MARINA...

Mainardi é Marina. É a direita que quer o “qualquer um no poder”. Menos Lula

27 de agosto de 2014 | 12:24 Autor: Fernando Brito
mainardimarina
Diogo Mainardi, uma espécie de ícone de boçalidade da direita brasileira produz hoje um artigo primoroso na Folha de S. Paulo.
Primoroso porque é a selvageria desnuda, que não se acanha em mostrar-se e muito menos se camufla em “transversalidades” e “disrupturas”.
Mainardi é o troglodita  pós-moderno, mas evidente.
Define com espantosa sinceridade, ainda que apele para descontextualizar Montesquieu e pô-lo a  serviço de sua idiotia:
    “Sou um homem simples: acredito que, a cada quatro anos, é necessário trocar o bandido que nos governa. Tira-se um, põe-se outro qualquer em seu lugar. Nunca votei para presidente e, por isso mesmo, nunca me arrependi por ter votado num determinado candidato”.
Mainardi não vota porque não precisa do Estado, porque não precisa de um País, porque não tem um povo.
É um indivíduo que acha que pertence ao mundo, e basta-se como sua própria tribo.
Faz parte daquele grupo de selvagens exportados nas naus para serem exibidos às cortes e que, de tantos paparicos, vestem veludos e se acham nobres e europeus.
Mainardi crê-se um homem importante e diante do qual todos devem ficar embasbacados.
Ele  é franco sobre Marina.
Não espera que ela faça grande coisa no governo,  porque do governo ele em nada depende, ao contrário dos pobres coitados que vivem ainda no mundo do salário, da escola pública, da falta de médicos e, sobretudo, num país mergulhado no atraso, não na Veneza onde ele flutua.
O que ele espera é, apenas, que não ganhem os que representam a ideia de  mudarmos o país, não de bandidos no poder.
Mainardi é o espetáculo da sinceridade, que só em uma coisa se falseia.
Quando ele afirma e reafirma ser um homem simples.
Não, ele não é.
Mainardi é um produto complexo do pensamento elitista, que se desnatura da humanidade ao extremo e, aí sim, pergunta, com a ingenuidade de Maria Antonieta, porque o povo não come brioches.

O EMPRÉSTIMO.

A história do “empréstimo” do jatinho não resiste a um peteleco

27 de agosto de 2014 | 14:52 Autor: Fernando Brito
geovane
Quem gosta de emoções fortes que se prepare.
Nem com toda a “amizade” da mídia a história do “empréstimo de boca” do fatídico jato que matou Eduardo Campos se sustentará.
Começou a ser demolida ontem, no Jornal Nacional, e virá mais, muito mais, ainda que ontem, na Band, os jornalistas parecessem mais preocupados em fazer “tabelinha” com os candidatos para atingir Dilma Rousseff.
Porque é o tipo da situação que não tem como ser contida dentro dos jornais, a não ser por um pacto muito grande e violento sobre as redações.
Há um “festival de laranjas” na transação e um bicho graúdo, que é Apolo Vieira, apontado pela Receita Federal como fraudador de importações e processado por contrabando.
Entre as empresas que surgem na lista dos depósitos “picadinhos” que deram a AF Andrade R$ 1,7 milhão há outras situações inexplicáveis, como a do pobre Geovane, o pescador que apareceu ontem no JN como “sócio” na compra do avião.
A empresa Ele Leite, do amigo de Eduardo Campos, Eduardo Freire Bezerra Leite – vulgo Eduardo Ventola – está registrada como microempresa, mas tem mais de R$ 720 mil para “emprestar”  para a compra de um avião.
Outra microempresa, a Câmara & Vasconcelos, que funcionaria numa rua miséravel de Nazaré da Mata, periferia de Recife, ajudou com R$ 160 mil, sem contar aquela RM cujo dono gargalhou ao ser informado que agora era sócio dos destroços do avião.
E o tal João Paulo Lyra, que assumiu ter sido o operado desta “colheita fantasma” para a compra do avião?
O cidadão tem uma condenação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, por deixar de registrar operações em dólar na sua empresa de factoring, a JCL.
Por todo lado que se olhe não há nada que sustente esta versão de empréstimos imensos, “de boca”, como “de boca” foi o “empréstimo” do avião.
Isso não existe.
E não existe, mesmo.