quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
SALVE O PT !!!
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
11 de fevereiro de 2025 - Claudia Rocha
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Nas ruas e nas redes sociais, militantes mantém viva a construção da organização e disseminam a voz do PT no debate cotidiano
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
crédito: Paulo Pinto
Com 45 anos de atividade, o Partido dos Trabalhadores já atravessou diferentes desafios, tanto nos embates das casas legislativas e nas medidas tomadas à frente do Executivo em diferentes esferas, quanto nas tradicionais campanhas eleitorais ou na luta social em defesa dos interesses do povo. Em tantas batalhas, para dar materialidade aos temas na sociedade, existe um cenário: a rua. E seus protagonistas: a militância.
Com mais de 1.653.361 filiados, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (outubro de 2024), o PT se diferencia dos outros partidos no assunto. Mesmo atrás do MDB em número total de filiações, o partido está enraizado no imaginário do que significa ser um militante partidário atuante no Brasil, em especial em momentos decisivos da vida política do país, quando centenas de milhares saem às ruas portando bandeiras, vestidos com camisetas vermelhas e, na ponta da língua, um discurso afiado para rebater fake news.
Desde a criação do partido, em 10 de fevereiro de 1980, no colégio Sion, em São Paulo, a pluralidade de atuação estava presente com sua formação a partir de sindicalistas, militantes egressos da luta armada contra a ditadura, integrantes de movimentos populares de origem camponesa e católica, intelectuais, entre outros segmentos.
O sentimento de construir um instrumento para defender os interesses do povo brasileiro segue como um objetivo do PT. “Temos muito que celebrar neste dia e o mais importante é renovar nosso compromisso com a classe trabalhadora e com o povo brasileiro”, afirmou a presidente Gleisi Hoffmann, em um vídeo em comemoração ao aniversário divulgado nesta segunda-feira.
Hoffmann apontou também as dificuldades atuais: “nossa responsabilidade hoje é ainda maior, porque temos de reconstruir um país devastado pelo neoliberalismo privatista e excludente”. E completou dizendo que “45 anos não são 45 dias. O PT aprendeu muito e cresceu com o povo brasileiro nessa trajetória”.
Base participativa
“A pátria petista, isso não é novidade, ela se move até mesmo sem esperar a direção partidária, ela vai criando fatos, criando movimentos, essa militância petista continua tendo uma importância muito grande de mobilização e iniciativa”, afirma Breno Altman.
O jornalista, filiado ao partido desde 1986, foi um dos coordenadores da Campanha Lula Livre e acompanhou de perto a resistência de militantes na pressão para a soltura do atual presidente, que ficou preso 580 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
A soltura de Lula ocorreu em novembro de 2019, mas, antes disso, desde o processo que tirou Dilma Rousseff do poder em agosto de 2016, não é exagero apontar que a militância petista não teve um dia de paz. Foram diversas campanhas nas quais os petistas estiveram engajados, desde o “Não vai ter Golpe”, passando pelo “Fora Temer” até chegar ao contexto do “Ele Não”. Durante o governo Bolsonaro, foram realizados inúmeros protestos e atividades de solidariedade para ajudar a população mais vulnerável no período da pandemia.
Com esse caldo de acúmulo de intensos anos de manifestações de rua e com o maior expoente do partido, Lula, dando indícios de que retornaria ao jogo eleitoral, em 2021, o Partido dos Trabalhadores alcançou a marca de um expressivo crescimento nas filiações, com mais de 62 mil novos registros somente naquele ano.
Para o coordenador da Campanha Lula Livre, é importante que haja uma ampliação no poder decisório da militância, que poderia ser retomado a partir das tecnologias disponíveis atualmente, com a realização de consultas online de maneira transparente.
Em relação ao aprendizado que a direção pode absorver perante aos exemplos militantes, Breno Altman defende mudanças. “A lição que podemos tirar é uma profunda reestruturação. O PT nasce como partido de massas, depois, no final dos anos 90, passa a ser um partido eleitoral, e nos últimos anos se tornou uma legenda eleitoral pela qual diversas correntes e lideranças disputam as eleições. Falta compromisso com a construção coletiva do partido, com as resoluções. O PT precisa voltar a ser um partido de massas, que educa, mobiliza as massas”, opina Altman.
PT Futebol Clube
Dentro do universo da militância, cabem os filiados, os simpatizantes e aqueles que são conhecidos por familiares e amigos como “torcedores fanáticos” do PT. São pessoas que, para além de construírem o cotidiano do partido, contribuem para manter viva e pulsante a simbologia da luta política nos bairros de diferentes cidades brasileiras.
Ainda a partir da analogia do futebol, são aqueles militantes que continuam vibrando com o partido, assim como um time, mesmo nas fases mais difíceis, como foram os últimos anos, desde o golpe sofrido por Dilma Rousseff até a saída de Bolsonaro. Nesse sentido, separamos alguns depoimentos de militantes que representam a “torcida” do partido, confira:
Lúcia Maria Xavier da Silva
70 anos, professora aposentada, Rio de Janeiro
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
“Cresci no Rio de Janeiro e mudei para Contagem, uma cidade industrial de Minas Gerais, em 1986. Meu berço político foi lá, eu era vizinha da Marília Campos e fiz amizade com o pessoal do Sindicato dos Bancários. Descobri que no ambiente político eu, enquanto mulher e mãe, tinha um lugar para conversar assuntos super interessantes e ainda podia sair para tomar uma cerveja com as mulheres após as atividades, o que não era tão comum nos anos 90.
Me filiei em 2003, nesse contexto de eleição do Lula e da Marília na prefeitura. Depois fiz a transferência para o PT do Rio porque voltei a morar aqui em 2004. Ao longo do governo petista, foi muito bom ver meus filhos na faculdade, era o Brasil que a gente queria. Nos últimos anos, era uma militância louca a gente vivia na rua ‘Fora Temer, Fora Temer, Fora Temer’ todo dia. Era muito desgastante, mas ao mesmo tempo muito produtivo.Eu trabalhava na sede do PT no Rio quando nosso presidente foi preso e a gente conseguia levar algumas camisetas brancas para o Lula, em Curitiba, e ele assinava pra gente.
