quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

MÉDICI SABIA DE TUDO...

11/12/2014 – 16h06 | última atualização em 11/12/2014 – 15h07

Comissão da Verdade afirma que Médici sabia da tortura nos quartéis

Fonte: site G1
A Comissão da Verdade do Rio de Janeiro divulgou, nesta terça-feira, dia 9, cópias de prontuários médicos que revelam o sofrimento imposto a três mulheres presas durante a ditadura militar. Com base nesses documentos, a comissão afirmou que o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici sabia da tortura nos quartéis.
 
Maria Dalva tinha 23 anos quando foi presa, no Rio, em 1970. "Passei pelo pau de arara, fui pisoteada com botas militares", revelou Dalva Bonet, professora. Para tratar dos ferimentos, foi levada para o Hospital Central do Exército.
 
Cópias dos prontuários de Maria Dalva e de outras duas presas que já morreram, Vera Sylvia Magalhães e Francisca Abigail Paranhos, passaram mais de 30 anos na casa do general Emilio Garrastazu Médici, presidente da República até março de 1974. As fichas médicas estão em um relatório dividido em três volumes elaborado pelo então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid.
 
O relatório faz parte de um acervo com mais de 50 caixas que guardam cerca de mil documentos. Foi uma doação feita há dez anos pela família do ex-presidente para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Após tudo ser catalogado, há quatro meses, o material foi liberado para a pesquisa.
 
O relatório cita causas psicológicas para os problemas de saúde das presas.
 
O boletim médico de Vera registra que ela sentia dores pelo corpo e dificuldade de caminhar. Porém, o diagnóstico afirma que ela estava com uma paralisia nas pernas por problemas psicológicos. Mas, para o perito que analisou os documentos, eles acabam provando a existência de tortura.
 
"É totalmente absurdo. Aquela paralisia era pela dificuldade dela em caminhar por ter ficado submetida ao pau de arara por muito tempo", disse Levy Inimar de Miranda, perito legista.
 
"Mostra que a cadeia de comando da tortura, do desaparecimento forçado começava no Palácio do Planalto", afirmou Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio.
 
O Exército não se manifesta sobre assuntos ligados à Comissão da Verdade. O Jornal Nacional não conseguiu contato com nenhum representante da família Médici.

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