domingo, 26 de julho de 2020

A LUTA CAPITALISTA DA CHINA



Ver as imagens

Manifestações de rua em Hong Kong aumentaram e colocaram a China em rota de confronto com outros países

Em uma plataforma de trem no interior da China, centenas de homens de cabelo raspado, olhos vendados, mãos presas e uniformes azuis sentam em silêncio sob o sol, diante de um número ainda maior de policiais armados.
As imagens feitas por um drone surgiram na internet no ano passado e voltaram a circular neste mês.
Agências de inteligência de governos ocidentais e especialistas em segurança dizem que elas foram feitas na Província de Xinjiang, região onde vivem milhões de chineses muçulmanos da minoria étnica uigur.
Xinjiang é palco de um conflito entre o governo chinês e um movimento separatista dos uigures classificado pelas autoridades chinesas como terrorista.
A China admitiu ter criado centros de "reeducação" na região, onde uigures têm aulas sobre nacionalismo chinês e contra "pensamentos extremistas".
Mas ativistas de direitos humanos dizem que os centros são na verdade prisões, onde mais de 1 milhão de uigures estariam detidos de forma arbitrária, sem julgamento.
Os homens nas imagens de drone seriam parte de mais uma leva de prisioneiros a caminho dos centros. Em entrevista à BBC, o embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, disse não saber onde tinha sido feito o vídeo, e sugeriu se tratar de uma transferência rotineira de prisioneiros.
A crise dos uigures não é apenas um problema doméstico do governo. Recentemente, episódios como esse passaram a agravar tensões internacionais da China com outras potências globais, sobretudo no Ocidente.
Em junho, um relatório feito por um acadêmico alemão sugeriu que o governo da China estaria esterilizando a população uigur, forçando mulheres a usar um dispositivo intrauterino para evitar gravidez.
Após o relatório, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, divulgou uma nota criticando a China e pedindo "o fim imediato destas práticas horríveis" e o apoio de todas as nações para exigir "o fim desses abusos desumanos".
Nesta semana, Pompeo esteve em Londres para discutir com o governo britânico a crise dos uigures e vários outros pontos que envolvem a China — em meio a uma escalada de tensões entre os chineses e o Ocidente.

Aumento da influência

Nas últimas décadas, a emergência da China como potência mundial ampliou os laços políticos e econômicos do país com o resto do mundo.
Mas desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos em 2016, que adota uma retórica contrária ao governo de Pequim, houve uma mudança nas relações da China com vários países.
Especialistas dizem que a Casa Branca está subindo o tom de sua campanha contra Pequim — em um momento em que Trump está em campanha pela sua reeleição.
Na quarta-feira, os Estados Unidos ordenaram o fechamento do consulado chinês em Houston, acusando os chineses de roubarem propriedade intelectual. Os chineses criticaram a medida, disseram ter recebido ameaças de morte e nesta sexta-feira (22) ordenaram o fechamento da representação americana em Chengdu, em retaliação.
Desde o começo do ano, China e Estados Unidos já vêm trocando farpas em relação à pandemia do novo coronavírus, que começou com um surto na cidade chinesa de Wuhan.


Ver as imagens

China disse que se conseguir uma vacina contra a covid-19 vai dividir a descoberta com o resto do mundo

Em março, o governo americano já acusava Pequim de esconder seus números sobre o coronavírus, insinuando que o governo chinês ocultava o número real de casos e mortes.
Em maio, Trump partiu para o ataque contra a Organização Mundial da Saúde (OMS), que, nas palavras dele, é um "fantoche do regime chinês" por nunca exigir informações confiáveis sobre a pandemia junto aos chineses.
Também em maio, Trump disse a um repórter que tinha informações de que o coronavírus havia sido criado dentro do Instituto de Virologia de Wuhan, um boato que circulava naquela época.

Nenhum comentário:

Postar um comentário