Algo bastante marcante pra mim foi a campanha presidencial em 89. Teve um comício perto da minha casa, eu estava com um bebê de dois meses em casa, e minha filha com menos de dois anos foi junto comigo ver o Lula, ela sabia de cor a letra do “Lula Lá” de tanto que ouvia em casa. Então, ele pegou ela no colo, eu me emociono até hoje em lembrar. Quando Lula foi eleito, agora em 2023, nós fomos na posse, minha família toda, até o meu neto pequeno. Fizemos o réveillon lá, foi uma festa linda.
Posso dizer tranquilamente que, além da minha família, minha vida é o PT e as relações que construí a partir dele. Eu sou uma pessoa que respira PT, durmo PT, sonho PT. É uma torcida louca, eu me sinto agradecida ao universo pela minha relação com o partido”.
Nelson Jandir Canesin
66 anos, aposentado, São Paulo
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
“Eu era militante político da Libelu, que era crítica ao PT, e eu não concordava com essa posição, já era bastante simpatizante do partido e, portanto, resolvi me filiar. Me filiei em fevereiro de 1982, no Bar do Cebolinha, ao lado da prefeitura de Osasco, o bar era do pai do Silvio Pereira, que foi Secretário-Geral do PT e ele que me filiou. Era um momento de turbilhão na vida política, com a ascensão da organização dos movimentos sociais, e eu era militante do Sindicato dos Bancários.
Esse último período que começa com o golpe da Dilma já não começou muito fácil. A reeleição da Dilma já havia sido complicada, tínhamos enfrentado as jornadas de junho de 2013, que resultaram no levante do fascismo. Eu fui a uma dessas manifestações enquanto movimento sindical, junto com a CUT, e saímos de lá debaixo de porrada. Eles nos cercavam, gritavam ‘sem partido’ e no fim foram todos para partidos de direita. No momento do golpe, estava no Vale do Anhangabaú assistindo aquele circo de horrores.
Estava em São Bernardo no dia que o Lula resolveu se entregar para ser preso e foi um dos dias mais tristes da minha vida. Quando voltei pra casa, em Ibiúna, no interior de São Paulo, já saí pichando a cidade com os dizeres ‘Lula Livre’. No dia seguinte, eu fui pra Curitiba. Estava todo mundo acampado na rua ainda. O MST fazia almoços e jantares. Eu fiquei três meses ali, depois consegui ir para casas alugadas pelos bancários e pelos químicos. Foi uma experiência muito rica para mim.
Quando fui para a vigília, eu era petista, depois daquele período passei a ser também lulista. Vi muita gente bastante simples, trabalhadores rurais, que trabalhavam como boia-fria, fazia um dinheirinho da roça, iam pra lá ficar acampados um tempo, depois voltavam, exemplos lindos de militância.
Não consigo me ver fora do PT e vejo que muita gente da antiga também é assim. É como um time, se eu sair do PT não tenho pra onde ir, não me vejo em outros partidos. Nós já tivemos fases muito difíceis em que mal dava para sair com a camiseta do partido na rua e isso permanece até hoje, o ódio plantado foi tão grande que permanece complicado. Em Curitiba, quando estava na Vigília e precisava sair pra resolver alguma coisa no centro da cidade, era uma loucura, parecia que eu era um ser de outro planeta, a gente era muito hostilizado, mas o PT é isso, estamos sempre juntos, não fugimos da luta.
Vejo que a importância do PT no Brasil é que ele conseguiu aglutinar militantes que estavam com atuações dispersas nos movimentos sociais, o PT veio como um ímã para se tornar um dos maiores partidos de esquerda do mundo. O PT veio pra ficar”.
Alexandre Fossatti
42 anos, publicitário, Santa Catarina
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
“Entrei em 2018, foi o primeiro partido ao qual me filiei, apesar de já ter atuado anteriormente com outro parlamentar de outra legenda. A conjuntura política no momento da minha filiação era o avanço do bolsonarismo e da extrema-direita suprimindo os direitos do povo brasileiro. Era triste ver que 80% dos meus amigos estavam nessa onda.
Naquele momento, eu já tinha morado na Inglaterra em 2008 e me surpreendido com o quanto o presidente Lula era querido no exterior, daí comecei a estudar mais a história do partido naquele momento e me identifiquei muito com o patriotismo dentro PT, que pra mim é o único partido real no Brasil, já que o resto são meramente associações de deputados, salvo as exceções de outros partidos de esquerda que são muito menores na comparação com o Partido dos Trabalhadores.
No período crítico depois do golpe, eu produzia outdoors com os escritos ‘Anula STF’ em relação à prisão do Lula, chegando a 400 espalhados no Brasil inteiro. Lembro que era pecado falar de Lula naquela época. Muitos outdoors foram derrubados, alguns tacaram fogo. Nos organizamos a partir de um coletivo de pessoas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina que se juntaram em um grupo de Whatsapp chamado ‘Anula STF’ e fazíamos vaquinhas para fazer os outdoors com mensagens políticas em cidades demandadas pela militância.
Depois da atuação nesse coletivo, eu fui para as redes sociais e acabei criando um perfil do Lula no TikTok, que até então não estava lá. Com essa conta, alcançamos mais de 8 milhões de pessoas por dia de audiência, foi uma experiência muito interessante, que me colocou em contato com a equipe do presidente. A página acabou derrubada durante a campanha por causa de uma postagem de uma fala de Bolsonaro sobre a Covid.
Eu vou ser sempre petista, pra mim é o único partido articulado que tem um projeto para o país. Eu acredito que ser do PT é um privilégio de saber quem são os verdadeiros patriotas desse país que lutam por um país verdadeiramente liberto.”
Regyani Nascimento da Silva
40 anos, publicitária, Pará
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
“Minha mãe sempre foi bastante atuante na militância de bairro e ela teve muito contato com as pessoas que fundaram o partido em Belém, no Sacramento, onde eu nasci. Nesse contexto, eu me filiei com 16 anos, em um processo de filiação interna. Desde muito cedo, tive contato com o PT.
Como sou dirigente do partido aqui, participei de inúmeras atividades, principalmente no período da prisão do Lula, denunciando, fazendo passeatas, fizemos até um ato de julgamento simbólico para denunciar a parcialidade da Justiça naquele momento, era um sentimento muito grande de impotência, achávamos que a saída seria a longo prazo, então nos preparamos para a resistência. E para organizar a resistência a gente se apegava uns nos outros, na própria militância, conversávamos muito, sempre um ligava pro outro pra saber como o outro estava, isso foi o que meu força para aguentar, inclusive, o julgamento público porque era tudo muito difícil, andar nas ruas com a camisa do PT, a gente também acabou julgado junto com o presidente.
