quarta-feira, 18 de julho de 2012

Energia e Crise

Ventos de crise no cenário energético.


O panorama energético internacional reflete os efeitos da crise da dívida que afeta a Eurozona, com prognósticos que apontam para uma débil recuperação da demanda mundial de petróleo

Os estudos mais recentes da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) ratificam o entorno adverso para as economias dependentes das vendas do ouro negro.
Com efeito, as previsões apontam para um aumento de 800 mil barris diários no consumo de óleo cru 2013, uns 100 mil a menos em comparação com o crescimento estimado para o atual exercício.
Dessa forma, a Opep fixou a demanda em torno de 89,5 milhões de barris por dia, para um aumento de apenas 0,92 por cento.
Esse comportamento, indicou a entidade, responde - entre outros fatores - à crise da dívida soberana da Eurozona e à debilidade do sistema bancário europeu.
A isso se soma um menor ritmo de recuperação para a economia estadunidense e sinais de desaceleração nos mercados emergentes.
Os dados manejados pela Opep contemplam um crescimento médio da economia mundial de 3,2 por cento em 2013, inferior em um décimo às previsões para o atual exercício.
Nessa própria direção, a Agência Internacional de Energia (AIE) conta com prognósticos mais otimistas, ao considerar que a demanda mundial de petróleo chegará em 2013 a 90,9 milhões de barris diários, para um incremento próximo a um milhão de unidades com relação ao ano em curso.
Para o organismo, esse avanço é superior aos 700 mil barris de aumento correspondentes a 2011 e os 800 mil do exercício de 2012 e inclusive qualificou essa tendência de aceleração.
A AIE indicou que os países asiáticos necessitarão de 21,5 milhões de barris diários de petróleo, o que equivale a um crescimento de 2,9 por cento com respeito ao ano em curso.
Como elemento a destacar, as demandas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) chegarão a 45,1 milhões de barris por dia.
Enquanto isso, os países fora desse bloco demandarão um volume próximo aos 45,7 milhões de unidades.
Contudo, as estimativas da Opep e da AIE estão sujeitas à evolução a curto prazo da economia mundial, onde se ergue como um pesado obstáculo a dívida soberana da Eurozona.
Os especialistas consideram que o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco de 17 países vinculados ao euro se contrairá este ano em 0,4 por cento, com aumento mínimo de 0,1 por cento no próximo exercício.
Em matéria de mercado de trabalho, a Eurozona ostenta o triste recorde de desemprego com 11,1 por cento da população ativa afetada.
O efeito contágio da crise já se estende a outras regiões, pois os Estados Unidos mostram um ritmo lento de crescimento econômico, além de um índice de desocupação de 8,2 por cento.
Para os produtores de petróleo o tema é preocupante, pois a economia norte-americana é a maior consumidora de óleo cru e derivados em nível mundial.
Sem dúvida, um pobre comportamento dos indicadores representa menor pressão sobre os níveis de demanda e por conseguinte, cresce o risco de um excesso de oferta nos mercados.
A tendência é ainda mais preocupante com a chegada do verão no hemisfério norte, pois nos Estados Unidos é precisamente a temporada de maior consumo de gasolina.
Também há uma mudança com relação à China, segundo consumidor de petróleo do planeta, que encerrou o segundo trimestre de 2012 com uma expansão do PIB de 7,6 por cento, o pior resultado em três anos.
Com essas condições, a estabilidade do cenário energético internacional passa por uma recuperação da economia, capaz de deixar para trás os diversos fatores que se combinam na atualidade para frear o otimismo no entorno petrolífero.

Por Mário Esquivel
Chefe da redação de Economia da Prensa Latina.
Publicado também em vermelho.org.br

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