sexta-feira, 20 de junho de 2025
#CADEIA PARA BOLSONARO E SUA QUADRILHA
Abin Paralela, Bolsonaro e a estranha Operação Itarareca: jornalista do interior foi alvo depois de denunciar esquadrão da morte
Relatório da PF, além de responsabilizar criminosos, serve para entender o período da história em que todos podiam ser alcançados pela ditadura em construção
19 de junho de 2025, 17:03 h
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Jesus Vicente: "Assustador"
Jesus Vicente: "Assustador" (Foto: Josué de Lima/Linha 42)
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O jornalista José Jesus Vicente é uma das pessoas monitoradas pela Abin Paralela, e esse caso evidencia o risco que o Brasil correria caso Jair Bolsonaro avançasse em seu projeto autoritário.
Vicente, que além de jornalista, é ator e conhecido por suas aventuras, sobretudo por caminhar longas distâncias, com postagens em seu blog.
Trabalha hoje no portal Porque, de Sorocaba, onde também trabalhou como repórter de outras publicações.
O único veículo da grande imprensa em que atuou foi o Diário Popular, rebatizado Diário de S. Paulo, quando foi vendido para o Grupo Globo. Deixou a chamada grande imprensa há mais de dez anos.
No relatório da Polícia Federal, ele é citado duas vezes. A primeira na página 213, com um mapa que mostra três deslocamentos dele, um no bairro em que costuma fazer caminhadas, perto de sua casa.
“Itarareca” é o nome da operação que deu origem a seu monitoramento. “Não entendo por que fui monitorado. Eu não estava fazendo nenhuma reportagem de política naquela época”, disse.
O monitoramento ocorreu nos dias 2 e 3 de setembro de 2020, com cinco consultas feitas pelo terminal de computador 01.
A data coincide com a visita de Jair Bolsonaro à pequena cidade de Tapiraí, no Vale do Ribeira, região paulista onde o ex-presidente viveu e onde ainda mora grande parte da sua família.
Jesus Vicente foi professor da rede pública na cidade, com o qual mantinha vínculos, inclusive por publicar uma revista que mostrava atrações turísticas.
Bolsonaro chegou a falar de Tapiraí em uma live na véspera, chamando-a de Itapiraí, como muitas pessoas costumam dizer, daí, possivelmente, o nome Itapirareca.
Na live, o então chefe do Executivo diz ter telefonado para o destacamento da Polícia Militar e pedido para falar com um policial. Segundo ele, quem atendeu pensou se tratar de trote, e desligou.
Na transmissão em rede social, Bolsonaro pediu que avisassem que era ele mesmo que havia telefonado e, no dia seguinte, desceu de helicóptero no campo de futebol de Tapiraí.
Foi uma visita surpresa, para ele ir ao destacamento e cumprimentar um policial, com quem conversou reservadamente.
Dois meses antes, eu editei no Diário do Centro do Mundo (DCM) uma reportagem do jornalista José Jesus Vicente sobre o desaparecimento de Afonso Domingo da Silva, de 26 anos.
O jovem era negro e o envolvimento da PM na provável execução foi descoberta em razão do capotamento do viatura, na cidade.
A reportagem de Jesus Vicente jogou luzes sobre um suposto esquadrão da morte na região onde a família Bolsonaro é hoje uma das mais prósperas.
Jesus Vicente mencionou, em sua reportagem, o desentendimento que a vítima havia tido com o proprietário de um posto de gasolina de Tapiraí, de onde os policiais saíram para invadir a casa do jovem negro.
“É a única coisa que explica porque eu fui monitorado”, afirmou. Como mostra o relatório da Polícia Federal sobre o inquérito da Abin, o monitoramento da Abin começou um dia antes da visita-surpresa a Tapiraí – no mesmo dia da live, portanto.
Jesus Vicente publicou outra reportagem no Diário do Centro do Mundo, que eu também editei, cerca de quatro meses depois, sobre a denúncia de que o Grupo Votorantim estaria grilando terras na região.
Mas esta não coincide com as mobilizações de Bolsonaro. “Hoje ser citado num relatório sobre a Abin Paralela é um troféu, mas o que aconteceu na época, sem que eu soubesse, é assustador”, comentou.
Ao saber por onde Jesus Vicente andava, a Abin poderia acionar espiões para fazer observação in loco, como ocorreu em outros casos, ou, o que é pior, fornecer endereços para uma ação mais grave.