Pra mim, torcida boa é a que está com o time em todos os momentos, mas sempre cobrando, não só dando força, mas, principalmente cobrando. Nossa militância é muito aguerrida, tem cidades aqui no estado que têm 70% de bolsonaristas e a nossa turma está lá, resistindo. A nossa força é essa, a nossa militância, é quem faz o debate no micro, na rua, onde o debate político acontece com muita força, isso é tão importante quanto o que acontece no Congresso.
Acho que se a classe trabalhadora não tivesse o PT como instrumento de luta social, não estaríamos nessa posição que estamos hoje, com ganhos sociais, mesmo a partir das lutas. Isso é muito importante para o país também, ter um partido que defende as pessoas de maior vulnerabilidade, isso é um ganho para o povo do Brasil.”
Fabiano Leitão Duarte
45 anos, músico, Brasília
Plural e resistente, militância petista é sinônimo de força para o partido
“Quando eu tinha 10 anos, eu ficava nos semáforos com a bandeira do PT panfletando com minha mãe, era o caminho natural das coisas que eu me filiasse um dia. Morei no Japão um tempo e quando voltei, resolvi me filiar. Queria fazer algo na sociedade e percebi que não se muda as coisas sozinho, era importante ter um coletivo, me filiei no período que estava fazendo trabalho social em uma comunidade em Samambaia, cidade satélite aqui de Brasília.
Nesse período do golpe contra Dilma e a prisão do Lula, inclusive, tive duas perdas muito doloridas de dois alunos no contexto de violência, o Júlio e o Evandro. E como eu era um professor de música na periferia, resolvi entrar para a luta com as armas que eu tinha: meu trompete e o ar dos meus pulmões. Quis colaborar assim, nesse sentido, eu invadia os links de transmissões ao vivo da Globo para chamar a atenção para aproveitar a audiência que eles tinham, principalmente no Jornal Nacional.
Somos uma torcida de guerreiros que lutam pelo projeto de país que investe na educação do nosso povo, no trabalho. Temos que continuar com esse projeto, precisamos mudar a desigualdade desse país. Nós somos os verdadeiros patriotas, os que lutam pelo povo.
Na minha opinião, se não fosse o PT, o Brasil já teria sido todo depenado. Acho que o partido é a última barreira para que isso não aconteça, países como os Estados Unidos já teriam roubado todas as nossas riquezas. O PT tem esse papel de defesa do país e do povo brasileiro, e o Lula é um grande símbolo disso. O Brasil precisa muito do partido. O PT é resistência, é vanguarda, é sonho de um Brasil mais justo. Por isso, temos que defender o partido.”
PARABÉNS FERNANDA
Fernanda Magano: ‘Fake news é um problema para o Conselho Nacional de Saúde’
11 de fevereiro de 2025 - Fernanda Otero
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A atual presidente do CNS, Fernanda Magano, explica as ações do Conselho para combater as fake news
Fernanda Magano: ‘Fake news é um problema para o Conselho Nacional de Saúde’
Fernanda Magano em sua posse como presidenta do CNS Foto: Ministério da Saúde
Segunda mulher a ocupar o cargo na história do órgão. Criado em 1937, o CNS é um colegiado deliberativo e permanente do Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde. Com a pasta sendo comandada por uma mulher pela primeira vez, Fernanda destaca a importância desse momento. “É uma felicidade eu ser a segunda mulher a presidir o CNS”, afirma. Eleita com 43 votos favoráveis, dos 44 úteis, ela assume a missão de fortalecer a participação social na formulação das políticas de saúde.
Em entrevista à Focus Brasil, Fernanda ressalta o papel da sociedade na luta contra as fake news, que, segundo ela, representam um desafio urgente. “A informação é essencial, mas precisa ser organizada a partir das bases”, enfatiza.
A presidente também avalia os impactos da recente decisão dos Estados Unidos de se retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que, na sua visão, pode comprometer programas essenciais desenvolvidos globalmente. “Essa decisão revela a dificuldade de garantir o cuidado em meio às grandes crises sanitárias mundiais”, analisa.
Psicóloga há mais de 30 anos, natural de São Paulo, Fernanda tem especialização em Direitos Humanos e Criminologia Social e atuou por três décadas na Saúde do Sistema Prisional Paulista. Atualmente, trabalha na Saúde de Mauá e é dirigente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo (SinPsi) e da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi).
Com trajetória marcada pela defesa da Luta Antimanicomial e do cuidado em liberdade, Fernanda integra a Confederação Nacional de Seguridade Social, a Direção Estadual de São Paulo do Dieese e já atuou em coletivos da CUT-SP voltados para mulheres, saúde e políticas sociais. Além disso, foi conselheira estadual de saúde em São Paulo e participou da mesa de negociação de saúde municipal na capital paulista.
Na conversa a seguir, a nova presidente do CNS fala sobre os desafios da gestão, o impacto da desinformação na saúde pública e a necessidade de ampliar a participação popular no SUS.
Você é a segunda mulher a presidir o Conselho Nacional de Saúde. As mulheres são sempre a maioria tanto nos movimentos sociais quanto nas profissões, mas a gente nunca chega aos cargos de comando. A que você atribui esse fato?
