Comissão de jornalistas não consegue entregar ao presidente Domingos
Meirelles manifesto contra o golpe midiático, judicial e parlamentar
Por Mário Augusto Jakobskind, Lygia Jobim, Solange Rodrigues e André Moreau , Riod e Janeiro 22 março 16
O atual presidente da Associação Brasileira da Imprensa, o Sr. Domingos Meirelles não está realmente preparado para ocupar o cargo. Não se trata do fato de estar fazendo em sua gestão o jogo do patronato midiático conservador, que, claro, é desabonador e mancha a entidade secular, a Casa dos Jornalistas.
Ao tentarmos entregar em seu gabinete, na presidência da ABI documento assinado por um grupo de jornalistas que se posicionaram contra o golpe midiático, judicial e parlamentar em andamento, Meirelles não só se recusou a receber o material das mãos da associada Lygia Jobim, ex-presidente do Conselho Deliberativo da ABI, como destratou o associado e também ex-conselheiro e ex-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da ABI, Mário Augusto Jakobskind, que fotografava a entrega, assim como Solange Rodrigues, editora do IDEA, programa de televisão, canal universietário de Niterói/UNITEVÊ-Universidade Federal Fluminense (UFF), e André Moreau, também ex-conselheiro, que estava na antesala, membros da comissão do manifesto dos jornalistas contra o golpe.
?Saia daqui, você não está em sua casa?. Em resposta, Jakobskind argumentou que ele estava censurando o trabalho do repórter fotográfico. Apoplético, dando a impressão que partiria para a agressão física ao associado, Meirelles em tom de voz agressiva complementou que ?conheço o seu currículo. Retire-se?.
O principal objetivo dos membros da comissão era mesmo o presidente da ABI receber o manifesto dos jornalistas com críticas também ao posicionamento de Meirelles como linha auxiliar de entidades representativas do patronato midiático, como a Abert (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) e a ANJ (Associação Nacional dos Jornais).
O manifesto dos jornalistas acabou sendo ?protocolado? pela diretora Ana Costabile, que assinou o recebimento quando também se encontrava na sala da presidência, escrevendo numa cópia do documento que o encaminharia para Domingos Meirelles.
O lamentável episódio revela a faceta autoritária e grosseira do atual presidente da ABI, que em plena sala onde assina recibos e tudo o mais censura o trabalho de alguém que naquele momento exercia a função de repórter fotográfico. E isso para não dizer que anos atrás Meirelles traiu quem o ajudou por mais de 30 anos, o jornalista e então presidente da ABI, Maurício Azêdo, conforme relato em anexo do próprio Azêdo (que morreu em processo de depressão), em filme. (ver:https://youtu.be/pLT5r_
É óbvio que Meirelles não está preparado para o cargo que exerce. Expulsa associados que o criticam e ainda por cima falando ameaçadoramente em ?currículo? para um jornalista, comportando-se, portanto, não como um profissional de imprensa, mas como um policial dos tempos da ditadura.
Cabe agora aos associados que almejam que a ABI volte a ser uma entidade presente nos acontecimentos nacionais e não como linha auxiliar do patronato midiático conservador, hoje apoiador da tentativa de golpe midiático, judicial e parlamentar em andamento no país, se mobilizarem contra alguém como Domingo Meirelles, que não tem gabarito moral para exercer a presidência da ABI.
MANIFSTO:Jornalistas Contra a Tentativa de
Golpe Midiático, Judicial e Parlamentar
Jornalistas se posicionam diante dos últimos acontecimentos
Um grupo de jornalistas, associados ou não da Associação Brasileira de Imprensa, se posiciona na defesa da legalidade democrática e contra a tentativa de golpe midiático, judicial e parlamentar em andamento no Brasil.
O manifesto segue em aberto para adesões de mais jornalistas independentes que fazem questão de se manifestar publicamente condenando a manipulação da informação que vem sendo colocada em prática por vários grandes veículos de comunicação conservadores.
