terça-feira, 26 de maio de 2015

PASSANDO DOS LIMITES...

Janio sobre Cunha:
uma vontade basta

A vontade de Eduardo Cunha não tem admitido concessões mais do que aparentes.


Conversa Afiada reproduz importante passagem do artigo de Janio de Freitas, extraído da Fel-lha (ver no ABC do C Af):

UMA VONTADE BASTA



(…)

Algumas conclusões não coincidiram com o desejo pessoal do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O relator Marcelo Castro fez alterações obedientes, mas sobrou alguma coisa inalterada.

Eduardo Cunha não admitiu que a comissão votasse o relatório, levando-a a adiar a decisão. Já que o relator se recusava aos gestos finais de servidão, Eduardo Cunha fez saber que iria substituí-lo. Logo, porém, optou por outra exorbitância: levaria o projeto para votação direta do plenário, com a já conhecida manipulação de sua tropa, desprezando o relatório e a opção final da comissão sobre os temas nela discutidos.

Nada do que tenha sido negociado ontem, sobre o encaminhamento a prevalecer, merece confiança até hoje. A vontade de Eduardo Cunha, já se viu bastante, não tem admitido concessões mais do que aparentes.

(…)

A divergência começou entre peemedebistas, e peemedebistas vão fazer o número para decidi-la. Nele, Eduardo Cunha não opina: manda na maioria. Como se dá com quase todas as bancadas pequenas. E pronto. Temos um instantâneo da republiqueta que, desse modo, define a cara de sua democracia. 

(…)



Em tempo: o deputado Jean Wyllys criticou Eduardo Cunha em mensagem postado no Facebook:

OS DESMANDOS DO PRESIDENTE DA CÂMARA, EDUARDO CUNHA, PASSARAM DOS LIMITES!



Estava agendada para agora (a partir das 18h) a sessão da Comissão de Reforma Política que votaria o relatório do deputado Marcelo Castro (PMDB) – este relatório embora não seja aquilo que nós do PSOL e organizações da sociedade civil como OAB, CNBB, MCCE e outras de igual relevância queremos é, contudo, fruto de exaustivas discussões, audiências públicas e oitivas realizadas pela comissão especial ao longo dos últimos meses.

Eis que, a caminho do plenário onde se realizaria a sessão, sou surpreendido com a informação de que esta fora cancelada por decisão de Eduardo Cunha, que não está contente com o relatório do deputado Marcelo Castro.

Segundo informações que circulam pelos corredores da Câmara, Cunha reuniu, na residência oficial do presidente, um grupo reduzido de deputados aliados seus e, com estes, decidiu que o relatório de Castro não seria votado na comissão especial, mas, sim, no Plenário da Câmara amanhã. As mesmas informações antecipam que Cunha destituirá Marcelo Castro da função de relator e nomeará Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu aliado, o novo relator da matéria em plenário.

Cunha já tinha humilhado o deputado Marcelo Castro antes em entrevista a O Globo, tratando-o como um qualquer sem condições de produzir o relatório que ele, Cunha, desejava. Castro se calou diante da humilhação.

Eduardo Cunha deseja a todo custo aprovar o sistema eleitoral batizado aqui de “distritão”, que é o pior dos sistemas possíveis, em vigor apenas no Afeganistão. APENAS NO AFEGANISTÃO! Trata-se de um sistema em que é eleito apenas quem tem dinheiro e popularidade prévia: se aprovado, o parlamento ficará mais cheio de pastores fundamentalistas e comerciantes da fé, empresários ricos, apresentadores de programas sensacionalistas de tevê e rádio e jogadores de futebol do que já está no momento; além disso, se aprovado, qualquer governo terá que lidar com um varejo de deputados defendendo interesses privados que só poderá ser vencido mediante “mensalões” e outros esquemas hoje repudiados pela mídia em suas investidas contra o governo do PT. Já pensaram nesse horror?! Os partidos desaparecerão, as ideologias políticas idem e os movimentos sociais não terão qualquer chance de eleger representantes!

Ou seja, o que Cunha propõe – com a complacente cobertura de boa parte da mídia de propriedade privada – é uma contra-reforma política que apenas colocará mais raposas (organizações empresariais, banqueiros, especuladores financeiros, porta-vozes das indústrias farmacêutica, automobilística, de bebidas e armamentista e do agronegócio, empreiteiras e construtoras) livres no galinheiro.

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