CPMI da Petrobrás e Operação Lava a Jato: o risco de se tornar um grande teatro
Quarta, 19 Novembro 2014
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Fiquei com medo de escrever esta
matéria, mas como juiz, muito menos delegado, são deuses e, na
faculdade, ensinaram-me que o advogado não deve temer a nenhuma
autoridade, lá vai!
Por Emanuel Cancella*
Pela primeira vez na história política
deste país, a investigação da corrupção no alto escalão está acontecendo
e corruptos e corruptores foram presos. Mas os corruptores começaram a
ser liberados. Vamos ficar atentos e impedir que tudo se transforme num
grande teatro.
Os juízes e procuradores do “Lava a
Jato” são apontados pelos jornalistas e juristas como suspeitos. Os
delegados da Polícia Federal envolvidos na operação fizeram campanha
para Aécio Neves e chegaram ao absurdo de em seu blog chamar o
ex-presidente Lula de anta.
A CPMI da Petrobrás quebrou o sigilo
bancário do tesoureiro do PT, mas não quebrou o sigilo bancário do
tesoureiro do PSDB e do PSB. Pasmem! O presidente do PSDB, falecido
Sérgio Guerra, segundo relato na delação premiada, teria recebido
propina, como também, o falecido candidato do PSB, Eduardo Campos, mas
só estão quebrando o sigilo bancário do tesoureiro do PT. Será por quê?
A sociedade já viu esse filme: no caso
do mensalão só os parlamentares do PT foram julgados, condenados e
presos. Os mensaleiros do PSDB nem sequer foram julgados e o mensalão do
PT foi posterior ao do PSDB.
A compra nos EUA da refinaria de
Pasadena pela Petrobrás foi denunciada há mais de 2 anos pelo
representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da
Petrobrás e ninguém, na época, deu importância para o caso. E agora
abrem uma CPMI. Essa CPI se assemelha a um factóide. Mais uma evidência
do teatro é que agora vão investigar também o setor elétrico.
Pasmem vão investigar a construção das
hidrelétricas mas não falam da “Lista de Furnas”, denunciada em 2000.
Entre os nomes que constam na lista, segundo o Wikipédia, estão o do
ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, dos políticos José
Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Delcídio Amaral, Roberto Jeferson,
dentre muitos outros – com aproximadamente 150 envolvidos. E a “Lista de
Furnas não vai ser investigada?
E não se pode deixar de falar do
afundamento da plataforma P-36, em 2001, a maior do mundo, que matou 11
petroleiros. A plataforma foi construída pela empresa Marítima que
detinha um verdadeiro monopólio na produção dessas unidades na Petrobrás
e não se cogita investigá-la, apesar das denúncias, na época feita pelo
Sindipetro-RJ ao Ministério Público.
A Polícia Federal chegou a realizar uma
operação em 2007, denominada de “Águas Profundas”. Mas, ao que parece,
só investigou em águas rasas, pois só pegou sardinhas e deixou de fora
os tubarões. Sabe por quê? O escândalo da P-36 aconteceu no governo de
Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. E parece que, como no mensalão, a
ideia da CPMI da Petrobrás e da Operação “Lava a Jato” é só investigar o
governo do PT. Todos precisam ser investigados para impedir que todo
esse processo seja reduzido a um grande teatro?
* Emanuel Cancella, diretor do Sindipetro-RJ
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