Nós jornalistas, associados da ABI ou não, vimos, através desta, manifestar publicamente nosso repúdio às tentativas em curso de eclosão de um golpe midiático, judicial e parlamentar, que levará o Brasil à quebra da ordem constitucional com a derrubada da Presidenta constitucional Dilma Rousseff.
O que nos move também é evitar que aconteça com a nossa entidade secular o mesmo que ocorreu em 1 de abril de 1964, quando a diretoria da ABI em um primeiro momento apoiou a quebra da ordem constitucional que resultou na derrubada do Presidente da República, João Goulart e 21 anos de uma ditadura empresarial militar que torturou, assassinou e prendeu quem se insurgia contra o regime de exceção, além de longos anos de censura à imprensa.
Cumpre ressaltar que perdemos entre outros membros da Casa dos Jornalista, o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony que precisava de um documento assinado por um dirigente de classe, comprovando que ele não era terrorista, isto para não ser preso, o que foi negado pela diretoria da ABI e posteriormente pelo Sindicato dos Jornalistas, que inclusive o expulsou de seu quadro de associados
Nos dias atuais, em pleno Terceiro Milênio, lamentavelmente, a grande mídia brasileira se posiciona de forma antijornalística, comportando-se na prática como partido político defensor de valores antidemocráticos, como aconteceu em outros momentos históricos de crise política em nosso país, entre os quais em agosto de 1954, que culminou com a morte do Presidente Getúlio Vargas, as tentativas de derrubar o então Presidente eleito Juscelino Kubitschek e ainda o golpe de 1 de abril de 1964.
Não podemos esquecer que durante a ditadura empresarial/militar Juscelino Kubitschek foi levado várias vezes às dependências da Polícia Federal para prestar depoimento sobre a
"compra de um imóvel", utilizando-se então o mesmo modus/operandi atual contra o ex-Presidente Luis Inácio Lula da Silva.
A única diferença é que hoje a conspiração ocorre em escala continental/ocidental. A informação é uniformizada de forma estratégica visando alienar num primeiro momento, seguindo a linha de Joseph Goebels, o responsável pelo departamento de propaganda do III Reich nazista, para posteriormente manipular, criando fatos, como, por exemplo, juízes heróis dispostos a trabalhar na promoção de espetáculos de justiçamento em nome do povo, mas que em verdade, só atendem interesses dos blocos de empresas de comunicação e de acionistas que faturam com a quebra da Petrobrás
Hoje, a omissão de fatos importantes e destaque desproporcional na cobertura dos acontecimentos é visível e objetivam fazer cabeças, ou seja, influenciar no posicionalmente da opinião pública em favor de um dos lados. Como exemplo concreto, vale destacar editoriais da imprensa ofensivos à Presidente da República , como o do jornal The New York Times e o silêncio sobre o pedido do Presidente do Uruguai, Tabaré Vasquez no sentido da Unasur (União das Nações Sul Americanas) se posicionar em defesa da ordem constitucional ameaçada no Brasil pela campanha contra a Presidenta Dilma Rousseff.
Repudiamos também a tentativa de golpe na área do judiciário quando juízes acionam dispositivos, ilegais de fato e de direito, que estão levando o país ao acirramento de ânimos que poderão conduzir até uma convulsão social.
Para completar o quadro, no Parlamento brasileiro, onde alguns representantes não têm estatura moral para falar em nome do povo brasileiro, até por já serem réus acusados de corrupção, conduzem a toque de caixa, sem base legal, processo de impeachment contra a Presidenta da República.
Enquanto jornalistas não podemos aceitar em silêncio tal fato.
Defendemos sim, a punição de responsáveis por corrupção em qualquer esfera, mas não podemos silenciar diante do quadro atual em que, vale sempre repetir, setores da mídia, do judiciário e do Parlamento conduzem suas ações para um golpe de estado semelhante ao ocorrido em outros países da América Latina como o Paraguai e Honduras.
Defendemos, não partidos políticos, mas sim a democracia ameaçada neste momento grave que atravessa a nação brasileira.