Então, é sempre um desafio… Eu acho que, a partir da tua pergunta, de fato, viemos de um ministério que, com tantos anos de existência, nunca teve uma ministra mulher, agora com a ministra Nísia Trindade, e a felicidade de eu ser a segunda mulher (na presidência CNS). A primeira mulher foi Maria do Socorro de Souza, que era representante de usuários, pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), vinda do movimento sindical, que tem uma trajetória de luta na questão das mulheres. E sim, na pauta da saúde, é uma contradição nunca termos avançado tanto na perspectiva das trabalhadoras de saúde. À medida que, no contingente dos registros do CNES, que é o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde, somos mais de 80% das trabalhadoras de saúde, e essa perspectiva de que, até então, os dois trabalhadores que tinham alçado o cargo de presidência, a partir do momento que passa pela legislação permitindo que haja o processo eleitoral, eram dois homens e farmacêuticos. Então, acho que é uma vitória na perspectiva de ser uma mulher, considerando o contingente de trabalhadoras no universo da saúde. É uma vitória também na perspectiva dos movimentos sociais e uma construção que temos valorizado muito para apontar os caminhos que o SUS ainda tem que trilhar, os enfrentamentos que ainda tem pela frente nas questões de equidade que não são bem resolvidas, no acesso a mais cargos de direção, e também na perspectiva das violências que ainda se sofre na questão de gênero. Todas as profissões de saúde são importantes, e a psicologia, no meu caso, que é a minha formação específica, se destaca em um cenário em que a própria OMS, no Dia Mundial da Saúde Mental, que foi em 10 de outubro, apontou a necessidade de se dar atenção ao cuidado da saúde nos ambientes de trabalho. Com o final da Covid-19, é importante considerar os efeitos e as sequelas que permanecem, tanto os sintomas permanentes da doença, e agora em março, temos uma marca significativa do primeiro caso brasileiro. Estamos procurando trazer esse destaque, mas também enfatizar que os efeitos da pandemia, além das sequelas físicas, afetam as vivências de luto de tantos trabalhadores e trabalhadoras que perdemos, mas também impactam a saúde mental. Portanto, é fundamental não tratar apenas de uma especificidade ou de uma carreira, mas destacar a importância de um olhar para a saúde única. E já incorporo na fala todas as perspectivas de enfrentar as tragédias ambientais e os desastres, e por que não pensar nos crimes ambientais, como foi em Mariana e no Rio Grande do Sul. Assim, é essencial ter uma visão mais global sobre a saúde dentro dos nossos desafios.
Quero voltar um pouco nesse período da pandemia, que tiveram dois momentos marcantes, que foi, do ponto de vista do Conselho, a carta aberta às autoridades brasileiras, e o segundo documento também foi uma Nota Pública que o Conselho lançou, que rebatia o comportamento de Bolsonaro à Covid naquele momento. O que significou essa luta para que houvesse, pelo menos, minimamente, ações de enfrentamento à pandemia?
Acredito que esses dois documentos que você destaca foram fundamentais. Além deles, é importante considerar toda a ação junto ao CNDH, Conselho Nacional de Direitos Humanos, para levar à Procuradoria-Geral da União o conjunto de denúncias e todos os desmandos que ocorreram, as fake news e a falta de acesso à vacinação, visando a criminalização do governo fascista anterior, que não garantiu acesso à saúde. Assim, esses documentos públicos também marcam uma estratégia de comunicação para alcançar a população e tentar romper os abusos gerados pelas fake news, pela questão da cloroquina e pelo desrespeito. Infelizmente, houve uma vinculação com a categoria médica, que esteve muito próxima desses desmandos, autorizando o uso da cloroquina, propagando fake news e cometendo absurdos em detrimento da saúde da população brasileira, desrespeitando o órgão máximo de controle social da saúde, que é o Conselho Nacional de Saúde, além das demais categorias profissionais da saúde, todas alinhadas conosco no Conselho Nacional para realizar um movimento que envolvesse a construção de uma Câmara Técnica específica. Essa câmara seria responsável por acompanhar os desdobramentos, contando com a ajuda do conhecimento e da expertise científica da Fiocruz, para que pudéssemos fundamentar nossas posições na ciência e realizar movimentos de denúncia sobre a situação que estávamos vivendo na sociedade brasileira.
Como é que o Conselho se comporta nos momentos em que temos uma situação como a da dengue, por exemplo, qual é a colaboração do Conselho nessas questões? O que o Conselho tem conseguido realizar para que o Brasil recupere plenamente o seu estado de país que vacina?
Então, é importante ressaltar que procuramos ter um discurso coerente com a nossa prática. No primeiro plano do ano, que ocorreu há duas semanas, em janeiro, fizemos questão de incluir a questão do Departamento de Contingências e Emergências do Ministério, que está tratando de dengue, chikungunya e outras arboviroses, para relatar à população brasileira, no pleno que é transmitido, quais ações estão sendo desenvolvidas passo a passo. Além disso, pleiteamos e conseguimos, dentro desse grupo de enfrentamento às emergências, um espaço para o Conselho Nacional de Saúde opinar, participar e levar a voz do controle social. Assim, está compondo esse grupo o nosso secretário-executivo adjunto, Gustavo Cabral, e o coordenador de uma das nossas comissões de mérito do Conselho Nacional de Saúde, que é a Comissão Intersetorial de Vigilância Sanitária (CIVIS), representada pelo seu coordenador Alex Mota, que é um representante de usuários. Gustavo, sendo farmacêutico, atua para garantir que a voz desses dois importantes pesos, os usuários, que representam 50% do contingente no Conselho Nacional, seja ouvida, assim como a questão do suporte da secretaria-executiva no trâmite desses desdobramentos.
Então, é muito importante dar continuidade à campanha que já criamos anteriormente à Dengue, que é a “Saúde Sem Boato”. O símbolo dessa campanha é o mosquitinho, que foi utilizado para divulgar as ações específicas de enfrentamento, destacando a valorização dos profissionais que estão mais diretamente envolvidos nessa comunicação com a população, como os agentes de combate a endemias e os agentes comunitários de saúde. Além disso, estamos aproveitando para conhecer e divulgar mais a tecnologia desenvolvida pela Fiocruz para o enfrentamento da Dengue, como as armadilhas. Esses movimentos têm o objetivo de promover uma comunicação mais direta e simples, defender os trabalhadores e buscar condições para que a população enfrente essas situações, que já têm causado óbitos, assim como a necessidade de cuidar, nesta perspectiva da saúde, do saneamento urbano e do enfrentamento cotidiano da questão da Dengue.
A informação e as fake news são um problema para o Conselho?
Fake news é, de fato, um problema para o Conselho. Temos investido em uma assessoria de comunicação que produz, de maneira imediata, informações a cada fake news, a cada situação que ataca o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, com o objetivo de esclarecer e trazer informações a partir da verdade. Também estamos nos aproximando de órgãos de comunicação, como vocês, que nos ajudam a disseminar boas notícias e a não propagar informações falsas. Nossa intenção é chegar cada vez mais perto da população e construir canais que alcancem as Unidades Básicas de Saúde. Por essa razão, na 17ª Conferência Nacional de Saúde, foi assinada uma Resolução pela Ministra, a 714/2023, que está disponível em nossos sites, apontando uma campanha pelos conselhos locais de saúde. Acreditamos que a questão da informação é importante e necessária, mas precisa ser organizada a partir das bases. Assim, também lançamos uma websérie, via Conselho Nacional de Saúde, para divulgar o que são esses conselhos locais, quais as suas funções e como estabelecer um bom diálogo com a população. A partir das bases, isso contribui para uma melhoria no sistema de saúde.
