Paulo Metri: A mídia do capital e as mazelas do nosso povo
Escrito por: Paulo Metri
Fonte: Blog Paulo Metri
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Os meios de comunicação corruptos, comprometidos com a manipulação da população, não têm redatores de notícias, têm roteiristas criativos, que devem ficar criando saídas para os constantes furos de quem não têm a verdade consigo
É deprimente ver incompreensão, desinformação, deturpação da verdade e
má intenção na humanidade. Nestes casos, o agente do mal busca sempre
mais riqueza e poder. Em contrapartida, no consequente conjunto de
impactados, são colocadas penúria e humilhação. De forma correta, a
sociedade tem criado proteções para minorias e, às vezes, para maiorias,
desde que estejam sendo maltratadas. Com muito esforço e luta, a
sociedade resgatou, em parte, o direito dos negros, dos homossexuais,
das mulheres e dos miseráveis. Estes grupos começam a ter vidas menos
sofridas. Mas, falta muito a ser atendido. Busco chegar a determinada
tese e, para isso, preciso estudar alguns casos.
Em um grupo conservador, foi feito um debate para se explicar as causas
do baixo nível de desenvolvimento brasileiro. Logo, apareceram o “custo
Brasil”, a “baixa especialização da mão-de-obra” e a “existência da
pobreza, que dificulta a capacidade cognitiva dos trabalhadores”. Sem
entrar no mérito, foi lembrado que o desenvolvimento em pauta não era só
o econômico, pois existiam também o desenvolvimento social, o político e
outros.
Com esta nova abrangência da análise, se não fosse triste, teria sido
engraçado ouvir pessoas dizerem absurdos como: “a preguiça de algumas
pessoas os leva à condição de extrema pobreza” e “oportunidades existem,
vejam, por exemplo, o caso do Ministro Joaquim Barbosa, que de origem
humilde chegou a ministro do STF”. Mas, o auge da cretinice ocorreu
quando afirmaram que “em qualquer sociedade, têm que existir pobres e,
por isso, é uma ilusão imaginar uma sociedade sem pobres”.
Durante estas observações, fiquei pensando: “A quem querem enganar?
Porque deve ser difícil alguém pensar assim, honestamente.” Era o caso
de se perguntar: “A exploração capitalista, como razão para a geração de
pobreza, não conta?” Estive presente neste grupo por uma destas
imposições do trabalho que acontecem na vida. Seus membros já tinham o
conservadorismo incrustado em suas almas. A pergunta que persiste é:
“Como eles foram formados?”
As cortinas se fecham e se abrem na época do Rio+20. Um professor da
USP está sendo entrevistado por um canal de televisão e a repórter, que
havia sido bem treinada, busca arrancar dele palavras de apoio para a
“economia verde”. Em determinado instante, ele disse algo como: “A
ganância e o individualismo, característicos do capitalismo, levam a
este menosprezo pela natureza. Se tivéssemos um mundo mais solidário com
seres mais humanos, a natureza seria preservada naturalmente.”
As cortinas se fecham e se abrem, novamente. Aparece o senhor Paulo
Skaf dizendo a frase: “A terceirização é boa para o trabalhador”. Esta
frase é um descalabro, mas fiquei esperando algum líder de central
sindical ser entrevistado e dizer: “A terceirização é boa para o
patrão”. Mas, ele não chegou, porque trabalhador não tem vez na mídia
tradicional. O quase nada que o governo Dilma fez nesta área é
imperdoável.
É estarrecedor o grau de agressividade dos meios de comunicação.
Plagiando o coronel Passarinho, os donos desta mídia devem pensar: “Que o
conceito de igualdade de oportunidade na mídia para todos os grupos vá
às favas. Vamos deixar de lado os pruridos. A mídia é nossa e nós
entrevistamos quem nós queremos.” Obviamente, eles não têm nenhum receio
que a concessão de operação da mídia seja revogada. Assim, a mídia é um
grande instrumento de ação política a serviço do capital.
Vamos analisar melhor a posição do senhor Skaf. A terceirização
proposta por ele pode repercutir desfavoravelmente para a classe que ele
representa. Não é só na Física que “a toda ação existe uma reação de
intensidade igual e em sentido contrário”. À medida que maiores parcelas
da mais-valia dos trabalhadores são retiradas ou eles perdem o emprego,
menos comida chega às suas casas, eles não conseguem ter acesso a
médicos e hospitais, e outras mazelas ocorrerão. Assim, o nível de
angústia da população carente irá aumentar com a terceirização. Não há
como negar que, quanto maior este nível de angústia, o cidadão ficará
mais propenso a atuar na criminalidade. Não digo que o aflito está
liberado para praticar crimes, mas está sendo impelido para a
criminalidade.
Desta forma, os que auferiram maiores lucros com a terceirização irão
gastar mais com carros blindados, motoristas mais caros, porque sabem
lutas marciais, equipamentos novos de segurança para suas casas e
guarda-costas para si e os entes queridos. Fora o sobressalto constante
que seu sequestro ou de algum familiar representa. O crescimento do
índice de Gini, que mede a má distribuição de renda em uma sociedade,
causado pela terceirização, significará, em última instância, maior
insegurança na sociedade. Nesta hora, o Estado será denunciado,
principalmente pela classe rica, como único culpado por não garantir
segurança para os cidadãos. Esquecem que não há só a segurança física.
Há também a segurança alimentar para os pobres, a segurança da educação
para os filhos dos trabalhadores, a segurança do atendimento de saúde
para os pobres e, por aí, vai.
Os meios de comunicação corruptos, comprometidos com a manipulação da
população, não têm redatores de notícias, têm roteiristas criativos, que
devem ficar criando saídas para os constantes furos de quem não têm a
verdade consigo. Para a população despolitizada, é difícil, em muitas
situações, descobrir onde está a verdade. Por exemplo, no conturbado
Grande Oriente, sem querer justificar as injustificáveis ações do Estado
Islâmico, tenho dúvida se só eles praticam atrocidades. É difícil saber
qual é o mundo real. A única forma de combater a manipulação é
identificando alguns articulistas, que são nossas estacas, pois servem
como ancoradouro para a população em busca de compreensão do que está
por trás dos noticiários. São os tradutores da ficção para o real e são
encontrados, basicamente, nos sites, blogs etc.
Finalmente, a citada tese é que a causa mater é a mídia do capital, que
está aí, e sua triste consequência são as mazelas do nosso povo. Sem
compreender o que acontece por falta de informação, a população não se
protege, não evolui politicamente e elege representantes que irão
prejudicá-la. Pouco irá representar uma nova lei que reforme a política,
se ela será realizada pela maioria de desonestos que, hoje, sacrificam o
povo em benefício próprio e dos grupos que representam.
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