Diante da urgência que o caso requer e da omissão da atual diretoria da ABI e do presidente Domingos Meirelles diante do atual momento, propomos divulgar esta nota imediatamente, já que consideramos o espaço vago e a ABI precisa ocupá-lo com posição que defenda a legalidade democrática e todos os jornalistas.
Depoimentos de DIVERSOS jornalistas:
A Associação Brasileira de Imprensa Não é de um Dono
A ABI é uma instituição de tradição no jornalismo brasileiro. Quando se fala em jornalismo, está incluída ABI. A ABI não é de um dono. É uma instituição cultural e plural. Houve um tempo em que a ABI atuava fortemente no jornalismo brasileiro e por isso ela tinha marca expressão. Era um tempo em que o Rio de Janeiro tinha grandes jornais, um deles, o Correio da Manhã, sob o comando da Guiomar Moniz Sodré, uma mulher valente. É por isso que, pela primeira vez, a ABI deve se expressar assumindo o seu papel: o papel da imprensa livre na defesa da nossa Constituição e da soberania nacional. A ABI tem que participar ativamente em defesa dos jornalistas que lutam contra o golpe, restabelecendo o papel de Barbosa Lima Sobrinho e de Maurício Azêdo, que sempre foram sérios defensores da imprensa. É preciso que acima de tudo a ABI e os jornalistas estejam compromissados com os ditames da verdade. Felizmente sempre aparecem mulheres valentes, dignas do maior respeito, uma delas agora, é a Presidenta Dilma Rousseff, que pela valentia, está causando incômodo entre os velhos oligarcas. Dilma é uma mulher digna de admiração e respeito. O projeto de governo da Dilma, especial como é, causa incômodo entre os reacionários. A ABI é uma instituição democrática que não pode se curvar diante dos donos do poder. (José Louzeiro, é Jornalista e Escritor)
Jornalistas têm de defender a legalidade democrática
É fundamental neste momento grave que o nosso Brasil atravessa que a ABI retome a sua trajetória histórica de estar presente nos acontecimentos e defender de forma veemente a legalidade democrática. O momento é este! E nós, jornalistas independentes, não podemos silenciar. Temos de nos posicionar, porque se não o fizermos o silencio diante da tentativa de golpe midiático, judicial e parlamentar que está em andamento pode fortalecer os setores que ao longo da história brasileira sempre se posicionaram ao lado das forças do arbítrio.
E no caso da atual diretoria da ABI, desde a ascensão do grupo capitaneado por Domingos Meirelles, a entidade, considerada a Casa dos Jornalistas, tem se posicionado como linha auxiliar do patronato midiático. Basta dizer que a atual diretoria colocou-se contra o direito de resposta. Maurício Azêdo, Barbosa Lima Sobrinho e Gustavo Lacerda, um dos fundadores da ABI e tantos outros jornalistas combativos que não estão entre nós se sentiriam envergonhados com uma direção deste nível. É preciso dizer mais alguma coisa? Ou será que alguém ainda tem dúvidas? (Mário Augustio Jakobskind, é Jornalista e Escritor)
A ABI Não Pode Repetir o Erro de 1964
Quando a cultura de um país é sistematicamente destruída por décadas e substituída por outra alienígena a população é adestrada nas Escolas e todos tornam-se andróides. Não sabem mais o que querem, não sabem mais pensar; são conduzidas segundo as ordens que recebem e são mantidas através do cultivo do ódio contra todos aqueles que não são andróides e pensam.
As inteligências que conduzem suas criaturas se ufanam e se locupletam por apresentarem o resultado esperado pelo colonizador.
O Ministério da Verdade exulta e a audiência sobe. (Solange Rodrigues, é Jornalista e Escritora)
A Associação Brasileira de Imprensa de Joelhos?
Não, é Preferível Morrer de Pé!