A senhora pode falar sobre a 5ª Conferência Nacional da Trabalhadora e do Trabalhador. Qual a importância para a política nacional de saúde desses profissionais?
Talvez valesse a pena fazer um gancho. Tivemos, em dezembro do ano passado, a 4ª Conferência Nacional de Gestão, Trabalho, Educação e Saúde, onde a pauta da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS também foi abordada, assim como a situação daqueles que são terceirizados. Isso se deve à realidade que vivemos no Brasil e ao enfrentamento das situações de violência e assédio relacionadas à saúde dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde. Essa conferência estava ligada a uma secretaria do Ministério, a Sergeti, Secretaria de Gestão e Educação, Trabalho e Saúde. Por outro lado, a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora está vinculada à SVSA, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, trazendo elementos importantes para ampliar o olhar sobre a saúde de todos os trabalhadores e trabalhadoras. O tema da conferência reflete essa abordagem, incidindo diretamente nas iniciativas de divulgação do Sistema Único de Saúde, numa perspectiva de internacionalização, a partir da resolução aprovada que o Brasil apresentou na OMS sobre participação social na saúde. Daí advém o nome da conferência: “O Direito Humano à Saúde”. Então, estamos focando em encaminhar questões relacionadas aos trabalhadores e trabalhadoras, garantindo esse direito, mas também pautando os empregadores públicos e privados e toda a sociedade brasileira, para que possamos assegurar os princípios do cuidado à saúde do trabalhador e da trabalhadora. Isso está alinhado com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e com toda uma rede específica sobre o tema, que é a RENAST, Rede Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, e suas unidades, conhecidas como SERESTS, que são os Centros de Referência à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. São avanços importantes, e essa conferência possui três eixos específicos que foram estabelecidos para uma construção significativa. Nosso objetivo é avançar nas pautas temáticas que foram destacadas na 17ª Conferência Nacional de Saúde, priorizando-as agora nas conferências temáticas.
A gente está falando de quantas pessoas envolvidas…
As conferências temáticas são divididas de acordo com o contingente populacional de cada região do país, e, dessa forma, são eleitos os números de delegados. Há também eleições diretas por meio de conferências livres, mas a temática normalmente reúne um número menor de participantes devido à sua especificidade. A sociedade brasileira está convidada a participar, mas existem números específicos de representação, priorizando principalmente os trabalhadores ligados à Rede Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Em um comparativo, podemos dizer que a 17ª Conferência Nacional de Saúde reuniu quase 6 mil pessoas, incluindo delegados eleitos, convidados, palestrantes, participantes das conferências livres, que foram elevadas à condição de delegados, e também aqueles e aquelas que organizaram as chamadas atividades autogestionadas. Por ser uma conferência temática, o número de participantes está limitado a cerca de 3.600, podendo chegar ao máximo de 4 mil participantes.
Gostaria que a senhora falasse um pouquinho mais dessa participação social em saúde dentro da na OMS.
A Organização Mundial da Saúde realiza sua Assembleia Anual, que já tem data fixa no final de maio e no início de junho de cada ano. A partir de uma aproximação na 76ª Conferência Mundial de Saúde, na qual Fernando Pigatto, que era nosso presidente, foi convidado a participar da delegação oficial da ministra, iniciou-se um diálogo entre países. No final, 27 países se vincularam e um grupo de trabalho foi construído para avançar na elaboração de um texto que foi aprovado na 77ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 2024. Esse texto destaca o exemplo brasileiro do SUS, enfatizando a organização da defesa da saúde pública, da saúde de qualidade e a presença da população à frente desse processo. Assim, há representantes gestores, prestadores de serviços e a presença dos trabalhadores, mas os usuários têm um foco importante de destaque. Após isso, as reuniões continuaram em conjunto com a ISA, o departamento que cuida da perspectiva internacional junto ao Ministério da Saúde, na interlocução com o Conselho Nacional. Em novembro passado, houve a primeira reunião de desdobramento da implementação da resolução, que foi um encontro em que ocorreu uma conferência que não segue exatamente os moldes do Brasil, mas é um momento de ápice da saúde da Tailândia. Nesta reunião, estivemos representados pelo Pigato, juntamente com alguns representantes da assessoria, e a partir desse evento foi criado um grupo focal para definir os próximos passos. Essas resoluções, na perspectiva do direito internacional e da Organização Mundial da Saúde, tornam-se marcos declaratórios significativos; contudo, elas, por si só, não resultam em ações se não forem organizadas pelos países envolvidos, que precisam trazer a resolução para ganhar vida na prática.
O próximo desdobramento é que alguns representantes desses países possam estar presentes conosco na 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que acontecerá em agosto. Além disso, esse grupo de trabalho dará continuidade a uma delegação menor, mas que também contará com a presença de uma delegação brasileira junto aos representantes do Ministério, incluindo a ministra Nísia Trindade e a chefia da delegação, na 78ª Conferência Mundial de Saúde. Esses passos visam reforçar a perspectiva do internacionalismo, dando visibilidade ao nosso Sistema Único de Saúde e levando a muitas regiões do mundo a condição que consideramos tão importante e agora reconhecida internacionalmente, referente à nossa forma de organizar e defender a vida, a democracia e o sistema de saúde brasileiro.
Na contramão desse processo, a gente tem os casos dos Estados Unidos e Argentina se retirando da OMS. Quais os efeitos que se esperam dessas decisões?
