quinta-feira, 22 de maio de 2014

O POVO COM MEDO DA VIOLÊNCIA POLICIAL.

Maioria dos brasileiros teme ser torturada pela polícia

Oito em cada 10 brasileiros temem ser torturados pela polícia. Essa informação consta de um relatório da Anistia Internacional, intitulado "A tortura em 2014: 30 anos de promessas não cumpridas”. O documento divulga dados sobre 21 países e entrevistou mais de 21 mil pessoas. O Brasil lidera o ranking mundial do medo de tortura policial em caso de detenção, estando à frente de países com democracias frágeis como Nigéria, Quênia e Paquistão, e de outros 17 que tiveram avaliados o grau de falta de confiança no aparato repressivo. Os abusos praticados no Brasil são citados em mais de um trecho do relatório, caso do pedreiro Amarildo de Souza, morto por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, em julho do ano passado. O texto diz que "uma investigação conduzida por autoridades concluiu que Amarildo morreu como consequência da tortura a que foi submetido no prédio da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha depois de ser detido de maneira ilegal para averiguação”. A menos de um mês para o início da Copa do Mundo, o documento da entidade também menciona os casos de abuso policial nos protestos que ocorreram antes do Mundial. "No Brasil, notícias de abuso policial cresceram com os protestos que antecederam a Copa do Mundo e durante operações militares nas favelas das grandes cidades como o Rio de Janeiro”. A pesquisa da Anistia Internacional revelou ainda que 19% dos brasileiros acham válido praticar atos de tortura para obter informações.

Truculência policial em área nobre do Rio

Não é novidade para qualquer pessoa como age a Polícia em comunidades carentes: de modo geral, pobre e negro é visto como suspeito. Mas em Ipanema, na Zona Sul do Rio, um dos bairros mais luxuosos do país, a atitude de um PM, no início desta semana, mostrou que a violência policial não fica restrita a áreas pobres. O blog Gente Boa, do dia 14 passado, publicou relato da atriz Aparecida Petrowsky, que, ao ir a uma padaria na Rua Joana Angélica, em Ipanema, assistiu a uma cena de discriminação por parte de uma cliente contra a caixa da padaria, que é uma mulher negra. Segundo a reportagem, "o desentendimento começou quando a cliente reclamou do preço do café, R$ 3. Ela pediu um "café normal” e teria se sentido desrespeitada quando a funcionária retrucou, dizendo que na casa só tinha café expresso. A madame da Zona Sul chamou a polícia e, aos berros, dizia que "é um absurdo deixarem trabalhar gente assim aqui!”. Em seguida, um policial foi na direção da caixa. O PM mandou a caixa se levantar e pedir desculpas à cliente. "Eu estou trabalhando! Não vou pedir desculpas nem sair daqui”, respondeu a funcionária. O policial, então, anunciou: "É desacato à autoridade”. Pegou a trabalhadora pelo braço, para algemá-la. Minutos depois, já havia cerca de 50 pessoas na porta da padaria. Foi então que antigos clientes tomaram partido da funcionária. No entanto, a caixa, que trabalha na padaria há 26 anos, foi levada algemada para a delegacia do bairro na viatura policial. Além de explícita discriminação racial, a atitude do policial, nitidamente, foi de proteger uma representante dessa elite preconceituosa. Agiu como fosse um miliciano. Até agora, o comando da Polícia Militar não se pronunciou sobre o caso e sequer se haverá punição para o policial. Agindo assim, a corporação revela que tipo de instrução dá para seus comandados. Na área nobre ou nas comunidades carentes.  

Assembleia Legislativa faz homenagem ao centenário de Carolina de Jesus

Por iniciativa do deputado estadual André Ceciliano, do PT, a Assembléia Legislativa do Estado realiza na próxima segunda-feira, dia 19, uma sessão solene em homenagem póstuma ao centenário da escritora Carolina de Jesus. Carolina, natural de Sacramento, em Minas Gerais, começou a trabalhar como empregada doméstica aos 16 anos de idade, em São Paulo. Depois, passou a viver da coleta de resíduos sólidos nas ruas, com o que criou seus três filhos. Com pouco estudo, tinha o hábito de escrever. Nos anos 50, conheceu o jornalista Audálio Dantas, que descobriu os escritos daquela negra favelada. Em 1960, foi publicado "Quarto de Despejo”, o primeiro livro de Carolina, que foi traduzido para 13 idiomas e vendido em mais de 40 países. A escritora faleceu em 13 de fevereiro de 1977. A homenagem na Assembleia está marcada para as 18h30, no Palácio Tiradentes, na Praça XV, Centro do Rio.    

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