Sob a égide dos senhores da mídia, a judicialização vem sendo promovida a peso de ouro na América Latina ameaçando a soberania de governos legitimamente eleitos, voltados para o social. O Brasil é atingido a partir de 2013 quando Dick Shane vem ao Brasil pedir a Presidenta Dilma Rousseff para abrir o mercado do petróleo retirando o contrato de partilha, para sua exploração. Entre as informações que desinformam passadas pela mesma imprensa que cinqüenta anos após o golpe empresarial/militar de 1º de abril 1964, veio a público dizer que se arrependia de ter ajudado a implantar uma ditadura cruel e sangrenta em nosso país. A crise intencional gerada para desmontar todos os ganhos sociais do nosso pais vem gerando a demissão de centenas de trabalhadores, independente se braçais, graduados e jornalistas formadores de opinião. A repercussão da farsa foi decantada e repetida até virar verdade. A verdade oriunda da mentira é o principal elemento para que se instale no país a convulsã o social. A trama atingiu Honduras e Paraguai e avança em direção a Bolívia, Equador, Venezuela e cuba. A ação contra a Presidenta Dilma Rousseff contém requintes de tortura psicológica, como, poderíamos comparar a um feminicídio, tratado no Brasil de forma banal. O quadro me remete ao golpe que vivenciamos na ABI que levou a morte do jornalista, então presidente Maurício Azêdo. (André Moreau, é Jornalista e Cineasta)
Em Luta Pelo Fim da Omissão
Não podemos nos omitir, silenciar, neste momento crucial para manutenção da democracia no Brasil.
A nossa mobilização profissional, neste momento, precisa ser urgente e permanente. E o nosso repúdio e a denúncia à estratégia dos golpistas devem ocorrer através de todos os canais de mídia independente disponíveis (Léa Aarão Reis, é Jornalista)
Politização da Justiça, Mídia e Riquezas Nacionais
A espetacularização das ações do poder judiciário não é meio adequado de fazer justiça. A divulgação de conversas particulares não relacionadas ao objeto da investigação, pelo juiz Sérgio Moro, foi desnecessária e não contribuiu para a busca da verdade a ser proferida na sentença. Ao contrário, demonstrou sua parcialidade. Tratou-se de medida sem propósito e afastada da legalidade. Sua conduta foi agravada pelo fato de terem sido realizadas gravações e divulgação de conversa da Presidenta da República, quando já revogada a autorização para quebra do sigilo das comunicações de terceiros com quem ela falava. A lei é clara. Se numa investigação se depara com atuação de pessoas que tenham prerrogativas de foro, o investigador não pode continuar sua atividade; deve remeter todo o processo ao órgão competente. E não pode praticar vilipêndio ao processo por meio de divulgação midiática. Juizes não são atores circenses em busca da aprovação do respeitável público. Conversas pessoais devem ser desprezadas nas investigações. É o que diz a lei cujo cumprimento compete aos juizes.
A espetacularização praticada pelo juiz Sérgio Moro ultrapassou o limite pensado pelo juiz nazista Roland Freisler, pois ao invés de assegurar a ordem, como fazia o juiz alemão, pretendeu criar clima de comoção social e possibilitar golpe.
A aliança de judiciário e mídia não fortalece a democracia. A legitimidade da atuação dos juizes, no Brasil, é fundada na Constituição e deve se desenvolver em nome da ordem constituída. Os juízes não são legitimados, diretamente, pelo povo. O povo não tem conhecimento ou possibilidade de controle sobre o que acontece nos bastidores dos tribunais ou atrás das câmeras das empresas de comunicação. Empresas familiares de comunicação não são guardiãs de interesses republicanos, mas apenas dos interesses de seus proprietários. O poder da mídia há de ter controle social e do judiciário há de ser limitado pela lei.
Há um passado lesivo ao povo brasileiro que insiste em se fazer presente. Em 1954, interesses escusos denunciados na Carta-testamento de Getúlio Vargas bradavam contra a corrupção no governo e levou aquele presidente nacionalista ao suicídio. Tais interesses se articularam para o golpe empresarial-militar de 01 de abril de 1964. Em ambas as situações falavam em combate à corrupção. Em 1954 o principal noticiário brasileiro era o Repórter Esso, mantido por empresa petrolífera estadunidense e que auxiliado por empresas de comunicação brasileiras atacavam o presidente eleito. A audiência e notoriedade do Repórter Esso foram sucedidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, no ar desde o início de 1965.
