terça-feira, 20 de maio de 2025

A CULTURA EM FESTA...

Lula reinaugura Palácio Gustavo Capanema e transforma prédio em centro cultural Após seis anos fechado, ícone modernista do Centro do Rio reabre com 60% do espaço dedicado à cultura Por Victor Serra -20 de maio de 2025 Advertisement Receba notícias no WhatsApp e e-mail Grupo WhatsappNewsletter Depois de anos cercado por tapumes, o Palácio Gustavo Capanema retornou com toda pompa merecida ao Centro do Rio. O prédio modernista foi reaberto nesta terça-feira (20/05) com 60% do espaço dedicado à cultura e com visitações abertas gratuitamente. A cerimônia de reinauguração contou com a entrega da Ordem do Mérito Cultural a mais de 100 personalidades e instituições, o evento marcou os 40 anos do Ministério da Cultura, com presença da ministra Margareth Menezes e do presidente Lula. A solenidade, com o tema ’40 anos do MinC: Democracia e Cultura’, destacou a retomada de políticas públicas para o setor. Palácio Capanema 14971612852 d95a7d5bc5 k Lula reinaugura Palácio Gustavo Capanema e transforma prédio em centro cultural Painéis de Portinari são um dos grandes destaques da construção — Foto: Alexandre Macieira Fechado por seis anos para reformas, o Capanema foi totalmente restaurado. Foram mais de R$ 80 milhões investidos na recuperação de um edifício que carrega história desde sua inauguração, em 1945. Projetado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, com consultoria de Le Corbusier e jardins de Burle Marx, o prédio agora funciona como centro cultural e sede administrativa de órgãos como o Iphan, a Biblioteca Nacional, o Ibram e a Funarte. Entre os destaques da restauração, estão os murais de Candido Portinari, os painéis de Paulo Osir e o jardim suspenso no segundo andar — tudo aberto à visitação. O térreo voltou a ser livre, como no projeto original. No topo, um café será inaugurado em breve no 16º andar, com vista para o Centro, o Aterro e o Pão de Açúcar. O mobiliário original também foi preservado: escrivaninhas, poltronas e luminárias dos anos 1940 foram restauradas com base em fotos de época e voltaram exatamente para onde sempre estiveram. A ideia, segundo o Iphan, é que o carioca se aproprie do prédio, entenda seu valor e o transforme em um espaço vivo da cidade. A ocupação será mista — 60% cultural, 40% administrativa — e deve movimentar a economia do Centro, num momento em que o bairro volta a receber investimentos públicos e privados. Em 2021, o prédio chegou a entrar na lista de imóveis federais passíveis de venda. Mas a mobilização política e civil garantiu sua permanência como patrimônio público. O que encontrar em uma visitação no Palácio Capanema?

#VERGONHA

General Freire Gomes perde a capa e a espada em depoimento no STF 'O depoimento de Freire Gomes deixou ver que joio e trigo estavam no mesmo saco', escreve a colunista Denise Assis 20 de maio de 2025, 21:46 h whatsapp-white sharing button twitter-white sharing button facebook-white sharing button email-white sharing button copy-white sharing button General Marcos Freire Gomes General Marcos Freire Gomes (Foto: Divulgação) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Foi dada a largada para o desfile de cerca de 81 testemunhas dos acusados (cálculo feito por alguns juristas), de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado de direito – os mais graves -, e mais dois crimes relativos à depredação dos prédios públicos. A estreia ficou a cargo do general Marco Antônio Freire Gomes, à época o comandante do Exército (2022), que tentou apelar para o “espírito de corpo”, a fim de salvar a pele do também comandante, o da Marinha, Almir Garnier. Não fica bem para um militar, principalmente em posição de comando, expor colegas de fardas, ou “entregar” os seus malfeitos. Assim, no depoimento que deu primeiramente na Polícia Federal - que a princípio ficaria sob sigilo -, falou à vontade, posou de herói e até mencionou uma frase de efeito, que, afinal, não disse: “presidente, se o senhor continuar eu serei obrigado a prendê-lo”. Ali, diante do ministro relator, Alexandre de Moraes, tentou desanuviar sua fala, ajeitando a figura de Garnier, que até mesmo em um levantamento feito sob encomenda das Forças Armadas pela FGV, na semana de 7 de setembro de 2022, aparecia com a graduação máxima para o quesito em que apontava os adesistas ao golpe. Com o brigadeiro Carlos Almeida Batista Júnior, da Aeronáutica, não se preocupou. Já na PF ele havia se saído bem da fita. O estudo foi um termômetro para os comandos saberem a quantas andava o engajamento em um possível golpe