Isso apenas demonstra a relação do fascismo presente nas ações desses governos estabelecidos, que, infelizmente, foram eleitos pelo voto e criam uma situação de considerável dificuldade para o cuidado diante das grandes crises mundiais relacionadas à saúde e questões sanitárias. Um ponto crucial é a retirada dos Estados Unidos, sob a administração de Trump, do financiamento da OMS. Com isso, novos diálogos estão se estabelecendo na perspectiva do internacionalismo e há apontamentos sobre a possibilidade de os BRICS pensarem em formas de financiamento. No entanto, existe toda uma conjuntura geopolítica internacional que se configura de maneira diferente e que pode apresentar dificuldades para o prosseguimento dessas iniciativas. Durante a configuração da OMS com o financiamento dos Estados Unidos, tínhamos uma abordagem de saúde que priorizava o Ocidente. Se essa vinculação com os BRICS evoluir, será necessário refletir sobre uma nova configuração da saúde, que leve em conta a relação do financiamento dos BRICS e uma lógica muito mais presente do Oriente. Ainda estamos em uma fase de suposições e elaboração de cenários, mas não há uma resposta clara. Contudo, isso realmente cria uma dificuldade concreta para o bom andamento das ações voltadas ao cuidado com a saúde mundial.
Qual a sua opinião, tanto como psicóloga quanto presidente do Conselho, sobre esses eventos que tem acontecido com a professora Lígia Bahia e a relação do Conselho Federal de Medicina, que tem tomado posições e feito recomendações na contramão da ciência?
Existem alguns elementos importantes a serem considerados. Há um movimento dentro da medicina que se mostra hegemônico em algumas entidades, como o Conselho Federal de Medicina. Por outro lado, temos também médicos e médicas pela democracia, assim como a Associação Brasileira de Ensino Médico, que possuem posições diferentes das do Conselho Federal. Isso é importante destacar, pois pode parecer que há uma animosidade do Conselho Nacional de Saúde em relação a entidades médicas ou à postura dos médicos. É importante dizer que o Conselho Federal de Medicina não compõe o Conselho Nacional de Saúde há algum tempo. Isso se deve ao fato de que temos um fórum específico dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, chamado FENTAS, que é o Fórum de Entidades Nacionais e Trabalhadores da Área da Saúde. Esse fórum aborda questões sob uma perspectiva de saúde coletiva, sem hierarquizar as categorias profissionais. Há pelo menos quatro ou cinco mandatos, a medicina se retirou do fórum porque não aceitava a relação mais fraterna que se constrói dentro dele. No FENTAS, realizamos um rodízio entre as entidades que ocupam as cadeiras do Conselho Nacional de Saúde, tanto na titularidade quanto na primeira e segunda suplência. Nesse contexto, o Conselho Federal de Medicina desejava uma cadeira cativa de titularidade para a medicina, o que levou à sua retirada do Conselho. E faço questão de me alongar mais nesta resposta para enfatizar que, para nós, é fundamental a presença de todas as categorias profissionais no Conselho Nacional de Saúde. Na última eleição, a ABEM, Associação Brasileira de Ensino Médico, foi eleita para uma representação, e os médicos e médicas pela democracia acompanham as ações do fórum e do Conselho. No entanto, por serem uma categorização de especialidades, não podem se eleger para o Conselho. É importante destacar que, durante todo o governo fascista passado, houve um desmonte das perspectivas de valorização da saúde pública. O Conselho Nacional de Saúde ficou à frente de um movimento de resistência, defendendo as vacinas, as ações contra as fake news e a questão do uso da cloroquina, entre outros. A médica Lígia Bahia, uma profissional renomada, ocupou, no mandato anterior, uma posição representando a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência no Conselho Nacional de Saúde. Ela é uma mulher da ciência, que realiza ações significativas em sua universidade, onde mestrado e doutorado buscam defender os princípios da saúde pública. Lígia tem promovido importantes debates sobre os desafios das privatizações, terceirizações e as tensões que permeiam a saúde suplementar. É um absurdo a perseguição a essa médica amplamente reconhecida pelas categorias profissionais de saúde, valorizada pelo seu trabalho e proximidade com o Conselho Nacional de Saúde e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Ela está enfrentando processos que a acusam de difamação, calúnia e pedidos de indenização, em decorrência das declarações que ela fez, as quais, da maneira peculiar que lhe é própria, geraram essas reações. Essa situação é alarmante e reflete a repressão que profissionais da saúde têm enfrentado em um contexto tão desafiador. Mas outras entidades, e até o Conselho Nacional de Saúde, estão alinhadas com as afirmações dela, tanto é que como já mencionei aqui, houve ação junto com o Conselho Nacional de Direitos Humanos, na Procuradoria Geral da União, contra fake news, contra esses abusos que foram feitos pelo governo Bolsonaro, mas com o apoio de algumas das entidades médicas. É lamentável que isso aconteça, o Conselho Nacional não fez nenhuma menção específica à defesa dela enquanto moção, mas as entidades que compõem o Conselho, de diversas ordens, têm feito essas manifestações em apoio. O FEMPB, Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira, com mais de 28 entidades, fez um documento em apoio à Ligia contra esse absurdo que ela está enfrentando, de apoio e solidariedade nesse momento de distorção do que foi dito por ela, distorção de valores e a lamentável condição dessa profissão, que é tão importante e deve ser valorizada como profissão de saúde. Uma postura que vai na contramão de tudo que o Conselho Nacional defende, que o Ministério da Saúde defende merece toda a nossa solidariedade e apoio.
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domingo, 2 de fevereiro de 2025
#BANDIDAGEM
TRE-SP cassa diploma e torna inelegível deputada Carla Zambelli
Decisão diz que ela fez uso indevido dos meios de comunicação
Publicado: 31 Janeiro, 2025 - 09h14 | Última modificação: 31 Janeiro, 2025 - 09h15
Escrito por: Bruno Bocchini , Agência Brasil
Lula Marques, Agência Brasil
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O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou o diploma de deputada federal de Carla Zambelli (PL) e também a tornou inelegível por oito anos a partir do pleito de 2022. A decisão, tomada em sessão realizada nesta quinta-feira (30), ocorreu por maioria de votos (5x2) dos desembargadores.
De acordo com o TRE-SP, a deputada federal cometeu uso indevido dos meios de comunicação e a prática de abuso de poder político. A ação foi proposta pela também deputada federal Sâmia Bomfim (Psol), alegando que Zambelli divulgou informações inverídicas sobre o processo eleitoral de 2022.
Em nota, o TRE-SP afirmou que, de acordo com o voto vencedor, do desembargador Encinas Manfré, relator do processo, a parlamentar fez publicações para provocar o descrédito do sistema eleitoral e a disseminação de fatos inverídicos.
O magistrado destacou publicações da deputada com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral brasileiro, a exemplo da divulgação, pela parlamentar, de uma falsa notícia de manipulação das urnas eletrônicas em Itapeva, no interior do estado.
