terça-feira, 9 de setembro de 2014

SEM ÉTICA.

Luciana Genro
PSOL: "socialismo" burguês e sem reformas
Em entrevista para o G1, Luciana se esforça para mostrar que seu programa é burguês e que não fará grandes mudanças

 Luciana Genro defende mais verbas para os governadores.
Em entrevista ao portal de notícias G1, a candidata à presidência pelo Partido Socialismo e Liberdade, Luciana Genro, expôs seu programa de governo, abertamente burguês e coberto por demagogia.
O Psol, partido criado por parlamentares expulsos do PT para manterem seus cargos, mostra a cada eleição que pouco se diferencia dos demais partidos financiados pela burguesia.
Para ela, a ideologia socialista seria aquela em que a “lógica do lucro não se sobreponha a lógica do bem-estar do ser humano, mas é evidente que o socialismo não se faz com decreto e muito menos por uma eleição presidencial.” Mesmo assim, a candidata não fala em revolução. Detém-se no terreno eleitoral.
Ao falar sobre as experiências "socialistas", Luciana afirma corretamente que não houve socialismo no mundo. No entanto, justifica sua tese com a falta de democracia nos países que expropriaram o capital. É a velha tese de Carlos Coutinho, da democracia como valor universal. Para Luciana, a questão não é se os países tinham condições materiais de chegar ao socialismo, mas se seus governantes tinham a boa intenção de fazê-lo, uma evidente farsa. O Socialismo não pode se estabelecer como um sistema político em um só país e a grande questão evidentemente não é a democracia abstrata defendida por Luciana, mas o problema é material.
Como a proposta do Psol não consiste em organizar a classe trabalhadora para chegar ao poder e lutar pelo socialismo, mas também não se admite abertamente como um partido burguês, Luciana Genro diz que substituirá os acordos no congresso por propostas que tenham apoio popular. Desta forma, sem modificar em nada a estrutura atual, ela conseguiria aprovar suas propostas. Mas e se não houver pressão popular suficiente para todas as suas propostas? Ela certamente terá de se submeter aos mesmos acordos, ou não governará.
A política de Luciana Genro é voltada para a criação de um capitalismo mais justo, não pela criação das condições para a chegada ao socialismo. Com isto, apresenta propostas ao estilo da burguesia, dando fórmulas e com o próprio partido determinando efetivamente qual é o meio para tornar o país “melhor”.
Seu programa burguês é colocado mais claramente ao ser questionada sobre qual seria sua primeira medida se assumir o governo. Luciana afirmou demagogicamente que seria “ouvir as vozes de junho”. Isto seria feito dando “maiores condições para os estados investir”. Em outras palavras, a candidata do Psol está afirmando que para atender as reivindicações das manifestações ocorridas em junho de 2013, ela dará mais dinheiro para os governadores. Será que é o interesse de Alckmin, Anastasia e do Pezão, os governos que mais reprimiram as manifestações, atender os interesses dos manifestantes?
Esta declaração só serve para Luciana sinalizar para os demais políticos burgueses que como ela mesma disse, o Psol é “radical não no sentido de ser intransigente, mas de ir à raiz dos problemas”. Luciana Genro quer sinalizar para a burguesia que um governo do Psol é viável, que ela garantirá aos governos repasse maior de verbas, é radical, mas capaz de abrir mão do que ela defende.
Este aumento do repasse serviria para, de acordo com as “vozes de junho”, permitir a redução da tarifa do transporte público, por meio do aumento dos subsídios. Em hora nenhuma a candidata trata da necessidade de se estatizar o sistema público de transporte, de forma que sua proposta consiste em garantir a manutenção dos lucros dos tubarões do transporte, por meio do dinheiro público.
Dentro da mesma política, Luciana entra totalmente nas pautas defendidas pelos grandes candidatos da burguesia. Enquanto todos falam em reforma tributária, a psolista apresenta a proposta similar de “revolução tributária”. A principal mudança seria uma readequação do imposto de renda e a taxação das rendas superiores a R$ 50 milhões em 5%, o que é bastante tímido e arbitrário. Não há uma proposta concreta que vise livrar a população da espoliação através da alta carga tributária, mas novamente uma política demagógica.
Será que o fim da CPMF aprovada por Lula, as diversas mudanças feitas pelo governo do PT ou as propostas de mudanças nos impostos reivindicadas por todos os candidatos não poderiam também ser chamadas de “revolução tributária”?
Dentro da explicação da única “revolução” proposta pela filha de Tarso Genro, a desigualdade dentro de uma empresa é explicada não como uma questão de classe, mas decorrente da não taxação do lucro do empresário. Luciana Genro mostra que seu programa não possui qualquer caráter de classe. A proposta é estabelecer por meio dos impostos que o empresário vai ganhar o mesmo salário que os funcionários? Isto sim é uma revolução.
Segundo Luciana Genro, estas propostas que apresenta seriam uma espécie de programa de transição. A política formulada por Trotski, neste sentido, não tem nada a ver com isto colocado pelo Psol. As reformas devem ser reivindicadas e feitas pela própria classe trabalhadora e com o objetivo de possibilitar as condições materiais necessárias para a chegada ao socialismo e não para a criação de um capitalismo mais “ético”.

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