no país, publicado com exclusividade pelo 247 em 6 de setembro daquele ano. https://www.brasil247.com/blog/exclusivo-forcas-armadas-fazem-levantamento-sobre-oficiais-dispostos-a-aderir-ao-golpe-prometido-por-bolsonaro Em seu primeiro depoimento, houve quem enxergasse em Freire Gomes, enfim, o herói que o Exército tanto gosta e procura. Principalmente nesse episódio, que já entrou para a história e deixou mal a instituição, por mais que os comandos falem em “punir” para “separar o joio do trigo”. O que o depoimento de Freire Gomes deixou ver é que joio e trigo estavam no mesmo saco, até que alguém pesou e mediu e constatou que o “day after” desta vez seria ainda mais danoso do que os últimos 21 anos de ditadura, para o Exército. Já começou com o sarrafo lá em cima, falando em “matar todo mundo”, projetando campo de concentração e exibindo plano de assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (O Jeca) envenenado; o seu vice, Geraldo Alckmin (o Joca, sem definição de método), e o ministro Alexandre de Moraes, degolado. A contradição entre um tom e outro do seu depoimento não passou despercebido ao ministro relator, que observou: ou ele mentiu na PF ou estava mentindo sob juramento, o que lhe daria cana por crime de perjúrio. Indignado, Freire Gomes tentou dar uma carteirada com o seu tempo de serviço e suas dragonas, para afirmar que não mentiria. Perdeu. Teve de rever posição e, mesmo amenizando o que havia dito sobre Garnier, manteve. O marinheiro, de fato, aderiu ao golpe. Disse isso tentando dar à fala o colorido de um saco de balas jujubas, com um sorriso amarelo e a “coragem” de um general... Mas o que ele não consegue explicar, nem para Moraes, nem para mim ou alhures é: por que o cântaro foi tantas vezes à bica? Na primeira reunião, foi-lhe apresentada uma minuta de golpe. Na segunda reunião, em que pese o país ter passado recentemente por uma eleição, dando vitória ao candidato do campo oposto, não estranhou que o derrotado, na solidão do palácio que não mais lhe pertenceria, punha diante dele um “estudo” sobre Estado de sítio, o remédio mais amargo do cardápio em tempos de guerra. Sem mencionar a manutenção dos acampamentos país afora, a carta em defesa dos acampados à frente do QG e o silêncio sobre uma carta/pressão, com assinaturas de militares da ativa. Não quis saber em que contexto o tal instrumento seria usado, e tampouco porque o tema estava na pauta do ex-presidente postado à sua frente. Sim, porque passada a eleição, era esta a condição de Jair Bolsonaro: ex-presidente. Numa tentativa desesperada de disfarçar o que ficou evidente – Gomes caminhou com o golpe até onde deu, mas depois medrou -, o general argumentou que “os instrumentos listados no documento estão previstos na Constituição”. Bidu!!!! Claro que estão. O que importa aqui, é como e com que destinação seriam usados. O general foi incapaz de questionar Bolsonaro sobre o que pretendia? O país não vivia um confronto armado, pelo contrário. Havia se libertado do jugo de um desvairado, imprevisível, negacionista. A vitória de Lula era uma realidade. Era hora de arrumar as gavetas. E Freire Gomes não estranhar isso é sintomático. Ou, puro disfarce. E tanto é assim que ao ser relembrado de sua declaração à PF, de que sempre deixou claro ao ex-presidente que o Exército não participaria “na implementação desses institutos jurídicos visando reverter o processo eleitoral”, demonstrou a sua total compreensão das intenções do homem que lhe estendia uma proposta de golpe. Portanto, sabia muito bem o que estava por vir. E voltou lá três vezes. Não se deu conta de que alguém já com as malas prontas, não teria motivos para fazer estudo sobre Estado de Sítio? E, pior: havia no tal “estudo” uma descrição da necessidade de prender Moraes. Alô, general!!! Você viu um elefante voando e não considerou, no mínimo estranho? Francamente... É comum, não é mesmo, prender ministro do Supremo? Fala sério... E ainda minimizou a postura de Garnier com a seguinte pérola: “o almirante se colocou à disposição do presidente”, quanto aos planos golpistas. E então estávamos falando do quê? De que cor era o cavalo branco do Napoleão? E ainda reforçou: “o almirante Garnier tomou essa postura de ficar com o presidente”, mas não gostaria de “aferir” as reais intenções de Garnier. Beirou o ridículo, o esforço do general Freire Gomes para saltitar entre uma desculpa e outra. É possível que não tenha reduzido em nada o dano para Garnier, e ainda tenha exposto ao sol a própria pele para torrar. Tudo nos leva a crer que o herói perdeu a capa e a espada...