“Se simulassem um assalto, e me matassem, quem iria associar o crime à reportagem que fiz sobre os PMs?”, afirmou.
Bolsonaro sempre disse que jogava nas quatro linhas da Constituição, que assegura o direito à privacidade.
Uma ação clandestina como esta permite o terror do Estado ou de pessoas associadas a ele. A coincidência de datas nem sua declaração de apreço pela PM de Tapiraí servem como prova contra Bolsonaro.
Mas apresenta indícios. No relatório da Polícia Federal, Bolsonaro é citado como o principal destinatário do produto das ações clandestinas e da instrumentalização da Abin”.
Na página 123, a Polícia Federal relata uma espionagem de cunho absolutamente político.
No dia 10 de junho de 2021, num chat da Abin, o participante com telefone (032) 991463854 (região de Juiz de Fora) relata que houve um encontro de Lula com Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Nelson Jobim e o empresário Jonas Barcellos, na fazenda deste último, chamada Mata Velha.
“Assunto central: como tirar JB da corrida eleitoral ou criar fatos para invalidar a eleição (robôs, gabinete paralelo, patrocínio de postagens, etc…). Tive informação de pessoa que esteve lá durante um almoço”, escreve. E avisa: “Solicitação do Ch”.
A mensagem é dirigida a Marcelo Bormevet, o agente da PF que organizou o esquema de segurança naquele 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, e depois, no início do governo, teve o nome apresentado por Carlos Bolsonaro a Gustavo Bebianno para nomeação na Abin.
“Bormevet, achar tudo sobre essa fazenda e esse empresário. Esse é o pedido. Tente tudo sobre o empresário, a fazenda e a relação com os nomes noticiados”, determina.
O pedido é classificado como urgente (“UUU”).
Carlos Bolsonaro é um nome recorrente no inquérito, em que está indiciado. Mas um detalhe tem passado despercebido.
Está no depoimento de Caio César dos Santos Cruz, filho do general Santos Cruz, que foi com Bolsonaro a Juiz de Fora naquele 6 de setembro de 2018.
Caio Santos Cruz foi investigado por representar a empresa israelense Verint System Ltda, que vendeu ao Brasil o software First Mile, usado para quebrar sigilo de celulares sem autorização judicial.
O filho do general entrou na empresa representante da Verint, a Suntech/Cognyte, em 2016, e participou de eventos internacionais em que o First Mile foi apresentado.
No mesmo ano, depois do golpe contra Dilma, Carlos, que era (e é) vereador no Rio de Janeiro, e o irmão Eduardo foram a Israel numa comissão partidária.
Como disse Caio Santos Cruz em seu depoimento à Polícia Federal, chamou a atenção dele o fato de que os dois pediram reunião com agências de segurança de Israel, com o conhecimento da Cognyte, que o reportou para seu representante no Brasil.
“Chamou a atenção do declarante porque não é usual”, registrou a PF no depoimento de Caio Santos Cruz.
Em março de 2019, conforme Santos Cruz, foi a vez de Flávio Bolsonaro, no início de seu mandato como senador, viajar a Israel e participar da reunião em que o First Mile, já adquirido pelo governo brasileiro, teve suas aplicações demonstradas.
“Não é comum a participação de civil nesse tipo de reunião”, disse o filho do general à PF. “Nessa reunião, não estavam presentes representantes do Ministério da Justiça nem da Defesa”, acrescentou.
Qual o interesse dos filhos de Jair Bolsonaro, um deles vereador, no equipamento de inteligência que, agora se sabe, foi usado em larga escala contra determinação legal e para monitoramentos por razões diversas?
A proximidade de Israel com Bolsonaro ficou demonstrada desde o início do governo, quando Benjamin Netanyahu aproveitou a posse para fazer turismo (ou aparentar fazer turismo) no Brasil.
Pelo que indica o relatório, o inquérito da PF sobre a Abin, além de servir para a responsabilização de criminosos, é um documento para entender esse período da história do Brasil, em que ninguém estava seguro, todos podiam ser alvo de uma ditadura em construção.
LULA GUERREIRO...