“Não é demasiado se reconhecer que as condutas da representada alcançaram repercussão e gravidade aptas a influenciar na vontade livre e consciente do eleitor e em prejuízo da isonomia da disputa eleitoral. Portanto, realidades justificadoras da cassação do diploma de deputada federal e da declaração de inelegibilidade, sanções a ela impostas por prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação” disse, em seu voto o desembargador.
A deputada poderá recorrer da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em nota, publicada nas redes sociais, a deputada federal disse que irá ingressar com recursos cabíveis à decisão. “Hoje, o TRE-SP entendeu por anular os votos de 946.244 cidadãos paulistas e cassar meu mandato de deputada federal. Essa decisão não tem efeitos imediatos, e irei continuar representando São Paulo e meus eleitores até o encerramento dos recursos cabíveis”.
A deputada disse ainda que está sendo perseguida politicamente. “Fica claro que a (sic) perseguição política em nosso país, contra os conservadores, é visível como o Sol do meio-dia”.
UM GOVERNO DE MERDA..
Com chuvas cada vez mais frequentes, governo de SP pouco fez para evitar enchentes
Para especialistas, não basta culpar somente a natureza, é preciso uma solução. Prefeito Ricardo Nunes, afirmou que não há o que fazer para deter a força da água na capital nos últimos dias
Publicado: 31 Janeiro, 2025 - 09h19 | Última modificação: 31 Janeiro, 2025 - 09h39
Escrito por: Walber Pinto - CUT Nacional e Laiza Lopes - CUT São Paulo | Editado por: Rosely Rocha
Paulo Pinto | Agência Brasil
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Com os eventos climáticos extremos cada vez frequentes no Brasil, esperava-se que os municípios brasileiros se preparassem melhor para esses fenômenos devastadores. Na capital mais rica do país, São Paulo, pouco se fez para minimizar os impactos da crise climática. O resultado é o uso das redes sociais pela população para mostrar sua indignação com as cenas de destruição, de carros empilhados nas ruas, lama e a dor das famílias que perderam tudo ao terem suas casas invadidas pelas águas.
Especialistas têm afirmado que culpar somente a natureza pelas mudanças climáticas não é a melhor solução, já que o preparo das cidades brasileiras para esse evento ainda é precário.
Em São Paulo, no último dia 24, véspera do aniversário da cidade, moradores viveram um dia de terror após o maior temporal desde 1988, que durou apenas uma hora derrubou muros, arrastou carros, invadiu casas e estações de metrôs e passageiros tiveram que subir no corrimão para não serem levados pela correnteza. Uma pessoa morreu.
Para Rosalina Amorim, secretária nacional de Meio Ambiente da CUT, as tragédias que ocorrem durante os eventos climáticos severos poderiam ser evitadas se não fosse a negligência dos governantes. Ela afirma que medidas simples poderiam salvar vida.
"As mudanças climáticas e os eventos extremos, como enchentes e secas, não são novidade. O que causa indignação é que, apesar dos inúmeros alertas e do histórico de tragédias, os governantes continuam negligenciando a necessidade de prevenção e planejamento urbano”, diz.
A situação ainda tende a piorar se a prefeitura continuar atendendo aos pedidos das construtoras que têm derrubado árvores nas cidades. Nos últimos dois anos foram derrubadas 45 mil árvores na capital, com previsão de plantio de 157 mil mudas, mas como as árvores demoram anos para crescerem, até lá a população sofre com o descaso e as mazelas do desmatamento.
Faltam planos de contigência
Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostram que, de 2.977 cidades de estados que registraram desastres climáticos nos últimos anos, a maioria (60%) não tem planos de risco ou de contingência. O levantamento inclui municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Espírito Santo.
Na Bahia, segundo a pesquisa, de 417 prefeituras, apenas 25 (6%) produziram planos de riscos. No Rio Grande do Sul, de sete municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre atingidos pelas cheias, apenas dois se prepararam.
No ano passado, a tragédia vivida pelos gaúchos matou mais de 180 moradores, deixaram milhares de desabrigados, levaram serviços ao colapso e comprometeram a infraestrutura. O drama deveria ter surtido efeito pedagógico aos gestores municipais, o que não correu até o momento.
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Nunes culpa força da água
O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB-SP), que tem sofrido severas críticas pela falta de investimento contra as enchentes na cidade, disse ao Portal G1 que não havia o que fazer para deter a força da água.
Não é a primeira vez que a cidade vive situações dramáticas como as que ocorreram na semana passada. Em 2024, cinco pessoas morreram no estado e mais de 2 milhões de consumidores ficaram sem energia elétrica depois das fortes chuvas e ventos recorde de 107,6 km/h.
Os volumes excepcionais de chuva costumam servir de desculpa para justificar o despreparo dos gestores, mas na entrevista Nunes não explicou quais as ações e investimentos da prefeitura para minimizar os danos causados pelos temporais.
Expresso minha solidariedade ao povo de São Paulo, que sofre com as enchentes e deslizamentos de terra. O prefeito Ricardo Nunes deve explicações à população sobre o destino dos recursos destinados à prevenção de desastres"
- Rosalina Amorim
SP deixou de investir em verbas contra enchente
Na maior metrópole da América Latina, a falta de investimento e políticas públicas para combater eventos climáticos extremos se traduz nos dados: entre 2021 e 2023 a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), deixou de investir R$ 1,47 bilhão em verbas orçadas para o enfrentamento às enchentes na cidade. Foram R$ 5,65 bilhões orçados pela gestão naquele período.
Dados de uma reportagem da Agência Pública apontam que, em 2024, a prefeitura orçou R$ 63,3 milhões para obras e serviços preventivos em áreas de risco geológico. Do montante, só R$17,2 milhões foram usados até outubro. Obras de caráter emergencial tinham um orçamento de R$ 28 milhões que, depois, foram reduzidos para R$ 10,4 milhões.
Outro dado preocupante é que o plano de riscos de chuva municipal foi finalizado apenas em dezembro de 2024, sendo que é exigido por lei há 10 anos. A secretária de Meio Ambiente da CUT-SP, Solange Ribeiro, traz alguns exemplos de projetos municipais que reforçam o descaso no combate às mudanças climáticas.