#FORASIONISTASGENOCIDASDAPALESTINA

Como o Hamas se tornou a principal organização palestina na resistência contra o sionismo POR Breno Altman Quase quatro décadas após sua fundação, o Hamas está claramente reconfigurada. O grupo islâmico permanece longe de ser marxista ou socialista, mas não há duvida de que se tornou um dos movimentos anti-imperialistas e anticoloniais mais combativos de nossa época. Extraído do livro Entendendo o Hamas e por que isso é importante, de Helena Cobban e Rami G. Khouri (Autonomia Literária 2025). OMovimento de Resistência Islâmica, ou Harakat Al Muqawama al Islamia, batizado como “Hamas”, a principal organização palestina na Faixa de Gaza, merece ser conhecido mais amplamente, pelo peso que veio adquirindo na luta contra o colonialismo sionista. A obra de Helena Cobban e Rami G. Khouri é enorme contribuição nesse sentido, ao iluminar a origem e a trajetória desse grupo de rara conformação, no qual se integram o fundamentalismo religioso, a assistência social, a luta política e a ação militar. Suas características específicas, aliás, provocam enorme confusão e preconceito, particularmente em quem foi educado pelos moldes do Iluminismo europeu. Afinal, o Hamas é de esquerda ou de direita? Trata-se de uma organização anti-imperialista ou está a serviço da burguesia árabe-palestina? Tem um projeto de emancipação nacional ou representa uma alternativa de supremacia étnico-religiosa semelhante ao próprio regime sionista? Essas e outras são perguntas de extremo interesse, para as quais o leitor poderá encontrar respostas ou pistas nas páginas do livro Entendendo o Hamas e por que isso é importante. “As raízes fincadas entre as camadas mais sofridas trouxeram para o interior de mesquitas e santuários a vontade de combate que proliferava nas ruas.” O surgimento Antes de mais nada, o Hamas não pode ser compreendido fora do contexto histórico. Fundado a partir de uma costela palestina da Irmandade Muçulmana, dedicada à pregação religiosa e às obras de caridade, esse movimento nasceria imerso na intensa politização da juventude palestina nos anos 80 do século passado. Os jovens, então, viviam submetidos à ocupação militar israelense, cada vez mais brutal, e a sentimentos de frustração com a antiga liderança agrupada na Organização pela Libertação da Palestina (OLP), em sua maioria vivendo no exílio. O espaço religioso, menos exposto à violência sionista naquela época, foi o reduto natural para que uma nova geração adotasse as trincheiras da libertação nacional, concentradamente na Faixa de Gaza, vizinha ao Egito, onde estava sediada a matriz islâmica da organização. As raízes fincadas entre as camadas mais sofridas trouxeram para o interior de mesquitas e santuários a vontade de combate que proliferava nas ruas. Não é à toa que a fundação do Hamas coincide, no tempo, com o início da Primeira Intifada, em 1987, irrompida em Jabalia, a quatro quilômetros da cidade de Gaza, quando um caminhão do exército israelense colidiu com um carro civil, resultando na morte de quatro palestinos. Foram seis anos de duros enfrentamentos, durante os quais a nova organização ganharia músculos e projeção, movimentando-se pendularmente entre alianças e conflitos com os partidos integrantes da OLP. Naquele período, se lermos os estatutos e o programa iniciais do movimento, notaremos forte predomínio de ideias religiosas, jihadistas, que pouco distinguiam, entre outros temas, a diferença entre judeus e sionistas. A luta de libertação assemelhava-se, nesses documentos, a uma guerra santa, entre povos e religiões, contrapondo-se à cultura laica e nacionalista dos dirigentes históricos da resistência, muitos sob forte influência marxista. “Ao vencer as eleições de 2006 e passar a comandar o governo da Autoridade Palestina, com Ismail Haniyeh exercendo a função de primeiro-ministro, o movimento renovava sua identidade, afirmando-se como uma referência anticolonial para além da religião.” Com os Acordos de Oslo, de 1993, uma clara divisão se estabelece entre os grupos palestinos, induzindo aceleradamente a incursão do Hamas no reino da política. De um lado, correntes favoráveis ao pacto, reconhecendo a legitimidade de Israel, renunciando à luta armada e aceitando a constituição gradual do Estado Palestino em apenas 21% do território delineado em 1947. De outro, coletivos que repudiavam esse caminho, entre os quais grupos internos da OLP que iriam se aliar ao Hamas na frente da rejeição. A experiência de coalizões com agrupamentos laicos e marxistas teria relevância durante os anos 1990, permitindo ao partido islâmico amadurecer posições e definir melhor a relação entre política e religião, em boa medida caminhando para uma secularização prática, embora banhada pela narrativa