Os muitos erros do atual governo não hão de ser justificativas para retrocesso nos direitos sociais, vilipêndio à instituições democráticas e republicanas, nem entrega das riquezas nacionais a interesses outros que não os interesses do povo brasileiro. (João Damasceno, é Juiz de Direito e Cientista Político, membro da Associação Juizes para a Democracia).
Em Defesa da Democracia
O que está em jogo neste momento no Brasil não são apenas as conquistas dos anos recentes, mas também a continuidade e aprofundamento da democracia ou o retrocesso para processos conservadores do ponto de vista econômico e repressivo do ponto de vista social.
A direita quer criar um consenso artificial a favor do impeachment e da exclusão do Lula da vida política. Cabe aos democratas construir o consenso popular pela democracia, em que a ABI sempre teve papel de vanguarda.(Emir Sader, é Jornalista e Cientista Político)
ABI não pode ficar calada
A ABI não existe para calar-se, nem para servir a qualquer grupo ou empresa. Deve expressar os sentimentos, pensamentos e princípios que refletem a essência do jornalismo: a busca pela verdade, a garantia de informação livre e independente, direito fundamental dos povos. A ABI, presidida por Domingos Meirelles, não pode se omitir diante do brutal desrespeito ao direito à informação praticado pelos grandes meios de comunicação e instâncias do Judiciário. Domingos surgiu e começou a se destacar na redação da Última Hora do Rio de Janeiro nos difíceis primeiros anos da Ditadura, quando ainda era possível driblar a vigilância da censura encontrando maneiras de informar e esclarecer os leitores. Sua obra de maior destaque é uma reportagem investigativa em forma de livro sobre a Coluna Prestes, resultado de anos de trabalho em busca da verdade. Suas atitudes de hoje não estão à altura das partes mais belas de sua história e da História do Jornalismo Brasileiro. Os jornalistas só po dem cumprir inteiramente seu papel no gozo da mais completa Liberdade. No momento atual, isto passa pela defesa da legalidade democrática e pela mobilização contra o golpe, qualquer que seja. A ABI tem que se somar a esta luta e agir para que a verdade vença, como o fez em tantos outros episódios. (Luiz Alberto Sanz, é Jornalista e Cineasta)
A Associação Brasileira de Imprensa Não Pode Ficar em Silêncio
É inconcebível a omissão de uma entidade como a ABI, que deveria estar preocupada com a quebra do Estado de Direito
Democrático. Os jornalistas brasileiros devem defender a liberdade de expressão, garantida na Constituição, mas não podem deixar de preservar a equidade, o equilíbrio ao produzir a notícia e a sua divulgação. Tudo o que os meios de comunicação comerciais estão fazendo no Brasil é promover a ruptura da ordem institucional, tamanho é o desequilíbrio da cobertura jornalística. A ABI não pode continuar fingindo que não vê a arbitrariedade e o perigo que atingem o Brasil neste momento (Romário Schettino, é jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do DF)
É preciso deter o golpe
A ofensiva política para derrubar a presidenta reeleita em 2014 e deslegitimar o maior líder popular brasileiro culminou nos últimos dias em graves violações das garantias constitucionais. A pretexto de combater a corrupção, assim como os militares e seus aliados se ancoravam na ideologia da segurança nacional, uma poderosa aliança movida por interesses políticos está levando o Brasil ao limiar da ruptura na ordem democrática erigida pelos que resistiram e derrotaram a ditadura civil-militar. É inequívoco o papel dos meios de comunicação nesta ofensiva, ao lado de setores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e de partidos derrotados em 2014, o que exige da Associação Brasileira de Imprensa a reiteração de seu compromisso com a democracia, a liberdade e o Estado de Direito. Os jornalistas comprometidos com a verdade e a honestidade na tarefa de informar esperam da ABI um claro posicionamento sobre os acontecimentos em curso e especialmente sobre o desvirtuamento do papel dos grandes veículos, privados ou explorados sob regime de concessão. (Tereza Cruvinel, é Jornalista, portal Brasil247, TV Brasil)
