Urgente
A mídia manipula a favor da CPI da Petrobrás com fins eleitoreiros
Sexta, 11 Abril 2014
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Por Emanuel Cancella
O último debate entre Lula e
Collor, em 1989, manipulado pela TV Globo para favorecer a candidatura
Collor, mudou o rumo da história. A edição tendenciosa virou objeto de
estudo nos cursos de Comunicação e Política. Numa disputa acirrada, o
peso da mídia pode ter mudado o resultado das urnas.
Hoje não só a Globo mas todos os grandes
conglomerados de rádio, jornal e televisão continuam a desempenhar esse
mesmo papel deplorável e antidemocrático. O alvo do momento é a
Petrobrás. Por trás da indecente manipulação dos fatos e opiniões estão
os donos do poder: as grandes petrolíferas, o capital financeiro e os
interesses norte-americanos, unidos num conluio que, em última análise,
pretende desmoralizar para privatizar a empresa.
Fato recente aconteceu na Band News, no
programa Ricardo Boechat. Na quarta-feira (9) o jornalista perguntou, em
rede nacional, onde estavam a Associação de Engenheiros da Petrobras
(Aepet) e o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ) que não se
pronunciavam diante das denúncias de corrupção na Petrobrás. Como se as
duas entidades estivessem omissas. Diante do público, o jornalista
desafiou Aepet e Sindipetro-RJ a se pronunciarem. Em instantes, durante o
programa, eu, Emanuel Cancella, coordenador do Sindipetro-RJ, e o
presidente da Aepet, Sílvio Sinedino, entramos em contato com o
programa, no Rio, mas não fossos ouvidos. Tudo isso está registrado em
nossos telefones.
No mesmo dia, nossa assessoria de
imprensa também entrou em contato com a Band News, em São Paulo. Ficou a
promessa de que seríamos procurados pela produção da rádio no dia
seguinte, quinta-feira. Mas tudo o que puseram no ar foi uma edição
gravada e veiculada apenas na sexta-feira. Uma fala editada e reduzida
de Sílvio Sinedino. Apenas o trecho em que Sinedido contestava o
ministro Guido Mantega sobre Pasadena. Nós, do Sindipetro-RJ, não
tivemos a oportunidade de expressar a nossa opinião.
No jargão jornalístico isso tem nome:
manipulação da informação. O Sindicato dos Petroleiros do Rio gostaria
de dizer à sociedade que, a despeito de todo ataque que a Petrobrás está
recebendo da mídia, o petroleiro trabalha e quem afirma isso são os
resultados da empresa. Nós, trabalhadores da Petrobrás, não compactuamos
com corruptos e corruptores.
Mas percebemos que a mídia só se
interesse por algumas denúncias e só se escandaliza, de forma
oportunista, com alguns atos de corrupção. Outros, prefere esconder
debaixo do tapete. Se os personagens implicados nos atos de corrupção
estiverem a serviço dos interesses privatistas podem ser alçados até à
condição de heróis. Caso da atual presidente da companhia Maria das
Graças Foster.
O Sindipetro-RJ denunciou que o marido
da presidente da Petrobrás tinha 43 contratos com empresa, sendo 20 sem
licitação, mas a mídia não se interessou em apurar. Pelo contrário,
depois do leilão do campo de Libra, Graça Foster recebeu o título de
“personalidade do ano”. Quando o presdidente da Aepet, há dois anos,
denunciou o caso da Refinaria de Pasadina, a mídia também não
repercutiu.
Agora, próximo do processo eleitoral,
tudo muda de figura. O que não interessava antes vira escândalo e
manchete. Os outros candidatos, Aécio Neves e Eduardo Campos, seriam
mais confiáveis ao sistema financeiro internacional? Por que a mídia
insiste na CPI da Petrobrás, mas tenta inviabilizar a apuração das
irregularidades que envolvem as obras de SUAPE, em Pernambuco, que
fatalmente atingiriam o governador licenciado Eduardo Campos? Por que
faz de tudo para esconder os escândalos do metrô de São Paulo, que
mancham a reputação e a imagem do PSDB de Mário Covas a Geraldo Alckmin?
Ironicamente, chamam a inclusão desses fatos na CPI de “chistudo”.
É evidente que a grande mídia e arrota
democracia mas se alimenta de arbitrariedades. Julga com pesos
diferentes. Manipula contra a maioria da população, em favor dos
interesses dos ricos e poderosos.
Com o respaldo da grande mídia, o
Ministério Público e a Polícia Federal prenderam um corrupto que, no
momento, já pode ser descartado. Paulo Roberto Costa, ex diretor da
Petrobrás que, aliás, ocupou cargo-chave na empresa desde o governo FHC.
Corruptos podem ser substituídos e descartados. Mas o que diz a grande
mídia sobre os corruptores? Sobre estes, se cala. Duvido que seus nomes
venham à tona.
A mídia que agora cobra “moralização”,
capitaneada pela Globo, é a mesma que apoiou as privatizações e não
aceita a Petrobrás como única gestora do pré-sal. Desde que foram
anunciadas as imensas jazidas do pré-sal, no governo Lula, foram
acrescentadas às reservas nacionais 70 bilhões de barris de petróleo. Só
isso já garante a autossuficiência do Brasil nos próximos 50 anos.
Porém há muito mais a ser descoberto.
É nesse petróleo que eles estão de olho!
Não é o Sindipetro-RJ que denuncia, é Maria Augusta Tibiriçá Miranda.
Em seu livro “ O Petróleo é nosso!” (1983) ela alerta: “...os inimigos
da Petrobrás não desistem nunca”...
Revelação do Wikileaks – Os documentos
revelados se referem à insatisfação das petroleiras com a nova lei
aprovada pelo Congresso brasileiro– em especial por ser a Petrobrás, a
única operadora do pré-sal. Revela, ainda, como elas atuaram fortemente
no Senado para mudar a lei.
De acordo com o Wikileaks, as grandes
petrolíferas recomendam: “é preciso cuidado para não despertar o
nacionalismo dos brasileiros”. Assim como na Venezuela, onde existe um
grande complô para tirar Nicolas Maduro do governo, para se apoderarem
da maior reserva de petróleo do Planeta, também no Brasil o que importa é
controlar o petróleo. A mídia brasileira está servindo às
multinacionais estrangeiras que pretendem destruir a Petrobrás para
tomar conta das reservas de petróleo do nosso pré-sal.
*Emanuel Cancella é coordenador do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)
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