muçulmana. A Segunda Intifada, de 2000 a 2005, seria a vitrine dessa nova etapa do Hamas. A essa altura, o Hamas já operava com três braços relativamente autônomos: um para a execução de serviços sociais, outro para a luta político-eleitoral e um terceiro para o confronto militar. Ao vencer as eleições parlamentares de 2006 e passar a comandar o governo da Autoridade Palestina, com Ismail Haniyeh exercendo a função de primeiro-ministro, o movimento renovava sua identidade, afirmando-se como uma referência anticolonial para além da religião. Queda e reascensão De curta duração, pois seria deposto em 2007 pelo presidente Mahmoud Abbas, o gabinete Haniyeh chegou mesmo a apresentar, embora com ressalvas, um pacto de transição pacífica, mas acelerada, nos termos fixadas em Oslo, tendo como objetivo imediato o pleno estabelecimento de um Estado Palestino. A pressão israelense e estadunidense, à qual sucumbiria a Autoridade Palestina, não aceitava, sob qualquer hipótese, que as forças mais radicais da resistência pudessem governar. Fora do governo, o Hamas expulsaria da Faixa de Gaza os seguidores do Fatah, partido hegemônico da Autoridade Palestina, e assumiria a direção integral do enclave. Imediatamente o regime sionista estabeleceria um cerco por terra, mar e ar, contra o qual se confrontaria por mais de quinze anos, acumulando forças para a abertura da Terceira Intifada, em 7 de outubro de 2023. “Claro que permanece longe de se integrar à família marxista ou socialista, mas tampouco se pode duvidar que o Hamas se afirmou como um dos movimentos anti-imperialistas e anticoloniais mais combativos de nossa época.” A partir desse momento o Hamas se tornaria o principal protagonista da luta palestina, em uma batalha heroica que custou mais de 50 mil vidas, mas colocando o Estado de Israel contra as cordas e impulsionando a solidariedade com a causa palestina ao seu maior patamar histórico. Quase quatro décadas depois de sua fundação, a organização islâmica está claramente reconfigurada. Claro que permanece longe de se integrar à família marxista ou socialista, preservando valores e políticas fortemente contestáveis pela esquerda. Tampouco se pode duvidar, no entanto, que o Hamas se afirmou como um dos movimentos anti-imperialistas e anticoloniais mais combativos de nossa época. Por essas e outras razões, Entendendo o Hamas é um livro precioso e indispensável. Sobre os autores Breno Altman é jornalista e fundador do site Opera Mundi.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

UM HOMEM DE LUTAS...

Presidente do México, Claudia Sheinbaum afirma que Pepe Mujica é um exemplo para a América Latina 'Um exemplo para o mundo inteiro', escreveu a líder mexicana sobre o ex-presidente do Uruguai 13 de maio de 2025, 17:55 h 9 Partilhas whatsapp-white sharing buttontwitter-white sharing button 4facebook-white sharing button 5email-white sharing buttoncopy-white sharing button Claudia Sheinbaum durante encontro com Pepe Mujica Claudia Sheinbaum durante encontro com Pepe Mujica (Foto: Divulgação (X/Claudia Sheinbaum)) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Leonardo Lucena avatar Conteúdo postado por: Leonardo Lucena 247 - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, elogiou nesta terça-feira (13) a “sabedoria” e a “simplicidade” de José Pepe Mujica. O ex-presidente uruguaio morreu aos 89 anos. “Lamentamos profundamente a morte do nosso querido Pepe Mujica, um exemplo para a América Latina e o mundo inteiro. Expressamos nossa tristeza e condolências à família, amigos e ao povo do Uruguai”, publicou a presidente mexicana. Play Video O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também se pronunciou e destacou a importância de Pepe Mujica tanto para a integração da América do Sul como da América Latina. Lamentamos profundamente la muerte de nuestro querido Pepe Mujica, ejemplo para América Latina y el mundo entero por la sabiduría, pensamiento y sencillez que lo caracterizaron. Externamos nuestra tristeza y pésame a familiares, amigos y al pueblo de Uruguay. pic.twitter.com/ygakNsKesN — Claudia Sheinbaum Pardo (@Claudiashein) May 13, 2025

LULA NA CHINA