Defesa do Estado de Direito
O silêncio da ABI é incompatível com o princípio democrático que norteia a liberdade de imprensa. Omissão injustificada na luta que se trava em defesa do Estado de direito e num momento em que e o jornalismo praticado nas corporações midiáticas de massa avilta a profissão usando palavras como " deve", " suspeita", "supõe" e " é possível" nas suas manchetes e chamadas. O pior jornalismo ideológico. Grosseiro e ignorante. Que se justifica com o artifício de que não produz informação, apenas noticia. Argumento que não se sustenta porque a notícia produz sentido que, no caso atual, toma a direção do golpe. Lamentável. A ABI tem que se pronunciar".(Maria Luiza Franco Busse é Jornalista)
Em Defesa da Democracia
Os setores mais reacionários do Brasil se encavalam na imprensa hegemônica venal para investir contra o sistema político, pretendendo virar de um sopro o resultado das eleições de 2014. Os donos do país não aceitam um novo mandato do Partido dos Trabalhadores, que tirou da pobreza 30 milhões de brasileiros, e buscam impor sua vontade, passando por cima da decisão popular. Pela democracia, pelo Estado de direito, é preciso defender o resultado das urnas! Não ao terceiro turno! Não à farsa judicial! Pela preservação da legalidade. (Ricardo Soca, é Jornalista (Uruguai - Brasil) e Lingüista)
Momento Brasil-ABI
A ABI precisa se posicionar de forma corajosa frente aos últimos acontecimentos que ocorrem no país, como sempre o fez durante momentos decisivos em nossa história recente. A mais antiga, tradicional e importante entidade de aglutinação e representação da categoria profissional denominada jornalismo, tem uma trajetória de glória e de compromisso com os ideais republicanos, democráticos, a liberdade da imprensa e a defesa dos direitos humanos, incluindo a convivência com as diferenças que configuram a humanidade, e por isso deve manter uma postura em defesa da democracia, do fortalecimento da indústria nacional, do pleno emprego, da promoção da saúde e do bem-estar do povo brasileiro. (Glauco de Oliveira, é Jornalista e Editor da Booklink)
Em Defesa da Democracia
Eu comungo com o posicionamento dos colegas jornalistas, em defesa da Democracia e pelo Estado Democrático de direito. (Paulo Araújo, é Jornalista e Fotógrafo)
Fascistas Não Passarão
Quando se comemoram as grandes vitórias brasileiras na luta contra o nazismo na II Guerra Mundial (Monte Castelo e Montesi), afirmo, como jornalista e detentor das medalhas da Vitória e de Rio Branco: o fascismo não passará (Paulo Ramos Derengoski, é Jornalista e Escritor)
Combate ao Estado Policial
O que vemos hoje no Brasil é uma ação coordenada nos bastidores entre expoentes do poder judiciário, parte do poder legislativo, grandes órgãos de imprensa e empresários de oposição para interromper um governo legitimamente eleito e que vem se pautando justamente por não cercear o combate à corrupção. É preciso fazer frente ao estado policial que se instaurou na república. É preciso mostrar que as alternativas são pífias, quando não assustadoras. Com o PSDB entrevado no papel feio de linha auxiliar da direita que aceitou nos últimos anos, restam os Bolsonaros, os Cunhas, as bancadas religiosas e as viúvas da ditadura na boca de espera para assumir o poder.(Carlos Alberto Mattos, é Jornalista, Crítico Cinematográfico)
Jornalista Não Pode Compactuar Com a Manipulação da Informação
O direito à informação é um dos que integram a Declaração Universal dos Direitos do Homem e é por isto que nós, jornalistas brasileiros, não podemos ficar calados diante da manipulação abjeta que o povo do nosso país vem sofrendo via meios de comunicação. Infelizmente uma parcela considerável da mídia brasileira, Rede Globo de Televisão à frente, torce e distorce a realidade dos fatos para criminalizar um governo que cometeu muitos erros, mas que está sendo execrado diante da opinião pública por seus acertos.
