domingo, 29 de junho de 2014

PCO :UMA VISÃO DO NÃO VAI TER COPA.


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22 de junho de 2014 12:51 AM

O PT, a direita e a Copa
O movimento “não vai ter copa” está em um beco sem saída. Enquanto não começavam os jogos, a imprensa fez parecer, para algumas pessoas, que esta palavra de ordem era expressão de um sentimento popular, o que se mostrou completamente falso assim que o Mundial teve início.
Lançado pela direita e abraçado pela esquerda, devido ao preconceito há muito tempo cultivado por essa contra o futebol, o movimento não tem objetivos palpáveis. Está dirigido simplesmente contra a realização de um evento esportivo porque este evento vai servir de propaganda eleitoral do PT.
Sua realização ou não realização não vai aumentar salário, diminuir o desemprego, melhorar a saúde ou a educação, porque para tanto é preciso realizar um movimento dirigido especificamente para isso.
“O que há de errado em fazer propaganda contra o governo atual?” Perguntariam alguns. Nada em geral. Pode-se fazer tal propaganda, mas é preciso ver a quem serve tal propaganda e em que marco ela se dá.
O marco atual é a luta entre PSDB, PSB e PT. Toda propaganda genérica contra o governo, puramente negativa, será revertida em votos para esses setores. Não é preciso procurar muito pelas provas. Vimos o candidato da direita, Aécio Neves, saindo abertamente contra a copa, procurando capitalizar o descontentamento.
Esse fato elementar já colocaria o problema de não se fazer tal propaganda. A política da esquerda revolucionária deve ser feita em torno dos objetivos da própria classe operária e essa campanha não a beneficia em nada.
Ou seja, o movimento não luta por nada concreto e permite que a direita tire proveito dele. É uma evidente manipulação.
Agora a direita e a imprensa capitalista mudaram sua orientação. Vendo o fracasso da campanha, procuram se mostrar entusiasmados com a Copa, atacando o governo por outros meios, tal como a vaia contra Dilma no jogo de abertura do evento.
Outro fator negativo, pior do que o eleitoral, é que o movimento da copa serviu para estrangular os movimentos que aconteceram em junho do ano passado, que completam um ano agora.
A direita conseguiu canalizar esse movimento, que, partindo de objetivos concretos e de interesse para a população trabalhadora, se dirigia contra a direita e a repressão, para um movimento contra  a Copa. O movimento contra a Copa, ao contrário do que dizem seus defensores, que pretendiam que ele fosse um aglutinador de diversos movimentos, serviu como uma rolha para impedir que novas mobilizações se desenvolvessem. Isso porque tudo que se sabia do movimento é que ele era contra a Copa. Nada se ouvia de reivindicações concretas e específicas e isso porque a imprensa burguesa, que o estimulou, mostrou justamente o que queria mostrar: um repúdio à Copa genericamente, como um simples repúdio ao governo. E assim a direita se safou, pois até as greves e mobilizações voltadas contra seus governos, a exemplo dos metroviários em São Paulo e dos funcionários e docentes das estaduais paulistas, acabaram sendo arrastados para o movimento contra a Copa.
Há ainda um terceiro prejuízo: há uma ofensiva do imperialismo nacionalmente e internacionalmente para derrubar os governos que não e encaixam na sua política de austeridade. Vimos governos burgueses sendo derrubados porque não defenderam a política do imperialismo.
Vimos a teoria de que não existe “direita” e “esquerda” sendo desmentida na prática, pois dos mais esquerdistas aos mais direitistas, inúmeros governos nacionalistas burgueses foram derrubados por golpes.
É importante fazer notar, para os ingênuos, que as campanhas pré-golpe não são campanhas contra lindos governos de esquerda por uma ditadura sangrenta. São sempre campanhas pela “democracia”, que não por coincidência nunca está do lado dos opositores do imperialismo, em defesa da população etc. E é devido a essas mesmas confusões políticas que parte da esquerda pequeno-burguesa apoiou esses golpes em seus próprios países.
A situação política mundial e brasileira está definida pela presença do imperialismo e isso não pode ser ignorado.
O pior prejuízo dessa campanha contra a Copa é jogar água no moinho dessa tendência golpista geral. Há setores da esquerda que dizem que a luta principal deve ser travada contra o governo, não importa quem esteja no cargo no momento, nem quais os setores em disputa.
Paralisar a juventude e os trabalhadores para jogar água no moinho da direita é um erro colossal. É preciso travar a luta contra o governo do PT tendo por base os interesses da classe trabalhadora e levando em consideração a luta política no interior da burguesia.
Isso não significa, como pensam os oportunistas, que ficamos sem opções, pois ou se apoia a direita, ou o PT.
É necessário apenas combater o PT com o programa e os métodos da classe operária, de forma independente. Escolher o terreno de luta contra o PT de tal modo que essa seja uma luta contra a direita. De tal modo que a massa de trabalhadores que vota no PT, milhões de pessoas, entenda que a luta contra o PT não é porque ele seja de esquerda, mas porque é um partido de esquerda que não defende de maneira consequente as bandeiras da classe operária.

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