Visita de Lula à China resulta em 20 novos atos de cooperação; veja lista completa Países avançam na desdolarização e aprofundam aliança estratégica com foco em desenvolvimento sustentável, tecnologia e comércio 13 de maio de 2025, 09:52 h 226 Partilhas whatsapp-white sharing button 38twitter-white sharing button 35facebook-white sharing button 113email-white sharing button 14copy-white sharing button Presidentes Xi Jinping e Lula dão as mãos em Beijing Presidentes Xi Jinping e Lula dão as mãos em Beijing (Foto: Ricardo Stuckert/PR) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Guilherme Paladino avatar Conteúdo postado por: Guilherme Paladino Por Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - Em visita de Estado à China, o presidente Lula (PT) e sua comitiva firmaram, nesta terça-feira (13), um conjunto de 20 atos bilaterais com o governo chinês. Os acordos abrangem áreas estratégicas como infraestrutura, ciência e tecnologia, agricultura, energia, meio ambiente, finanças, inteligência artificial, saúde, cultura e comércio internacional. A assinatura dos documentos ocorreu paralelamente à 4ª Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC, da qual Lula participou como convidado especial, ao lado de outros chefes de Estado e ministros da América Latina e do Caribe. Em declaração conjunta emitida pelas duas partes, Brasil e China se comprometeram a fortalecer a chamada "Comunidade de Futuro Compartilhado" e defender um mundo mais justo, sustentável e multilateral. Play Video A viagem sucede a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, em novembro de 2024, e consolida a intensificação das relações bilaterais no cenário internacional. A comitiva brasileira incluiu ministros de Estado, governadores, parlamentares e presidentes de instituições públicas, como ApexBrasil, Banco Central e IBGE. Entre os atos assinados, destaca-se o Memorando de Entendimento entre a Casa Civil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, que inaugura a implementação de sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês) e os principais programas brasileiros: Novo PAC, Nova Indústria Brasil, Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana. A parceria prevê cooperação em setores como infraestrutura logística e digital, energia limpa, industrialização verde e financiamento ao desenvolvimento regional, com ênfase na integração da América do Sul aos fluxos produtivos e comerciais sino-brasileiros. Avanços em ciência, IA e agricultura Cinco documentos firmados durante a visita tratam diretamente da cooperação científica e tecnológica. Um dos mais relevantes é o acordo para criação de um Centro Binacional de Transferência de Tecnologia, que conectará instituições de pesquisa, universidades e empresas dos dois países. A inteligência artificial foi objeto de um memorando específico, assinado entre os ministérios de desenvolvimento industrial dos dois países. Também foi firmado um plano para compartilhamento de dados espaciais com países da América Latina e Caribe, no âmbito da parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Administração Espacial Nacional da China. Na área de agricultura, foram assinados três documentos, incluindo um memorando sobre agricultura familiar e mecanização agrícola, além de protocolos fitossanitários que autorizam a exportação de farelo de amendoim, derivados da indústria do etanol de milho e carne de aves brasileiras ao mercado chinês. Energia, mineração e moeda local A pauta energética também avançou. Brasil e China firmaram memorandos sobre cooperação em etanol, mobilidade sustentável, energia nuclear e mineração, além de um plano de ação para o setor mineral (2025–2026). Na área financeira, o acordo de swap de moedas locais entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China tem potencial para ampliar o uso do real e do yuan em transações bilaterais, reduzindo a dependência do dólar. Comunicação, cultura e mídia A visita também teve espaço para o fortalecimento de laços culturais e institucionais. Foram assinados memorandos de cooperação entre a ApexBrasil e o China Media Group, além de um acordo com o Conselho Chinês para Promoção do Comércio Internacional. No campo da saúde, foi firmado um memorando com a agência estatal de notícias Xinhua, voltado à comunicação sanitária. Outros atos trataram de cooperação postal e da promoção de investimentos em economia digital. VEJA A LISTA COMPLETA DOS ATOS ASSINADOS ABAIXO: 1) Memorando de Entendimento entre a Casa Civil da Presidência da República Federativa do Brasil e a Comissão de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China sobre a Cooperação para a Primeira Etapa do Plano de Cooperação para o Estabelecimento de Sinergias entre o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Programa Rotas da Integração Sul-Americana; e a Iniciativa Cinturão e Rota 2) Declaração Conjunta de Intenções entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil e a Administração Espacial Nacional da China sobre o Compartilhamento de Dados Espaciais om os Países da América Latina e do Caribe 3) Memorando de Entendimento entre Banco Central do Brasil e Banco Popular da China sobre Cooperação Estratégica no Campo Financeiro 4) Memorando de Entendimento entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima da República Federativa do Brasil e a Administração Nacional de