Um desses erros, talvez o mais gritante de todos, foi não rever a política de concessão de rádios e canais de televisão e toda a legislação pertinente ao setor - permitindo que o latifúndio midiático que existe no Brasil continue incólume, causando prejuízo a toda a sociedade brasileira. Mais do que urge a discussão de uma Lei de Meios no Brasil porque os golpes, como dizia Leonel Brizola, nascem na desinformação. (Osvaldo Maneschy, é Jornalista e Escritor)
Na defesa da democracia
Assino o documento da ABI porque penso que vivemos um momento grave e perigoso em que as instituições democráticas estão ameaçadas. A Constituição deve ser respeitada plenamente e a Justiça deve julgar acima de interesses partidários. Defender a Constituição é defender o governo eleito pelo povo brasileiro para um mandato de 4 anos. A vontade popular deve ser respeitada. O impeachment é uma forma de golpe. (Leneide Duarte-Plon, é jornalista, correspondente Revista Carta Capital, trabalha no jornal online Carta Maior. Co-autora, com Clarisse Meireles da biografia de Frei Tito de Alencar Um homem torturado-Nos passos de frei Tito de Alencar, Editora Civilização Brasileira, 2014).
É impossível ficar em silêncio
Impossível calar diante da lamentável nota divulgada pela ABI na TV Globo, em conjunto com a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (ABERT), em apoio concreto à manipulação da informação que vem sendo praticado por vários veículos, consequentemente de respaldo ao golpe em curso. Este apoio é uma afronta a uma classe que luta pela liberdade de expressão e uma tentativa de querer subjugá-la aos interesses mais nefastos. É lamentável ver a ABI repetir o erro cometido em 1964, quando apoiou o golpe que derrubou o presidente João Goulart. É bom que não se esqueça o preço que a classe jornalística pagou durante a ditadura civil-militar?. Esperamos que nossa casa volte a defender o que lhe compete e aquilo para o qual existe e é sua razão de ser: o estado de direito em sua máxima expressão. (Lygia Maria Jobim, é Jornalista)
Quando o silêncio fala...
O silêncio da diretoria da ABI ante a crise política pela qual o país passa é sintomático: eles nada falam porque viraram também instrumento de apoio a essa articulação golpista. Afinal, quem cala consente. Por outro lado, o silêncio da Associação Brasileira de Imprensa revela um rei nu: Domingos Meireles não representa os jornalistas, não representa a postura ética do Jornalismo, não representa a luta pela preservação da jovem democracia brasileira. Por isso, a entidade centenária, hoje, de forma vergonhosa, nada fala.
Nesse clima de acirramento de ânimos nas ruas, sedes de partidos políticos progressistas, de centrais sindicais e da histórica UNE já foram atacadas, saqueadas e incendiadas, igual ao que aconteceu em 64. E a direção da ABI fica calada? É quando o silêncio fala por si mesmo.
Nós precisamos organizar e participar dos movimentos sociais em defesa da democracia e combater aguerridamente as tentativas de golpe. Os jornalistas hão de seguir a sua histórica caminhada pela democracia, independente de uma eventual direção da ABI. (Fernando Paulino, é Jornalista)
Por uma lei nos meios de comunicação
Diante do golpe que se processa contra a presidente Dilma Rousseff - eleita com 54 milhões de votos - promovido por forças reacionárias inconformadas com a derrota nas urnas e apoiado pela grande mídia, a ABI não pode deixar de manifestar repúdio a essa ameaça flagrante à ordem constitucional e ao estado de Direito, para não trair os melhores valores democráticos tantas vezes defendidos por esta nossa Casa.
E a manipulação vergonhosa de informações sobre os acontecimentos políticos, distorcendo-se e omitindo-se fatos e opiniões divergentes ou contrários a seus interesses, assinala que chegou a hora, já tardia, de se discutir com urgência uma Uma Nova Lei para a Mídia.
(Tamar de Castro, é Jornalista)
3 anexos
Nenhum comentário:
Postar um comentário