“O que Lula está conseguindo fazer no Brasil é uma revolução”, diz Mário Vitor Santos
Jornalista analisa conquistas sociais do governo Lula, critica a desvalorização dessas vitórias por parte da esquerda e denuncia o cerco conservador
19 de junho de 2025, 15:52 h
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Mario Vitor Santos e Lula
Mario Vitor Santos e Lula (Foto: Brasil 247 | Divulgação / Ricardo Stuckert)
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Redação Brasil 247
247 – Durante sua participação no Bom Dia 247, o jornalista Mário Vitor Santos fez uma contundente defesa das realizações do governo Lula e classificou como “revolução” o conjunto de transformações sociais e econômicas conduzidas pela atual gestão.Ao comentar o artigo de sua autoria intitulado “Lula 3: a revolução vitoriosa e silenciada na direita e na esquerda”, Mário Vitor afirmou que o atual governo promoveu avanços profundos, especialmente na distribuição de renda, mesmo enfrentando um Congresso conservador, uma mídia hostil e pressões internacionais.
“A distribuição de renda no governo Lula 3 melhorou profundamente. Quem diz isso é Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas. Segundo ele, o que aconteceu em 2024 foi revolucionário, com uma queda radical da desigualdade. Os pobres tiveram uma melhora muito maior do que os ricos”, destacou o jornalista.
Programas sociais como motores da transformação
Entre os fatores apontados para essa mudança, Mário destacou o novo programa de suporte ao Bolsa Família, criado no terceiro mandato de Lula. “Mesmo que a pessoa consiga um emprego, continua recebendo por um tempo o valor do Bolsa Família. Isso dá segurança para buscar uma vaga sem medo de perder a renda”, explicou, ressaltando que a medida ampliou a inserção dos mais pobres no mercado de trabalho.
Ele também mencionou avanços como a queda no desemprego, o crescimento da alfabetização e o fortalecimento das políticas sociais: “Tudo isso provocou uma revolução”, reafirmou.
A eleição de 2022 como ponto de virada
Mário Vitor Santos também contestou a narrativa de que Lula venceu por pouco nas eleições de 2022. Para ele, a vitória foi “acachapante”, considerando-se o contexto de uso da máquina pública por Jair Bolsonaro, com liberação bilionária de recursos para tentar reverter o resultado. “Bolsonaro foi derrotado pela consciência do eleitor brasileiro, que não cedeu mesmo sob uma pressão brutal, tentativas de fraude e ameaças de golpe”, disse.
Ele lembrou o papel do Tribunal Superior Eleitoral, a atuação da Polícia Rodoviária Federal em redutos lulistas e o cerco judicial-midiático que marcou o processo eleitoral. “Quase ninguém fala dessa qualidade superior do nosso povo. Essa foi a quinta eleição vencida por Lula neste século. É uma manifestação de apoio a políticas sociais, não um voto apenas em uma pessoa.”
Uma hegemonia dos trabalhadores
Segundo Mário, a verdadeira transformação operada por Lula está na mudança de hegemonia no aparelho de Estado. “Tirou-se o poder hegemonizado por rentistas e pelo agronegócio e colocou-se representantes dos trabalhadores urbanos e rurais. Isso é uma revolução de classe.”
Ele reconheceu a existência de resistências internas e externas ao governo, inclusive no campo progressista, mas defendeu o foco na realidade concreta das conquistas. “Há uma gestão essencialmente voltada para minorar e combater a desigualdade. Não houve cortes em saúde, educação, aposentadorias. Ao contrário, há um compromisso firme com os mais pobres.”
Críticas à esquerda e à mídia
O jornalista criticou duramente setores da esquerda que, segundo ele, preferem aderir a uma visão catastrofista do governo. “Vivemos em um ambiente permanente de contrarrevolução. E parte da nossa esquerda ajuda a alimentar a ideia de que o governo está nas cordas, de joelhos.”
Ele também denunciou o papel da mídia tradicional na tentativa de silenciar os êxitos da atual gestão: “A mídia hegemônica cobra que se cortem recursos da saúde e da educação, quando o que deveria fazer era reconhecer os avanços sociais em curso.”
Elemento militar e resistência democrática
Ao final da entrevista, Mário Vitor relembrou o papel das Forças Armadas nos episódios recentes da história brasileira, desde o golpe contra Dilma Rousseff até as tentativas de subversão da ordem constitucional após a eleição de Lula. “A nossa revolução teve, sim, um elemento armado em seu nascedouro. Foi a resistência à tentativa de golpe que consolidou a vitória democrática.”
O jornalista concluiu que os ataques ao governo têm como pano de fundo o incômodo das elites diante do retorno de um projeto voltado para os de baixo. “Eles querem derrubar Lula porque ele representa a maioria do povo, e essa maioria está fazendo uma revolução silenciosa — mas
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