Florestas e Pastagens da República Popular da China sobre Cooperação em Restauração de Vegetações e Sumidouros de Carbono 5) Memorando de Entendimento para o Estabelecimento Conjunto de um Centro de Transferência de Tecnologia entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação da República Federativa do Brasil e o Ministério da Ciência e Tecnologia da República Popular da China 6) Memorando de Entendimento sobre o Reforço da Cooperação em Inteligência Artificial entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços da República Federativa do Brasil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China 7) Memorando de Entendimento (2025–2030) sobre Cooperação em Agricultura Familiar Moderna e Mecanização Agrícola entre o Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais da República Popular da China e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar da República Federativa do Brasil 8) Carta de Intenções sobre a Promoção do Desenvolvimento de Alta Qualidade da Cooperação em Investimentos na Economia Digital entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços da República Federativa do Brasil e o Ministério do Comércio da República Popular da China 9) Plano de Ação de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da Mineração (2025–2026) entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China 10) Acordo de Swap de Moedas Locais entre o Banco Central do Brasil e o Banco Popular da China 11) Memorando de Entendimento entre o Ministério da Agricultura e Pecuária da República Federativa do Brasil e a Administração-Geral de Aduanas da República Popular da China na Área de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias 12) Protocolo de Requisitos Sanitários e Fitossanitários para a Exportação de Proteínas e Grãos Derivados da Indústria do Etanol de Milho e Farelo de Amendoim, da República Federativa do Brasil para a República Popular da China, entre a Administração-Geral de Aduanas da República Popular da China e o Ministério da Agricultura e Pecuária da República Federativa do Brasil 13) Protocolo entre o Ministério da Agricultura e Pecuária da República Federativa do Brasil e a Administração Geral de Aduanas da República Popular da China sobre Inspeção, Quarentena e Requisitos de Segurança de Alimentos para a Exportação de Carne de Aves do Brasil para a China 14) Memorando de Entendimento entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear e a Autoridade de Energia Atômica da China para Cooperação no Desenvolvimento Sustentável da Energia Nuclear 15) Memorando de Entendimento no Campo da Comunicação em Saúde entre o Ministério da Saúde da República Federativa do Brasil e a Agência de Notícias Xinhua da República Popular da China 16) Memorando de Entendimento entre a ApexBrasil e o China Media Group 17) Protocolo de Intenções de Cooperação entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e a Administração Nacional de Energia da República Popular da China 18) Memorando de Entendimento entre o Ministério de Minas e Energia da República Federativa do Brasil e a Administração Nacional de Energia da República Popular da China sobre Cooperação em Etanol e Mobilidade Sustentável 19) Memorando de Entendimento para a Cooperação no Setor Postal entre o Ministério das Comunicações da República Federativa do Brasil e o State Post Bureau da República Popular da China 20) Memorando de Entendimento entre a ApexBrasil e o Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional Visita reforça convergências Em declaração conjunta, Lula e Xi Jinping reafirmaram o compromisso com o multilateralismo, a reforma da governança global e a defesa da soberania dos países em desenvolvimento. O texto expressa apoio à reforma do Conselho de Segurança da ONU, destaca a convergência entre os dois países em temas como clima, combate à fome, transição energética e inteligência artificial, e reconhece a importância da parceria estratégica sino-brasileira no contexto do Sul Global. O documento também destaca a sinergia entre as estratégias nacionais de desenvolvimento do Brasil e a Iniciativa Cinturão e Rota da China, e defende a construção de uma ordem internacional mais equitativa e inclusiva, baseada no direito internacional e nos princípios da Carta da ONU. Durante a agenda em Pequim, o presidente Lula também participou do Fórum Empresarial Brasil-China e teve reuniões bilaterais com autoridades chinesas de alto escalão, incluindo o primeiro-ministro Li Qiang e o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji. Lula foi ainda recebido para um jantar privado na residência oficial de Xi Jinping. A próxima etapa do relacionamento bilateral será marcada pela presidência brasileira do BRICS, em 2025, e pela realização da COP30, em Belém..