“Ricardo Nunes segue a linha de um urbanismo ultrapassado, ineficaz e antiambiental. Isso é o que vemos no projeto do Túnel da Sena Madureira {zona sul da cidade]; na derrubada de 10 mil árvores de uma Área de Preservação Ambiental para ampliação do aterro e construção de um incinerador de lixo em São Mateus [zona leste], entre outras iniciativas destrutivas ao meio ambiente”, pontua a dirigente.
Algumas outras medidas antiambientais ressaltadas por Solange Ribeiro são: a renovação dos contratos de coleta de lixo sem metas de reciclagem, apoio à privatização da Sabesp, a companhia de água do estado, e a venda da cidade para a especulação imobiliária, via revisões do Plano Diretor.
No âmbito estadual, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segue a mesma linha: o orçamento de 2025 para sistemas de drenagem e combate a enchentes sofreu queda. O valor previsto para o ano é de R$314 milhões, uma redução de 15% quando comparado a 2024. O orçamento foi aprovado em dezembro pelos deputados e deputadas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), com 63 votos favoráveis e 22 contrários - sendo a maioria favorável composta pela bancada aliada ao governador.
Para os próximos dias espera-se, infelizmente, mais sofrimento da população. A Defesa Civil do estado de São Paulo emitiu alerta na terça-feira (28) para alagamentos, enchentes e deslizamentos em diversas regiões do estado por causa de chuvas fortes até o próximo domingo (2/2). De acordo com a previsão, as áreas mais afetadas incluem a Grande São Paulo, o Vale do Ribeira, o Vale do Paraíba, o litoral paulista e regiões do interior, onde já foram registrados impactos como enchentes e deslizamentos.
Medida do governo federal para reduzir tragédias
Em dezembro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Complementar 14.750, que aperfeiçoa a Lei 12.608, sobre a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. A legislação determina que municípios e estados adotem medidas para reduzir riscos de desastres. No caso dos estados, elas devem ser atualizadas a cada dois anos.
Com as mudanças climáticas, os eventos extremos ficaram mais severos e frequentes no mundo inteiro. Não há perspectiva de que a situação vai melhorar, já que o planeta está cada vez mais quente.
Segundo especialistas a única solução é se preparar para enfrentar as mudanças climáticas, e isso demanda planejamento.
UM BRASIL EM RECUPERAÇÃO !!!!
Média da taxa anual de desemprego em 2024 fica em 6,6%, o menor índice desde 2012
Taxa de subutilização em 2024 foi de 16,2% - uma queda de 1,1 milhões (-13,2%) frente a 2023; renda também aumentou, mostra pesquisa PNAD Contínua do IBGE
Publicado: 31 Janeiro, 2025 - 09h55 | Última modificação: 31 Janeiro, 2025 - 11h03
Escrito por: IBGE
Roberto Parizotti (Sapão)
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A média anual da taxa de desemprego em 2024 ficou em 6,6%, o menor índice desde 2012, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem a Domicílio (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBHE), divulgada nesta sexta-feira (31).
O resultado representou um recuo de 1,2 % frente à média de 2023 (7,8%). No confronto contra 2019 (11,8%), o recuo é de 5,2%. Frente a 2012, quando a taxa média foi de 7,4%, o recuo foi de 0,8 %.
No último trimestre de 2024 o índice ficou em em 6,2%, estatisticamente estável em relação ao terceiro trimestre do ano (6,4%) e inferior ao observado no último trimestre de 2023 (7,4%).
No ano de 2024, a renda também aumentou. O valor anual do rendimento real habitual foi estimado em R$ 3.225, valor 3,7% maior (R$115) que o estimado para 2023. Frente a 2012, houve um aumento de 10,1%.
O valor anual da massa de rendimento real habitual chegou a R$ 328,6 bilhões, o maior da série, com alta de 6,5% (mais R$ 20,1 bilhões) em relação a 2023. De 2012 a 2024, essa massa de rendimentos cresceu 29,4%.
Ocupados e desocupados
A população desocupada no ano totalizou 7,4 milhões de pessoas em 2024, com queda de 1,1 milhões (-13,2%) frente a 2023.
A população ocupada chegou a 103,3 milhões de pessoas em 2024, batendo o recorde da série histórica, iniciada em 2012, ficando 2,6% acima de 2023. Frente à média de 2012 (89,7 milhões de pessoas), houve aumento de 15,2%.
Em 2024 o nível da ocupação (percentual ocupados na população em idade de trabalhar) foi estimado em 58,6% sendo 1 % a mais que em 2023 (57,6%). Foi o maior nível de ocupação da série histórica, que antes havia sido registrado em 2013 (58,3%).
A estimativa anual da taxa composta de subutilização foi estimada em 16,2%, redução de 1,8 %. em relação a 2023, quando a taxa era estimada em 18,0%. Esse indicador foi de 24,4% em 2019, 15,9% em 2014 e 18,7% em 2012.
A estimativa anual da população subutilizada (19,0 milhões de pessoas em 2024) recuou 8,9% frente a 2023. Apesar da redução, esse contingente está 15,4% acima do menor nível da série, atingido em 2014 (16,5 milhões de pessoas).
A estimativa anual do contingente de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, estimado em 5,1 milhões de pessoas, recuou 6,0% frente ao ano anterior.
Em 2024, a estimativa anual da população desalentada diminuiu 11,2% ante 2023, alcançando 3,3 milhões de pessoas. A maior estimativa para essa população ocorreu em 2021 (5,6 milhões) e a menor, em 2014 (1,6 milhão de desalentados).
O número de empregados com carteira de trabalho aumentou em 2,7% e chegou a 38,7 milhões de pessoas, a média mais alta da série iniciada em 2012.
Já a estimativa anual de empregados sem carteira assinada no setor privado mostrou aumento de 6,0% em 2024 e foi para 14,2 milhões de pessoas. Em relação a 2014, quando a estimativa havia sido de 10,8 milhões de pessoas, o aumento foi de 31,1%.
O número de trabalhadores por conta própria totalizou 26,0 milhões em 2024, alta de 1,9% no ano. Frente a 2012, início da série, quando esse contingente foi o menor da série (20,1 milhões), houve alta de 29,5%.
Em 2024, o número de trabalhadores domésticos caiu 1,5%, alcançando 6,0 milhões de pessoas.
A taxa anual de informalidade passou de 39,2% em 2023 para 39,0% em 2024.
IBGE
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